O dia mal começou e você já se sente cansado. Talvez, uma boa espreguiçada resolva. Mas aí o dia continua e a falta de disposição e energia persistem, então você não consegue cumprir as tarefas rotineiras com a mesma vontade de sempre e se sente mais fraco até para interagir com as pessoas ao seu redor.
É claro que pode ser só um dia ruim ou menos agitado do que o normal. Afinal, há momentos em que estamos mais animados e outros em que o desejo está em ficar no sofá o tempo todo enquanto vemos um filme na televisão. Porém, quando essa falta de disposição e energia se tornam frequentes, pode ser um sinal de que o seu corpo precisa de atenção. E é justamente sobre esse tema que falaremos hoje!
Os 3 estágios do cansaço
Irritabilidade, falta de concentração, mudanças no apetite e dores de cabeça podem ser sinais de que você está cansado. Para entender melhor os efeitos orgânicos do cansaço, os estudiosos passaram a dividi-lo em três estágios: (1,2)
- Primeiro estágio: é o cansaço em si, um estado de indisposição após um esforço físico, como uma partida de futebol, ou mental, como um exame de vestibular. Em geral, o cansaço tende a desaparecer após uma boa noite de sono. Mas, se no dia seguinte você acordar bem mais cansado, é possível que tenha entrado no segundo estágio, a fadiga. (2)
- Segundo estágio: a fadiga é um dos fenômenos mais comumente vivenciados por todos os seres humanos. De origem de um termo latino, fadiga significa “fazer desabar”. É uma sensação de cansaço pertinente, no qual o sujeito apresenta dificuldade de concentração, irrita-se com facilidade e queixa-se de dores e fraqueza muscular. Quando a fadiga se torna excessiva ou prolongada, é aí que entra a exaustã (2,3)
- Terceiro estágio: do latim, exhaurire, exaustão significa “esvaziar-se”. Quando você se sente exausto é porque passou dos limites. É não ter recursos físicos ou emocionais para sair daquela situação. A exaustão compromete a qualidade de vida e soma prejuízos à saúde. (2)
Agora que você já conhece os 3 estágios do cansaço, vamos trazer algumas sugestões do que pode estar acontecendo com o seu corpo em razão da falta de energia e disposição. Continue a leitura.
A razão pode estar no seu prato
O cansaço, muitas vezes, está associado a excesso de trabalho, cobranças e acúmulo de tarefas, mas a qualidade da alimentação também tem a sua parcela de culpa. Um carro não funciona sem o combustível, o nosso corpo funciona do mesmo jeito. (1)
Por isso, não pule refeições, nem exclua grupos de alimentos ou pratique dietas de emagrecimento muito restritivas. Essas situações fazem com que a ingestão de energia fique abaixo da quantidade que o seu corpo precisa. Quando não estamos adequadamente recarregados, o corpo direciona a pouca quantidade de energia para processos vitais, como o batimento do coração. (1)
É preciso levar em conta, ainda, a qualidade da alimentação. A deficiência de muitas vitaminas e minerais tem como sintoma a sensação de fadiga, já que muitos nutrientes estão associados à produção de energia. Por isso, invista no ferro, vitamina D e B12, além de manter uma alimentação equilibrada que inclua diferentes tipos de frutas, legumes e verduras. (1)
Também não podemos nos esquecer do “vilão” das dietas de emagrecimento, os carboidratos! A exclusão desse macronutriente pode aumentar a sensação de cansaço, principalmente o mental, já que o carboidrato é o preferido pelas células para produzir energia. (1)
Apenas é preciso ter cuidado na hora de comer aquele docinho para evitar o risco de diabetes. Mas os carboidratos presentes em cereais integrais, raízes e tubérculos garantem a disposição sem más consequências, desde que consumido em quantidades equilibradas ao longo do dia. (1)
Síndrome da fadiga crônica
Um outro motivo que pode estar relacionado a sua frequente falta de disposição e energia é a síndrome da fadiga crônica, uma condição imprevisível. Às vezes, desaparece em pouco mais de seis meses, mas pode durar anos, até a vida toda. (4)
Quando o paciente se queixa de mal estar, cansaço excessivo, incapacidade de se concentrar no trabalho ou de executar as tarefas diárias, ele pode ser portador da síndrome da fadiga crônica, uma doença mais frequente em mulheres do que homens. (4)
O problema pode surgir depois de um episódio de resfriado, gripe, sinusite ou outro processo infeccioso. A infecção pode até ir embora, mas deixa sintomas de indisposição, fadiga e fraqueza muscular. As causas para a síndrome ainda são desconhecidas, no entanto, alguns estudos sugerem que a hipoglicemia, anemia, pressão arterial baixa ou viroses misteriosas podem estar relacionadas. (4)
Quanto ao tratamento, as estratégias envolvem o uso de agentes antivirais, analgésicos, ansiolíticos, antidepressivos, antagonistas do cálcio, suplementos de vitaminas e minerais. Ainda, enfatizam a importância de uma abordagem multidisciplinar, da aceitação dos sintomas do paciente e da formação de uma aliança terapêutica com ele. (5)
Síndrome de Burnout
Provavelmente você já deve ter ouvido falar dessa condição, principalmente nos períodos mais intensos da pandemia. A síndrome de burnout é detectada quando o terceiro estágio do cansaço, a exaustão, ocorre no ambiente de trabalho. Segundo a Isma-BR, o burnout atinge cerca de 30% da população economicamente ativa no Brasil. (2)
Muitas pessoas acreditam que passar mais tempo no escritório é sinônimo de produtividade. Mas, se estivessem descansados, seriam capazes de produzir muito mais em menos tempo. O impacto da exaustão influencia a saúde e pode levar a reproduzir hábitos que causam danos ao organismo, como exagerar no uso de estimulantes para permanecer alerta. (2)
Existem pelo menos três sinais para identificar o burnout: queda acentuada na produtividade; apatia e presenteísmo. O profissional não consegue produzir e, apesar de estar fisicamente no emprego, a mente dele se encontra ausente. Desse modo, é fundamental estar sempre alerta nos sinais que o nosso corpo dá. (2)
Anedonia
A anedonia é um dos sintomas mais desafiadores da depressão. Segundo dados da Organização da Saúde (OMS), no Brasil, 5,8% da população já teve um episódio. No mundo, ela afeta 322 milhões de pessoas. (6)
A intensidade da anedonia varia de acordo com a gravidade do transtorno. O paciente pode perder o prazer por uma coisa específica e que sempre gostou muito, como escutar música e comer. Essa condição inibe os comportamentos saudáveis, fundamentais para uma vida plena e feliz. (6)
Na anedonia, a pessoa deixa de se relacionar com os outros, mantendo um isolamento social e passa a ter pensamentos negativos. O que pode acontecer, também, é a indiferença consigo mesma, não tendo apego por nada ou a ninguém. Isso provoca uma sensação de desconexão com o mundo e eleva o risco de suicídio. (6)
Para acompanhar a anedonia – que nunca vem sozinha -, aparece o desânimo, cansaço, fadiga, apatia, diminuição de energia e dificuldade de concentração. É uma questão neurobiológica e está associada à diminuição da atividade no circuito de recompensa no cérebro. O uso de fármacos, terapias e técnicas da medicina integrativa são algumas formas de tratamento. (6)
Estratégias para evitar o cansaço
A seguir, listamos 6 atitudes que dão disposição de sobra: (7)
- Praticar exercícios físicos;
- Dormir bem;
- Ter uma dieta rica em ômega-3 e beber água;
- Respirar ar puro;
- Tirar um cochilo à tarde;
- Arrumar a casa.
Nesta publicação, citamos alguns contextos que podem estar relacionados a falta de disposição e energia, mas vale ressaltar que o diagnóstico correto é realizado apenas por um profissional da saúde qualificado. Se você se sente muito cansado na maior parte do dia – e isso ocorre frequentemente – já passou da hora de ir a uma consulta médica. A disposição nos traz mais felicidade e nos ajuda a conquistar novos espaços. Então, siga em frente e cuide-se.
Fontes:
- WAITZBERG, Dan; LOPES, Natália. Está sentindo cansaço? A razão pode estar no seu prato. Veja Saúde, 2021. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/alimentacao/esta-sentindo-cansaco-a-razao-pode-estar-no-seu-prato/>. Acesso em 07 out. 2022.
- BERNARDO, André. Epidemia de cansaço: o mundo está sem energia. Veja Saúde, 2017. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/o-mundo-esta-cansado/>. Acesso em 07 out. 2022.
- MOTA, Dálete D. C. de Faria; CRUZ, Diná de A. L. Monteiro de; PIMENTA, Cibele a. de Mattos. Fadiga: uma análise do conceito. Acta paul. , v. 18, n. 3, 2005. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ape/a/QCpDw9L3jF8RYJjKsG8LDrL/?lang=pt>. Acesso em 07 out. 2022.
- VARELLA, Drauzio. Síndrome da fadiga crônica. Drauzio Varella, 2011. Disponível em: <https://drauziovarella.uol.com.br/drauzio/artigos/sindrome-da-fadiga-cronica-artigo/>. Acesso em 07 out. 2022.
- ZORZANELLI, Rafela.; VIEIRA, Isabela; RUSSO, Jane Araujo. Diversos nomes para o cansaço: categorias emergentes e sua relação com o mundo do trabalho. Comunicação Saúde Educação, v. 20, n. 56, p. 77-88, 2016. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/icse/a/x95Hz9YkWYrTLSTMRCqFM9L/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em 07 out. 2022.
- TURBIANI, Renata. Incapacidade de sentir prazer, o sintoma muitas vezes ignorado da depressão. BBC News Brasil, 2018. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-45661795>. Acesso em 07 out. 2022.
- BERNARDO, André. Estratégias para evitar o cansaço. Veja Saúde, 2017. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/mente-saudavel/estrategias-para-evitar-o-cansaco/>. Acesso em 07 out. 2022.