Qual a relação entre alimentação e psoríase?

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psoríase

Você já ouviu falar em psoríase?

Essa é uma doença de pele muito comum, caracterizada por causar lesões cutâneas e que, na Idade Média era muito confundida com a lepra. Por isso, muitas pessoas, até hoje, acreditam que a psoríase é contagiosa, mas não, ela não é. Trata-se de uma doença inflamatória, crônica e recorrente. (1)

Nesse texto vamos explicar melhor sobre o que é psoríase e a relação dessa doença com a alimentação.

O que é psoríase?

A psoríase é um doença de pele muito comum, mas ainda não existem causas definidas para o surgimento dessa doença; acredita-se que tenha relação com o sistema imunológico, com o meio em que vivemos e, também, com predisposição genética. (2)

Essa é uma condição cíclica, ou seja, os sintomas da psoríase aparecem e desaparecem de tempos em tempos. No geral, apresenta lesões arredondadas, vermelhas e descamativas, que podem aparecer por todo o corpo, mas são muito comuns em cotovelos e joelhos. (2,3)

A psoríase atinge de 2% a 3% da população mundial, principalmente entre os 30 e 40 anos e entre os 50 e 70 anos. Além da predisposição genética, outros fatores podem aumentar as chances de aparecimento da doença. São eles: estresse, obesidade, tempo frio (por ressecar mais a pele), consumo de bebidas alcoólicas e tabagismo. (1,2,4)

Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas os mais comuns são: (1)

  • manchas vermelhas com descamação seca e esbranquiçada;
  • pequenas manchas brancas ou escuras que surgem após as lesões;
  • pele ressecada e rachada, podendo, até, apresentar sangramento;
  • coceira, queimação e dor no local;
  • unhas grossas, descoladas ou com sulcos;
  • inchaço e rigidez nas articulações. 

psoríase

Existe tratamento para psoríase?

Sim, a psoríase tem tratamento!

Primeiro de tudo, é importante sabermos que existem diversos tipos de psoríase, desde a mais comum, que causa placas avermelhadas e secas na pele (conhecida como psoríase em placas ou vulgar) até a mais rara, a psoríase eritodérmica, que causa manchas vermelhas que coçam e/ou ardem intensamente e pode ser desencadeada por queimaduras graves, infecções ou por outro tipo de psoríase que não foi bem cuidada. (2)

Por isso, para cada tipo de psoríase existe um tratamento mais adequado. Além disso, o que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, por isso, o tratamento deve ser sugerido de forma individualizada. (2)

Mas hoje já existem diversos tratamentos disponíveis e, encontrando o mais adequado, o paciente pode mudar a forma de encarar a doença, vivendo sem ou quase sem lesões na pele, independente do tipo e gravidade da doença. (2)

Em casos mais leves, o tratamento pode ser feito com bastante hidratação da pele, utilização de medicamentos tópicos e exposição adequada ao sol. Nos casos em que essas medidas não são suficientes, podem ser indicados outros tipos de tratamentos, como o uso de exposição à luz ultravioleta ou com medicamentos em comprimidos ou injetáveis. (2)

Um estilo de vida saudável, com  alimentação de qualidade, também é uma grande aliada na diminuição da progressão e na melhora da psoríase. (2) E é sobre isso que vamos falar agora. 

Alimentação e psoríase

Sabemos que a qualidade da nossa alimentação interfere positiva ou negativamente na nossa saúde. Obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares são alguns dos exemplos de consequências negativas que podemos ter quando não cuidamos bem da nossa alimentação.

Com a psoríase, isso não é diferente. O padrão alimentar adotado por uma pessoa pode estar relacionado com a psoríase de duas maneiras: como causa das desordens metabólicas ou como tratamento e prevenção da doença. (1)

Alguns estudos analisaram a relação entre nutrição e psoríase. É o caso do estudo de Naldi et al. (1996, apud SOLIS; SABBAG; FRANGELLA, 2013, p. 44) que demonstrou que 316 pacientes com psoríase possuíam consumo de vitaminas e minerais abaixo do recomendado, ou Solis et al. (2012, apud SOLIS; SABBAG; FRANGELLA, 2013, p. 44) que verificaram consumo inadequado de micronutrientes em 34 pacientes. (1)

Outros estudos demonstraram que o controle de peso também melhora os sintomas da psoríase e a qualidade de vida de pessoas que possuem a doença, mostrando que o controle calórico da dieta apresentava melhoras significativas nas lesões da pele e inflamações. Isso acontece porque, a perda e manutenção do peso ajuda a diminuir os marcadores pró-inflamatórios e, já que a psoríase é uma condição com fundo inflamatório, as dietas de baixos indícios calóricos ajudam a controlar os sintomas da doença. (1)

Além disso, acredita-se que a composição da nossa dieta no dia a dia influencia no aumento do estresse oxidativo. Ou seja, uma alimentação rica em gorduras, açúcares, bebidas adocicadas e alimentos refinados e industrializados, combinada com um menor consumo de carboidratos complexos e fibras (que é a dieta mais comum no Brasil), gera estresse oxidativo que, consequentemente, desencadeia processos inflamatórios, como a psoríase. (1)

Existem, ainda, estudos que sugerem que pessoas com psoríase apresentam maior presença de anticorpos associados à doença celíaca e que, por isso, o consumo de alimentos ricos em glúten poderia ter relação com o desenvolvimento da psoríase. Mas ainda são necessários mais  estudos acerca desse assunto. (1)

Linhaça e psoríase

A linhaça é um alimento que oferece diversos benefícios para a saúde, entre eles a melhora da saúde cardiovascular. Isso porque ela é rica em ômega 3, especificamente ácido alfa-linolênico, que pode ser convertido em EPA e DHA no nosso corpo (que também são tipos de ômega 3, excelentes e essenciais para a saúde). (5)

Um pequeno estudo realizado com 30 pacientes em 2011 sugeriu que a suplementação com ácidos graxos ômega 3, como o presente na linhaça, melhorou o resultado de tratamentos convencionais com produtos tópicos em pessoas com psoríase, diminuindo lesões, coceira e descamação da pele. (6)

Ao analisar os esquimós da Groenlândia, Martins et al. (2008, apud SILVEIRA; MOREIRA, 2017) notaram que, apesar de consumirem uma alta quantidade de gordura (como o ômega 3), eles possuíam uma baixa incidência de diversas doenças, como a psoríase e doenças autoimunes. (7)

Alguns autores acreditam, ainda, que a combinação da suplementação de ômega 3 na dieta pode melhorar o quadro clínico de pacientes com psoríase, pois a sua atuação em nosso corpo, de forma bem resumida e simples, seria capaz de proporcionar um efeito anti-inflamatório em diversas situações ao ser absorvido pelo organismo. (1)

Por isso, diversos profissionais estimulam o consumo de ômega 3 com o intuito de diminuir o efeito inflamatórios causado pela psoríase.

Dicas para alimentação de pessoas que possuem psoríase

Visto que diversos estudos demonstram que alterações no padrão alimentar podem desempenhar grande relevância no tratamento da psoríase, separamos algumas orientações que podem ajudar no dia a dia: (1)

  • Controlar o consumo de carboidratos de alto índice glicêmico, dando preferência aos de baixo índice glicêmico, como pães integrais, massas integrais, milho, aveia e cereais integrais;
  • Aumentar o consumo de ácidos graxos poli-instaurados, como o ômega 3;
  • Aumentar o consumo de fibras, que podem ser encontradas em frutas, verduras e hortaliças;
  • Consumir quantidades ideias de vitaminas A (bife de fígado, cenoura, espinafre), C (acerola, laranja, limão), E (manga, mamão papaia, óleo de girassol) e do complexo B (banana, castanhas, abacate);
  • Aumentar o consumo de minerais como selênio (castanha do pará, cogumelos, peixe), potássio (feijão preto, lentilha) e magnésio (abacate, banana, aveia);
  • Ter uma dieta com quantidades equilibradas de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipídios);
  • Evitar o consumo de bebida alcoólica.
Fontes:
  1. SOLIS, Mariana Yazigi; SABBAG, Cid Yazigi; FRANGELLA, Vera Silva. Evidências do impacto da nutrição na psoríase. RASBRAN, a. 5, n. 1, p. 41-51, 2013.
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Psoríase. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/doencas/psoriase-2/>. Acesso em 06 jan. 2022.
  3. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Psoríase tem Tratamento. 2017. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/psoriase-tem-tratamento/>. Acesso em 06 jan. 2022.
  4. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. SBD alerta população a respeito de sinais e sintomas da psoríase e sobre o acesso a medicamentos eficazes contra essa doença. 2021. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/sbd-alerta-populacao-a-respeito-de-sinais-e-sintomas-da-psoriase-e-sobre-o-acesso-a-medicamentos-eficazes-contra-essa-doenca/>. Acesso em 06 jan. 2022.
  5. ALVES, Thiago W. Barbosa et al. Linhaça (Linum usitatissimum L.) como alimento funcional – uma revisão. Anais II CONBRACIS… Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/29402>. Acesso em 06 jan. 2022.
  6. BALBÁS, G. Márquez; REGAÑA, M. Sánchez; MILLET, P. Umbert. Study on the use of omega-3 fatty acids as a therapeutic supplement in treatment of psoriasis. Clin Cosmet Investig Dermatol., v. 4, p. 73-77, 2011. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21760742/>. Acesso em 06 jan. 2022.
  7. SILVEIRA, Deuclides C. S. Rodigures; MOREIRA, Elma Eliane. Esfeitos da utilização do ômega-3 no processo de envelhecimento: uma revisão. Revista Científica FacMais, v. VIII, n. 1, 2017. Disponível em: <https://revistacientifica.facmais.com.br/wp-content/uploads/2017/04/5-EFEITOS-DA-UTILIZA%C3%87%C3%83O-DO-%C3%94MEGA-3-NO-PROCESSO-DE-ENVELHECIMENTO-UMA-REVIS%C3%83O.pdf>. Acesso em 06 jan. 2022.

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