Mudança climática, natureza e ser humano: como é essa relação?

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Há muito tempo, o aquecimento global e as mudanças climáticas fazem parte da pauta sobre o meio ambiente com índices preocupantes. Mesmo ouvindo falar muito sobre esse assunto, parece que ainda não aprendemos o quanto estamos diretamente relacionados com números que assustam e alertam sobre os riscos que a vida na Terra está correndo. Vamos entender melhor como a mudança do nosso comportamento em relação ao planeta é crucial para uma virada positiva neste cenário?

A Revolução Industrial e a emissão de gases

Desde a Revolução Industrial, no século XVIII, vimos a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera se multiplicarem. São gases de efeito estufa:(1)

– Dióxido de Carbono CO2): utilizado como referência no assunto aquecimento global, é o gás mais abundante e que é emitido por diversas atividades exercidas pelo homem, como no uso de combustíveis fósseis (gás natural, carvão e petróleo). Desde a era industrial, o montante deste gás na nossa atmosfera aumentou cerca de 35%. (2)

– Metano (CH4): muito encontrado em aterros sanitários, reservatórios de hidrelétricas e lixões, é produzido pela decomposição de matéria orgânica. Além disso, o cultivo de arroz e a criação de gado, também produzem esse gás. O gado?! Sim. A flatulência e o arroto do boi e da vaca produz metano, sabia?

– Óxido Nitroso (N2O): com poder de aquecimento global 310 vezes maior que o dióxido de carbono, ele é resultado de tratamento de dejetos animais, uso de fertilizantes, alguns processos industriais, queima de combustíveis fósseis e outros. (2)

– Hexafluoreto de Enxofre (SF6): isolante térmico e condutor de calor, é o gás com maior poder de aquecimento que existe. Se comparado com o CO2, sua ação no efeito estufa é 23.900 vezes maior! (2)

Aerossóis, refrigeradores, gases de refrigerante, solventes, propulsores e outros produtos também possuem gases de efeito estufa na composição. Portanto, podemos perceber, claramente, que a mão do homem está presente em todos esses exemplos de gases de efeito estufa que citamos. (1,2)

Mas o que é o efeito estufa?

O efeito estufa é um fenômeno natural que possibilita uma temperatura favorável para a existência de vida na Terra. Enquanto hoje, com o efeito estufa, a média de temperatura do planeja é de 15ºC, sem ele, a temperatura média poderia cair para -18ºC. Muito frio, né?

Porém, quando aumentamos a concentração de gases, como os que citamos anteriormente, o efeito estufa também se intensifica, dificultando a saída de calor da Terra para o espaço. E o que isso quer dizer? Que com essa concentração de gases, a temperatura média da Terra aumenta, resultando em mudanças climáticas. (1)

No passado, as mudanças climáticas aconteciam por meio de fenômenos naturais, porém, nos últimos 50 anos, a maior parte da alteração do clima é causada pelos homens. O aquecimento global é a principal evidência das mudanças climáticas.(2)

Os dados sobre o aquecimento global não são nada bons!

 – A temperatura média global de superfície sofreu um aumento de cerca de 0,74ºC nos últimos cem anos. Parece pouco, mas as temperaturas registradas são as maiores dos últimos 500 anos. (2)

– Em um relatório emitido pela ONU, entre 2014 e 2018, o mundo perdeu mais de 26 milhões de hectares de árvores. Se comparado ao período de 2011 a 2013, houve um salto de 43% no índice global de perdas florestais. (3)

– 90% do desmatamento global que aconteceu entre 2001 e 2015 ocorreu em florestas tropicais. A maior parte desse desmatamento é causada pela produção agropecuária (carne, soja e outros exemplos). (3)

– No verão de 2019, foram registradas quase 400 temperaturas recordes no Hemisfério Norte. (4)

– Em 2018, o Brasil ocupou o 14º lugar no ranking de países que mais emitem gases de efeito estufa. Os países que comandam de longe esse pódio são a China e os Estados Unidos. (4,5)

– Há décadas, as geleiras vêm derretendo e diminuindo! De acordo com o Comitê de Auditoria Ambiental do Parlamento do Reino Unido, a menos que as emissões de gases sejam reduzidas, antes de 2050 o Oceano Ártico pode ficar sem gelo no verão. (4)

 

A extinção dos animais

Em toda a história do planeta Terra, sabemos que houve cinco grandes ondas de extinção, como a que acabou com os dinossauros. Cientistas acreditam que estamos vivendo a sexta crise de extinção, porém, diferente das outras cinco, nesta o homem é quase o seu único responsável. (6)

Não é possível dizer quantas espécies estamos perdendo, pois, na verdade, não sabemos quantas existem. Em 2009, mais de uma dezena de novas espécies, entre elas aves e peixes, foram descobertas na Amazônia. Ou seja, ainda continuamos descobrindo novas espécies de vida na Terra. (6)

Porém, infelizmente, estamos perdendo uma grande biodiversidade!

Um relatório da ONU, que contou com a participação de 400 especialistas de, ao menos, 50 países, examinou cinco fatores impulsionadores de mudanças “sem precedentes” na biodiversidade e em ecossistemas nos últimos 50 anos. Foram eles: (7)

  • mudanças no uso da terra e do mar;
  • exploração direta de organismos;
  • mudança climática;
  • poluição;
  • invasão de espécies estrangeiras.

O que foi afirmado neste relatório: (7)

  • 25% das espécies de plantas e de animais estão vulneráveis;
  • 1 milhão de espécies já enfrentam risco de extinção;
  • atualmente, a taxa global de extinção de espécies é, ao menos, dezenas de centenas de vezes maior do que a média ao longo dos últimos 10 milhões de anos;
  • a poluição marinha causada por plásticos aumentou 10x desde 1980! De acordo com o documento, isso afeta, pelo menos, 267 espécies, entre tartarugas, aves e mamíferos marinhos.

O mundo está pegando fogo!

De acordo com dados da Nasa (Agência Espacial dos Estados Unidos) e do Sistema Copernicus, da UE (União Europeia), neste ano, os incêndios na Austrália, no Ártico Siberiano, na costa oeste dos Estados Unidos e no Pantanal brasileiro foram os maiores de todos os tempos em escala e emissões estimadas em 18 anos. (8)

Falando especificamente do Brasil, especialistas dizem que as regiões da Bacia Amazônica e do Pantanal voltaram aos níveis de desmatamento observados pela última vez há uma década. (8)

De acordo com Paulo Moutinho, cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, um hectare de floresta na Amazônia tem 300 espécies de plantas e árvores, já a Califórnia, se compararmos, tem apenas 25. (8)

Nos Estados Unidos as condições secas são as maiores causas dos incêndios. Já no Brasil, eles são causados principalmente pelo desmatamento. (8)

Na savana e pradarias da África, segundo Niels Andela, professor da Escola de Ciências da Terra e do Oceano da Universidade de Cardiff, “a maioria desses incêndios é um processo natural que vem acontecendo há milhares de anos”. Ainda de acordo com ele, “é assim que a vegetação se regenera na região”. (8)

Segundo especialistas, um inverno e uma primavera mais quentes foram parcialmente responsáveis pelos incêndios no Círculo Polar Ártico que, de acordo com o Serviço de Monitoramento da Atmosfera Copernicus, emitiram um recorde de 244 megatoneladas de dióxido de carbono, que corresponde a 35% a mais do que todo o ano de 2019. (8)

E quais são os riscos que estamos correndo com esses incêndios?

São muitos. Eles impactam negativamente na biodiversidade e nos ecossistemas mundiais, além de liberarem uma grande quantidade de dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa, resultando em um planeta mais quente, florestas mais secas e aumentando cada vez mais as chances de mais incêndios florestais. (8)

Com toda essa fumaça, a qualidade do ar também se torna extremamente danosa para a saúde humana. [8]

Precisamos mudar nossos hábitos para fazer a nossa parte!

Com temperaturas subindo, geleiras derretendo e animais desaparecendo, não há dúvidas de que a vida humana também sofre (e muito) com tudo isso. Como pudemos observar diante de todos os dados que colocamos aqui, a maior responsabilidade de todas essas mudanças negativas no clima da Terra é do homem.

É preciso frear essa destruição!

Com certeza, governos precisam encabeçar grandes mudanças, mas nós, indivíduos, também precisamos fazer a nossa parte. Cientistas alegam que é preciso fazer mudanças rápidas, abrangentes e sem precedentes no estilo de vida para evitar danos maiores ao clima e ao meio ambiente.

De acordo com o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), se atitudes não forem tomadas, veremos o nível do mar subir, a temperatura e acidez dos oceanos aumentarem e nossa capacidade de cultivar alimentos sendo ameaçada. (4)

E quais atitudes são recomendadas para essas mudanças no nosso dia a dia?

Ainda de acordo com o IPCC: (4)

  • reduzir o consumo de carne, leite, queijo e manteiga;
  • consumir mais alimentos sazonais de origem local;
  • evitar desperdício de alimentos;
  • andar mais a pé ou de bicicleta;
  • substituir, quando possível, viagens de negócios por videoconferências;
  • exigir bens de consumo com baixo teor de carbono e outros.

Além disso:

  • economize luz e água;
  • adote a coleta seletiva;
  • opte por embalagens reutilizáveis ou recicláveis;
  • consuma de empresas que desenvolvem programas socioambientais.
  • não compre produtos de madeira sem certificação;
  • pratique o consumo consciente: compre somente o que for necessário;
  • utilize spray aerossol sem CFC (clorofluorcarbono);
  • plante árvores!

O que comemos, o que vestimos, o que fazemos e usamos no dia a dia, TUDO tem relação direta com o impacto que causamos ao planeta. As medidas que citamos anteriormente são pequenos exemplos do que pode ser mudado AGORA. Não temos mais tempo para postergar a mudança. O mundo está gritando socorro há anos e nós insistimos em tampar os ouvidos, deixando para que outras pessoas ajam em prol do planeta. Reveja a maneira como você lida com o consumo e como respeita a Terra. Mudar a mentalidade visando um futuro mais saudável e consciente para todos é um caminho sem passagem de volta que precisamos tomar imediatamente!

Entre nessa luta e traga mais pessoas com você numa jornada que vai nos transformar em seres humanos bem melhores!

Juntos podemos frear todo esse mal que anos de inconsciência têm causado na nossa casa chamada Terra.  Não temos um segundo planeta, por isso, é urgente o cuidado com o nosso!

FONTES: 
  1. COCTI/INPE. INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Perguntas Frequentes. Disponível em <http://www.inpe.br/faq/index.php?pai=9>. Acesso em 17 set. 2020.
  1. Joomla. Ministério do Meio Ambiente.Efeito estufa e aquecimento global. Disponível em <https://www.mma.gov.br/informma/item/195-efeito-estufa-e-aquecimento-global>. Acesso em 17 set. 2020.
  1. Mundo perdeu 26 mi de hectares de árvores por ano entre 2014 e 2018. Exame, 2019. Disponível em <https://exame.com/mundo/mundo-perdeu-26-mi-de-hectares-de-arvores-por-ano-entre-2014-e-2018/>. Acesso em 17 set. 2020.
  1. Aquecimento global: 7 gráficos que mostram em que ponto estamos. BBC News Brasil, 2018. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-46424720>. Acesso em 17 set. 2020.
  1. Os 15 países que emitiram mais CO2 nos últimos 20 anos (e em que posição está o Brasil). BBC News Brasil, 2019. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50811386>. Acesso em 17 set. 2020.
  1. WWF. Quantas espécies estamos perdendo? Disponível em <https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/especiais/biodiversidade/quantas_especies_estamos_perdendo/>. Acesso em 17 set. 2020.
  1. Nações Unidas Brasil. Relatório da ONU mostra que 1 milhão de espécies de animais e plantas enfrentam risco de extinção. Disponível em <https://nacoesunidas.org/relatorio-da-onu-mostra-que-1-milhao-de-especies-de-animais-e-plantas-enfrentam-risco-de-extincao/#:~:text=Close%20the%20sidebar-,Relat%C3%B3rio%20da%20ONU%20mostra%20que%201%20milh%C3%A3o%20de%20esp%C3%A9cies%20de,plantas%20enfrentam%20risco%20de%20extin%C3%A7%C3%A3o&text=Um%20duro%20relat%C3%B3rio%20acerca%20do,de%20extin%C3%A7%C3%A3o%20dentro%20de%2>. Acesso em 17 set. 2020.
  1. Incêndios florestais pelo mundo são os maiores ‘em escala de e em emissão de CO2’ em 18 anos. BBC News Brasil, 2020. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-54202546>. Acesso em 28 set. 2020.

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