Nos últimos anos, tem havido um interesse crescente em descobrir maneiras para contribuir no tratamento de condições autoimunes, e a doença de lúpus não é exceção.
Uma possível abordagem promissora está relacionada ao consumo de ácidos graxos ômega 3, encontrados em peixes, sementes e óleos. (1)
Neste texto, vamos descobrir a relação entre o ômega 3 e o alívio dos sintomas do lúpus, examinando as evidências científicas e os mecanismos por trás dessa possível conexão.
Lúpus, uma doença imprevisível
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica que pode afetar diversos órgãos e tecidos do corpo. Essa resposta imunológica desregulada pode causar inflamação, que pode ter sérias consequências para diferentes partes do corpo, tornando o lúpus uma condição potencialmente grave. Uma recuperação completa e permanente é rara. (1, 2)
Os sintomas mais frequentes do lúpus incluem perda de cabelo, febre inexplicada, dores musculares, articulações rígidas e doloridas, muitas vezes acompanhadas por inchaço. Além disso, o fenômeno de Raynaud pode causar mudanças nas cores dos pés e das mãos, tornando-os arroxeados ou pálidos em resposta ao frio ou estresse. (3)
Embora a origem das manifestações autoimunes não seja claramente compreendida, alguns estudos têm se concentrado nos fatores ambientais em meio a rápidas mudanças na sociedade. (4)
Entende-se que a interação entre fatores ambientais, hormonais e genéticos desempenha um papel no desenvolvimento do lúpus, resultando em um desequilíbrio na regulação do sistema imunológico. (4)
Quando não tratado adequadamente, o lúpus pode desenvolver diversas complicações nos rins, coração, pulmões, cérebro, vasos sanguíneos e até causar a morte. (3)
Desregulação imune e doenças cardiovasculares
No Brasil, as principais causas de morte em pacientes com lúpus são problemas no sistema respiratório e circulatório. Essas condições são comuns em pacientes com LES e estão ligadas à inflamação causada pela doença. (2)
A inflamação é uma das principais características do lúpus e pode levar a diversas complicações, incluindo doenças cardiovasculares. Pacientes com lúpus, frequentemente, apresentam desregulação imune e altos níveis de proteína C-reativa, que são marcadores de inflamação. (2)
Pacientes com lúpus também podem apresentar problemas no metabolismo das lipoproteínas, o que pode levar a níveis baixos de HDL (colesterol bom) e altos níveis de triglicerídeos. Esses fatores aumentam o risco de aterosclerose, uma doença que pode causar ataques cardíacos e derrames. (2)
Estudos mostram que a suplementação de ômega 3 pode ajudar a reduzir a inflamação e o risco de complicações cardiovasculares em pacientes com lúpus. No entanto, a maioria dos pacientes com lúpus têm uma dieta inadequada, o que pode aumentar os riscos de inflamação, obesidade e diabetes. (2)
Como o ômega 3 pode ajudar com o lúpus?
Pacientes com lúpus precisam ter cuidado com as gorduras que comem. Os medicamentos para lúpus podem causar efeitos colaterais, como inflamação e danos às células do sistema imunológico. O ômega 3 (EPA e DHA) pode ajudar a reduzir a inflamação e proteger as células imunes. (4)
Diversos estudos científicos têm demonstrado os benefícios que a suplementação com ômega 3 pode ter para pacientes com lúpus. Veja só:
- Borges et al. (2017) mostraram que a suplementação com ômega 3, em duas cápsulas por dia, pode reduzir os níveis de marcadores inflamatórios, como a proteína C-reativa, em pacientes com lúpus. (4)
- Um estudo randomizado realizado por Arriens et al. (2015) comparou pacientes com lúpus que receberam ômega 3 com pacientes que receberam placebo. Os pacientes que receberam ômega 3 relataram menos fadiga e apresentaram redução dos marcadores inflamatórios. (4)
- Em 2015, Lozovoy e sua equipe conduziram um estudo com 62 pacientes com lúpus, divididos em um grupo que recebeu suplementos e outro que recebeu um placebo. Eles descobriram que o grupo que tomou os suplementos teve uma diminuição nos sinais de atividade da doença, junto com um aumento nos níveis de uma substância chamada adiponectina e uma redução nos níveis de leptina. Esses resultados sugerem possíveis benefícios para a saúde metabólica e controle do peso entre os pacientes que tomaram os suplementos. (4)
- Um estudo feito por Pestka e sua equipe em 2014, usando ratas com 3 semanas de idade, descobriu que tomar suplementos de ômega 3 pode ajudar a diminuir a quantidade de proteína na urina e as lesões nos rins, quando comparado com ratas que receberam suplementos de óleo de milho ou girassol. Além disso, que o ômega 3 também pode reduzir alguns marcadores do sistema imunológico e da resposta inflamató (2)
Assim, podemos destacar os benefícios do ômega 3 para o lúpus, tais como:
1- Redução da inflamação: os ácidos graxos ômega 3 podem ajudar a reduzir a produção de citocinas inflamatórias, que são moléculas que desempenham um papel importante na patogênese do lúpus. (1)
2- Melhora da função endotelial: a função endotelial é a capacidade das células que revestem os vasos sanguíneos de regular o fluxo sanguíneo. Os ácidos graxos ômega 3 podem ajudar a melhorar a função endotelial, o que pode reduzir o risco de complicações vasculares associadas ao lúpus, como aterosclerose e trombose. (1)
3- Redução do estresse oxidativo: o estresse oxidativo é um desequilíbrio entre os radicais livres e os antioxidantes, que pode danificar as células e tecidos. Os ácidos graxos ômega 3 podem ajudar a reduzir o estresse oxidativo, o que pode proteger as células do lúpus de danos. (1)
Quanto ômega 3 uma pessoa com lúpus deve consumir?
Embora os benefícios dos ácidos graxos ômega 3 no lúpus ainda não sejam completamente compreendidos, a suplementação com ômega 3 pode ser uma estratégia promissora para o tratamento da doença. (1)
No entanto, é importante ressaltar que a suplementação com ômega 3 deve ser realizada sob orientação médica, pois pode interagir com alguns medicamentos. (1)
A recomendação de consumo de ácidos graxos ômega 3 para adultos saudáveis pode ser de 250 mg de EPA e DHA por dia. No entanto, para pacientes com lúpus, a dose recomendada pode ser maior. Um estudo de 2018 sugere que uma dose de 3 g de EPA e DHA por dia pode ser eficaz para contribuir na redução da atividade da doença. (1)
Os ácidos graxos ômega 3 podem ser encontrados em peixes de água fria, como salmão, sardinha, atum e truta, além de em sementes de linhaça, chia e nozes. (1)
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Fontes:
- BORGES, Mariane Curado et. al. Ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e lúpus eritematoso sistêmico: o que sabemos? Rev. Bras. Reumatol., v. 54, n. 6, p. 459-466, 2014. Disponível em: www.scielo.br/j/rbr/a/gHdLgbbpC7zctSwDs5Jt5wL/?format=pdf. Acesso em 23. nov. 2023.
- COSTA, Gabriela Soares da. Influência da dieta no tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES). 2018. 17 f. Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2018. Disponível em: https://repositorio.uniceub.br/jspui/bitstream/235/12626/1/21369040.pdf. Acesso em 23. nov. 2023.
- DIAS, Carolina; VERAS, Katherine Maria de Araújo. Suplementação com ômega-3 e colecalciferol no tratamento de lúpus eritematoso sistêmico: uma revisão integrativa. Revista Científica da UMC, v. 6, n. 2, 2021. Disponível em: http://seer.umc.br/index.php/revistaumc/article/viewFile/1697/1102. Acesso em 23. nov. 2023.
- MOTA, Thainá da Silva. A importância da nutri;cão nas doenças autoimunes e em especial no lúpus eritematoso sistêmico. 2022. 15 f. Artigo científico (Bacharelado em Nutrição) – Faculdade de São Lourenço, São Lourenço, 2022. Disponível em: https://portal.unisepe.com.br/saolourenco/wp-content/uploads/sites/10005/2023/05/A-IMPORTÂNCIA-DA-NUTRIÇÃO-NAS-DOENÇAS-AUTOIMUNES-E.pdf. Acesso em 23. nov. 2023.