Como a pele pode sofrer os efeitos do estresse e da má alimentação?

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Você já notou alterações na  sua pele quando passou por longos períodos de estresse ou manteve hábitos alimentares ruins? Pois é, tais fatores podem, sim, desencadear efeitos prejudiciais à nossa pele.

A pele é considerada o maior órgão do corpo, revestindo todo o nosso organismo. (1) Por isso, é importante mantê-la sempre saudável e ficar atento às condições que podem prejudicar a saúde da cútis, como o estresse crônico e a má alimentação.

Neste texto, vamos abordar os efeitos que esses dois fatores citados podem ocasionar na pele e apresentar as formas de prevenir o problema.

Algumas informações sobre a pele

A pele é uma estrutura indispensável à vida e representa cerca de 12% do nosso peso corporal. Ela é composta por duas camadas: epiderme e derme. A principal função da epiderme, um tecido epitelial, é a de produzir queratina. A derme, por sua vez, trata-se de um tecido forte e maleável, com propriedades viscoelásticas que realiza o suporte nutricional da epiderme. (1)

O papel fundamental da pele é o de atuar na linha de defesa do organismo contra agentes patológicos. Ao realizar essa ação corretamente, a barreira cutânea (formada por microbiota, água e oleosidade natural) retém a umidade e mantém a pele hidratada, bloqueando a entrada de substâncias alérgicas ou que possam causar doenças. (2,3)

Quando essa proteção não ocorre de forma correta, pode atingir níveis crônicos de inflamação de baixo grau, como também o aumento dos radicais livres, que danificam a pele e aceleram o envelhecimento. (2,3)

Entendendo a importância e função da pele para a nossa saúde, vamos descobrir como o estresse prolongado e a má alimentação podem interferir na vitalidade desse órgão. 

Como o estresse pode afetar a pele?

O estresse é um mecanismo de defesa natural do organismo. Em situações que nos sentimos ameaçados de alguma forma, o corpo reage com uma resposta conhecida como “luta ou fuga”: é quando a frequência cardíaca aumenta, a respiração acelera, os músculos contraem e o nível da pressão arterial sobe. (3,4)

Em pequenas doses, o estresse é necessário e benéfico. Porém, em excesso, ele pode ser prejudicial, se tornando um fator de risco para o surgimento de diversas patologias, inclusive, as que são relacionadas à pele. (4)

Quando o estresse se manifesta, os hormônios adrenalina e cortisol são liberados em alta quantidade. Tais substâncias são capazes de enfraquecer a barreira de defesa da pele, resultando na diminuição da produção de óleos benéficos que auxiliam a mantê-la hidratada. A partir desse momento, a pele começa a “vazar” água, em um processo chamado perda transepidérmica de água. Conforme a água vai evaporando, a pele se mostra cada vez mais seca e comprometida, facilitando o acesso de patógenos às camadas mais profundas da cútis. (2,5)

O alto nível de cortisol pode, ainda, aumentar a oleosidade da pele. Esse hormônio provoca um aumento de estímulo nas glândulas oleosas que ficam mais dilatadas. Consequentemente, os poros ficam mais abertos, a oleosidade toma conta e as acnes começam a surgir. (5)

O excesso de cortisol também tem demonstrado a ação de inibir a produção de colágeno (que previne linhas finas e rugas), ácido hialurônico (mantém a elasticidade da pele) e lipídios saudáveis, como ceramida (ajuda a reter a umidade). (2)

As doenças de pele mais comuns que podem piorar por conta do estresse são: (6) 

  • Dermatite atópica: processo inflamatório que causa lesões avermelhadas na pele que coçam muito e podem descamar.
  • Psoríase: doença inflamatória crônica caracterizada por manchas secas que, geralmente, se formam nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo.
  • Urticária: irritação cutânea que pode surgir de repente em qualquer região do corpo.
  • Vitiligo: redução ou falta de pigmento que dá cor à pele em diversas regiões do corpo, o que faz surgir manchas brancas.

Para prevenir os problemas que podem surgir na pele devido ao estresse crônico, é preciso, primeiramente, definir as causas que provocam essa condição. Depois, se possível, procurar se afastar ou buscar ajuda profissional para lida com a situação. (6,7)

As emoções são importantes fatores em todas as doenças de pele. Então, medidas como dormir bem, fazer terapia, viver momentos de lazer, praticar atividades físicas e manter hobbies saudáveis também são recomendados. (6,7) 

Como a má alimentação pode afetar a pele?

Assim como o estresse é um desencadeador de problemas na pele, a má alimentação também carrega a sua parcela de culpa. Estudos apontam que o consumo de alimentos ricos em gorduras, bebidas e outros itens açucarados, além de leite e derivados, está relacionado ao surgimento significativo de acnes. (8)

Portanto, é preciso sempre buscar o equilíbrio e priorizar boas escolhas alimentares para evitar o surgimento de inflamações na pele. O cuidado com o cardápio é essencial e é sempre bom lembrar que a saúde refletirá no espelho. (8)

Também é importante ficar atento ao consumo de produtos com alto índice glicêmico (IG). O índice gicêmico classifica as fontes de carboidrato de acordo com a velocidade com que a glicose cai na circulação. Biscoitos e bolos produzidos com farinha refinada, refrigerantes e sucos de caixinha são exemplos de produtos com níveis elevados de IG. (8)

O que acontece é que esses alimentos são rapidamente absorvidos no organismo, o que eleva a glicemia. A partir daí, o pâncreas libera ainda mais a insulina para compensar o aumento do açúcar no sangue. Quando esse fenômeno acontece, provoca um desarranjo hormonal, que é capaz de interferir no funcionamento das glândulas sebáceas, intensificando a oleosidade da pele. (8)

Sem contar que o organismo todo é prejudicado por essa desorganização. Então, para equilibrar o índice glicêmico, o ideal é juntar itens de médio ou alto IG com boas fontes de fibras, porque elas diminuem a liberação de açúcar no sangue. Um exemplo é incluir grãos cereais nas receitas. (8)

O segredo, como sempre, está na moderação. Além de alimentos com alto índice glicêmico, é importante evitar o consumo excessivo de laticínios e alimentos fontes de gordura, principalmente o tipo saturado e trans, pois há o perigo de se criar uma resistência à insulina, o hormônio que tira o açúcar da corrente sanguínea. Esse processo pode interferir na atuação de glândulas espalhadas pelas superfícies do corpo, culminando em mais inflamação e produção de sebo. (8)

Quais alimentos e nutrientes inserir na dieta para evitar efeitos prejudiciais à pele?

Alimentos com baixo índice glicêmico: como peixes, legumes, frutos e raízes  da cor laranja (cenoura, abóbora etc.), verduras verde-escuras (brócolis, couve) e frutas cítricas alteram os níveis de testosterona, diminuindo os estoques de glicogênio nas glândulas sebáceas e limitando a secreção de sebo delas, que é controlada por hormônios. (9)

Zinco e vitamina A: um estudo na Suécia apontou que indivíduos com acnes apresentam níveis menores desses dois nutrientes no sangue. Então, garantir o consumo de alimentos ricos em zinco, como frutos do mar, grãos integrais e oleaginosas (castanhas e amêndoas), como também aumentar a ingestão de alimentos ricos em vitamina A, como fígado de gado, salmão, atum, queijos brancos e ovos, também é importante. (9)

Abacate, castanhas e azeite de oliva: um estudo italiano aponta que o consumo desses alimentos pode ser benéfico à pele, pois têm poder contra a acne. (8,10)

Frutas e vegetais no geral: afinal, comer frutas e vegetais deixa a pele com uma aparência melhor. Hortaliças, verduras e grãos fazem muito pela saúde da cútis. Frutas, como uva, mirtilo, açaí, jabuticaba, amora, cereja, também são aliadas à vitalidade cutânea. Caprichar em cenoura, mamão, abóbora e pêssego também são ótimas opções.

Como vimos, a nossa pele desempenha importante função na defesa do nosso organismo. Por isso, é essencial mantê-la sempre saudável.

Para isso, a palavra que precisamos ter em mente é o equilíbrio. Equilíbrio no nosso dia a dia, encontrando maneiras de diminuirmos o estresse na rotina e equilíbrio, também, na alimentação, buscando opções mais saudáveis quando possível.

Fontes:
  1. SOUSA, Suely L. de Moura; COSTA, Wallace Batista da. Abordagem nutricional na prevenção do envelhecimento da pele. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, v. 12, a. 5, e. 8, p. 137-143, 2020. Disponível em: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/nutricao/envelhecimento-da-pele>. Acesso em 27 out. 2021.
  2. LAMOTTE, Sandee. Dicas para combater os efetitos do estresse na pele. CNN Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/sua-pele-sob-estresse-espinhas-rugas-opacidade-e-muito-mais/>. Acesso em 27 out. 2021.
  3. COSTA, Geisa. Afinal, como o estresse pode afetar a pele? Veja Saúde, 2021. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/afinal-como-o-estresse-pode-afetar-a-pele/>. Acesso em 27 out. 2021.
  4. VIDALE, Giulia. Os efetios visíveis do estresse. Veja, 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/saude/os-efeitos-visiveis-do-stress/>. Acesso em 27 out. 2021.
  5. VILARINHO, Adriana. Os efetos do stress da quarentena na saúde da pele e dos cabelos. Veja, 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/letra-de-medico/os-efeitos-do-estresse-da-quarentena-na-saude-da-pele-e-dos-cabelos/>. Acesso em 27 out. 2021.
  6. RIBEIRO, Maiara. Como o estresse afeta a pele? Drauzio Varella. Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/dermatologia/como-o-estresse-afeta-a-pele/>. Acesso em 27 out. 2021.
  7. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta: estresse e ansiedade causados pela quarentena são gatilhos para surgimento ou piora de doenças psicodermatológicas. 2020. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/noticias/sociedade-brasileira-de-dermatologia-alerta-estresse-e-ansiedade-causados-pela-quarentena-sao-gatilhos-para-surgimento-ou-piora-de-doencas-psicodermatologicas/>. Acesso em 27 out. 2021.
  8. PEREIRA, Regina Célia. Quando a dieta dispara a acne. Veja Saúde, 2021. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/medicina/quando-a-dieta-dispara-a-acne/>. Acesso em 27 out. 2021.
  9. DREHMER, Raquel. Alimentação x acne: o que os estudos científicos revelam sobre esta relação. Claudia, 2018. Disponível em: <https://claudia.abril.com.br/saude/alimentacao-x-acne-o-que-estudos-cientificos-revelam-sobre-esta-relacao/>. Acesso em 27 out. 2021.
  10. COMER frutas e vegetais todos os dias melhora a aparência da pele, diz estudo. Veja, 2012. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/saude/comer-frutas-e-vegetais-todos-os-dias-melhora-a-aparencia-da-pele-diz-estudo/>. Acesso em 27 out. 2021.

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