A coenzima Q10 pode fazer mal para os rins?

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coenzima q10

Com a popularidade da coenzima Q10 aumentando a cada dia, é comum surgirem dúvidas sobre os riscos do seu consumo. Uma dessas indagações é a respeito dos efeitos colaterais nos rins, órgão importante para a atividade harmônica do organismo.

No entanto, encontramos limitações para responder essa pergunta, uma vez que ainda não existem estudos científicos suficientes para apurarmos – inclusive, talvez essa seja a razão dessa incerteza associada aos rins: a falta de literatura disponível no meio acadêmico, que pode gerar inseguranças.

É por isso que, neste texto, seremos investigadores. Vamos descobrir, juntos, o que se sabe sobre a coenzima Q10 na função renal. Nos acompanhe!

 A função dos rins

O rim é um órgão muito importante para o bom funcionamento do organismo humano e, quando sofre alterações estruturais ou em suas funções, pode dar origem a doenças renais, que são classificadas a partir da zona do rim afetada e pela sua duração. Essas patologias tendem a ser mais frequentes em países desenvolvidos e populações mais idosas, sendo que as principais causas envolvem a pressão arterial elevada e a diabetes mellitus, quando descontroladas. (1)

Uma das principais funções do rim é a de regular a composição do plasma sanguíneo, assegurando a estabilidade do volume de sangue e a composição iônica do plasma. Além disso, esse órgão coordena o equilíbrio hídrico pela formação de uma urina mais ou menos diluída e o equilíbrio ácido-base, podendo formar uma urina com pH entre 4,5 e 8 (presente em um indivíduo saudável). (1)

O rim também exerce funções endócrinas ao produzir uma substância que é responsável pelo controle da produção de glóbulos vermelhos (que atua no transporte de oxigênio e gás carbônico pelo corpo). Esse órgão, ainda, é capaz de produzir renina, uma enzima que possibilita a regulação da pressão arterial. (1)

Agora que você já conhece algumas características importantes dos rins, vamos para o nosso próximo tópico, a coenzima Q10, para que depois possamos investigar se a relação entre eles é favorável ou não. Continue a leitura!

coenzima q10

A coenzima Q10 está presente nos rins

A coenzima Q10 é uma molécula orgânica não proteica que é encontrada em praticamente todas as células do corpo humano e participa dos processos de produção de ATP (a principal molécula transportadora de energia nos seres vivos). Por ser essencial a esse processo, órgãos com maior demanda energética, como os rins, apresentam maiores concentrações dessa substância orgânica. (2)

Sendo essencial para a vida, a coenzima Q10, também chamada de Ubiquinona, é uma substância que atua como um poderoso antioxidante e, portanto, previne danos oxidativos causados pelos radicais livres. Em função disso, ela tem sido indicada para tratamento de distúrbios associados ao estresse oxidativo, como os cardíacos, neurológicos, oncológicos e imunológicos. (2,3)

Embora seja sintetizada pelo nosso próprio organismo, a coenzima Q10 também pode ser obtida através da alimentação, sendo que as maiores concentrações dessa substância podem ser encontradas em carnes, aves e peixes. Porém, mesmo contando com as fontes alimentares, não é possível atingir os níveis ideais de Q10 no sangue e tecidos, fazendo com que a suplementação de coenzima Q10 se torne uma alternativa viável. (2)

A produção de coenzima Q10 diminui com a idade, atingindo o seu auge aos 20 anos. Consequentemente, a forma secundária de deficiência dessa substância é observada em diversos tipos de patologias, como a doença renal crônica, por exemplo. (2,3) A seguir, confira alguns benefícios da coenzima Q10:

  • Pode contribuir para o bom funcionamento de todas as células humanas; (3)
  • Pode reduzir o risco de mortalidade por doenças cardíacas e diabetes tipo 2 em idosos; (3)
  • Pode potencializar a formação e manutenção da energia mitocondrial; (3)
  • Pode combater a ação dos radicais livres com o seu potencial antioxidante, retardando o envelhecimento precoce, dentre outras vantagens; (3)
  • Pode realizar um efeito neuroprotetor no cérebro; (3)
  • Pode reduzir o risco de lesão muscular em atletas. (2)

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Afinal, a coenzima Q10 faz mal para os rins?

Considerando a escassez de estudos sobre o tema, sobretudo em humanos, ainda não é possível afirmar com certeza absoluta se a coenzima Q10 pode fazer mal ou não aos rins. No entanto, alguns estudos em animais sugerem uma relação vantajosa entre eles. Veja só:

Ação da coenzima Q10 na função renal após isquemia

 Pesquisadores utilizaram ratos da linhagem Wistar previamente tratados com coenzima Q10 e os submeteram à interrupção do fluxo da artéria renal esquerda por 60 minutos, com o objetivo de induzir uma isquemia renal. Os rins foram estudados imediatamente após a suspensão da irrigação sanguínea, com 24 horas e 7 dias de restabelecimento do fluxo, através da função mitocondrial, renal e da sobrevida. (4)

Os resultados em relação a coenzima Q10 não mostrou ação benéfica dessa molécula na proteção contra a isquemia, porém, nos animais sobreviventes, houve recuperação da função renal e mitocondrial após 7 dias. Isso mostra que a lesão provocada pela interrupção do fluxo da artéria renal de uma hora de duração pode ser revertida após uma semana de restauração do fluxo. (4)

O papel da coenzima Q10 na injúria renal aguda induzida por contraste em diabéticos

O contraste iodado pode ser utilizado em exames de tomografia para realçar diversos órgãos do aparelho digestivo, urinário e entre outros. No entanto, a administração dessa substância nos pacientes pode aumentar a chance de desenvolver nefropatia induzida por contraste iodado, fator de risco para injúria renal aguda ou doença renal crônica (DRC). A hiperglicemia também é um fator que contribui para esse problema nos rins. (5,6,7)

Dito isso, uma pesquisa com ratos Wistar avaliou o papel da coenzima Q10 na função hemodinâmica renal, perfil oxidativo e histologia renal em ratos diabéticos submetidos ao modelo de nefropatia induzida por contraste iodado. Após 4 semanas de experimento, observou-se que a administração de coenzima Q10 atenuou a redução da função renal, preveniu alterações na circulação do sangue renal e reduziu o estresse oxidativo. (7)

Também foi observado que o tratamento com coenzima Q10 preveniu a progressão de danos nos tecidos celulares. Concluindo, a Q10 demonstrou efeito antioxidante na nefropatia induzida por contraste iodado em ratos diabéticos com melhora significativa da função e hemodinâmica renal. (7)

O que podemos concluir?

Se você chegou até aqui na leitura, percebeu a importância dos rins para a nossa vida e como a coenzima Q10 pode contribuir para o tratamento de diversas doenças. Apesar de ainda não terem descobertas aprofundadas na literatura acadêmica sobre a relação entre esses dois elementos no organismo humano, foi possível compreender a relevância da ação antioxidante e mitocondrial da coenzima Q10 para a recuperação de lesões renais.

Vale destacar, ainda, que a administração oral dessa molécula é bem tolerada, sem efeitos adversos graves detectados no uso de longo prazo. A segurança do uso da Q10 foi confirmada em centenas de ensaios clínicos randomizados, em uma ampla gama de distúrbios, como os relacionados ao coração e cérebro. (3)

No entanto, não se esqueça: a ingestão de qualquer substância deve ser recomendada e o acompanhamento médico é essencial. Cuide da sua saúde com responsabilidade!

Fontes:
  1. PAIXÃO, Daniela Filipa Narciso. Consequências da utilização de suplementos proteicos para doença renal. 2020. 66 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Instituto Universitário Egas Muniz, Almada, 2020. Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/35096/1/Paixão_Daniela_Filipa_Narciso.pdf>. Acesso em 17 fev. 2022.
  2. SANTOS, Rogério Leal. 2012. 13 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Habilitação em Medicina Biomolecular). Disponível em: <http://www.medicinacomplementar.com.br/biblioteca/pdfs/Nutrientes/nu-0137.pdf>. Acesso em 17 fev. 2022.
  3. JACOBS, Mônica A. Piazza. Coenzima Q10: Aplicações clínicas. BWS Journal, 2020.
  4. SCHINEIDER, Cássio Antônio Bottene. Análise da função renal e mitocondrial na isquemia renal normotécnica em ratos. Avaliação da ação do coenzima Q 10. 1999. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 1999. Disponível em: <https://repositorio.usp.br/item/001067189>. Acesso em 17 fev. 2022.
  5. NEFROPATIA associada ao contraste renal: considerações atuais. PebMed. Disponível em: <https://pebmed.com.br/nefropatia-associada-ao-contraste-final/>. Acesso em 17 fev. 2022.
  6. Sá, Alexandre Vitor Vieira; SANTOS, Fernando Oliveira; MELO, Maria Ermecília Almeida. Nefropatia induzida por contraste iodado. Revista Científica Hospital Santa Izabel, v. 5, n. 3, 2021. Disponível em: <https://revistacientifica.hospitalsantaizabel.org.br/index.php/RCHSI/article/view/215>. Acesso em 17 fev. 2022.
  7. FERNANDES, Sheila Marques. O papel da Coenzima Q-10 na insuficiência renal aguda induzida por contraste em ratos diabéticos. 2016. 103 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: <https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-19062017-180447/publico/Original_SHEILA_MARQUES_FERNANDES.pdf>. Acesso em 17 fev. 2022.

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