As especiarias têm sido utilizadas desde os tempos pré-históricos. Na prática culinária, elas conferem sabor e aroma a diversos tipos de receitas. Por outro lado, as especiarias podem ser usadas para outros fins, já que as propriedades fitoterápicas desses ingredientes também vêm ganhando destaque no tratamento de várias enfermidades. (1,2)
Neste texto, você vai conhecer os benefícios de um condimento muito conhecido no Brasil: a canela. Ela, com o seu gosto inconfundível, pode oferecer excelentes atributos para a nossa saúde, devido aos seus compostos bioativos. Descubra quais são eles no decorrer desta leitura.
Canela, uma mercadoria preciosa
Nativa da Ásia, precisamente na Indonésia, e com distribuição na Índia, China, Sri Lanka e Austrália, a canela possui grande importância econômica. Os chineses a conheceram por volta de 2.500 a.C. e, para eles, a canela possuía mais valor do que o ouro. Em 1498, com a descoberta do caminho para as Índias, a canela passou a ser produzida em abundância e começou a se espalhar pelo mundo. (3,4)
Pertencente à espécie do gênero Cinnamomum (família Lauraceae), a palavra canela deriva do grego e significa “madeira doce”. Atualmente, são descritas cerca de 250 espécies de canela, mas a mais amplamente utilizada é a Cinnamomum Verum, geralmente chamada de “canela verdadeira” ou “canela de ceilão”. (2,5)
Além da tão conhecida canela em pó, uma das formas de usufruir das propriedades terapêuticas da canela é a partir do extrato de óleo essencial, não somente pelo cheiro agradável, mas também pelos nutrientes presentes, além da proteção contra os processos de oxidação e deterioração por microrganismos. (6)
Os compostos bioativos da canela
A canela possui uma série de componentes bioativos capazes de trazer benefícios para o funcionamento do organismo, como o cinamaldeído, cinamato, cinomil-acetato, b-cariofileno, o eugenol e os polifenóis (asrutina, catequina, quercetina, entre outros). Dentre eles, os principais são o cinamaldeído, ácido cinâmico e o cinamato. (5,7)
Cerca de 60 a 75% da composição do óleo essencial da canela é de cinamaldeído, utilizado popularmente na indústria para produção de balas, doces, bebidas em geral e medicamentos. Sendo a principal substância ativa da canela, ele é responsável pela maior parte da ação farmacológica da planta, como também pela cor, odor e sabor característicos.(2,8)
Ao cinamaldeído, associa-se um papel promissor no tratamento de doenças metabólicas, microbianas, inflamatórias, cardíacas, entre outras. Podemos, portanto, concluir que a canela faz bem para a saúde, certo?! No próximo tópico, você vai descobrir os principais benefícios da canela!
5 benefícios da canela
1 – Fortalecer o sistema imunológico
Estudos sugerem que a atividade farmacológica do cinamaldeído está ligada a regulação de diversas vias importantes para a implantação e evolução de doenças, favorecendo uma melhor resposta do hospedeiro no que diz respeito às defesas naturais do organismo. Portanto, isso contribui para o fortalecimento do sistema imune, evitando danos teciduais durante um processo inflamatório ao ativar as vias de sinalização. (2)
2 – Proteção contra bactérias
O efeito antimicrobiano da canela se dá pela excelente ação do cinamaldeído. Esse composto pode inibir o crescimento de bactérias por meio de um mecanismo onde ele causa danos significativos às células bacterianas apresentando, assim, um importante potencial bactericida. (8)
3 – Combater radicais livres
Em um ensaio clínico realizado pela Universidade de Ciências Médicas de Arak, no Irã, com 54 mulheres de 18 a 25 anos que tomaram chá de canela por 20 dias, foi identificado um aumento da capacidade total antioxidante e decréscimo da peroxidação lipídica. Sendo assim, indivíduos que têm doenças relacionadas ao estresse oxidativo podem se beneficiar com o uso fitoterápico da canela, uma vez que ela apresenta significativa ação antioxidante em seres humanos. (4)
4 – Tratar o mau hálito
O uso de soluções rápidas de ação antibacteriana para conter a halitose inibem o crescimento bacteriano temporariamente, proporcionando apenas um efeito máscara e não um efeito terapêutico. Por isso, o óleo essencial da canela vem ganhando evidência, já que ele têm demonstrado ser capaz de inibir a formação dos principais compostos produtores de mau hálito, apresentando um poder terapêutico. (9)
5 – Controlar a diabetes
Em pessoas com Diabetes Mellitus tipo 2, o consumo de canela se mostra promissor, pois ela pode contribuir para a redução de marcadores clínicos e bioquímicos que resultam em um efeito hipoglicemiante (ou seja, que ajuda no controle dos níveis de açúcar no sangue). (7) Além disso, os polifenóis encontrados na canela podem diminuir o risco de fatores associados à diabetes e doenças cardiovasculares. (4)
Como vimos, os efeitos anti-inflamatórios, antimicrobianos e antioxidantes da canela podem gerar uma série de benefícios para o organismo, que atua desde o combate ao mau hálito até o controle de diabetes. Alguns estudos também indicam que a canela pode ser eficaz para tratar resfriados, espasmos musculares, artrites e gastrites. (10)
Apesar de todas informações referenciadas nesta publicação, a adição de qualquer novo elemento na sua alimentação deve ser prescrita por um profissional da saúde qualificado. Afinal, o consumo em excesso não é ideal para o organismo. Quem ama se cuida!
Fontes:
- BINATTI, Tairine Tamara; GEROMEL, Mairto Roberis; FAZIO, Maria Luiza Silva. Ação antimicrobiana de especiarias sobre o desenvolvimento bacteriano. Higiene Alimentar, v. 30, n. 260/261, p. 105-108, 2016. Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2016/11/2786/260-261-sitecompressed-105-108.pdf>. Acesso em: 9 fev. 2023.
- SOUSA, Thallyson José Dourado de et. al. Potencial farmacológico do óleo essencial de canela. In: XXIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XIX Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e IX Encontro de Iniciação à Docência, São José dos Campos. Anais eletrônicos… São José dos Campos: UNIVAP. Disponível em: <http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2019/anais/arquivos/RE_0292_1113_01.pdf
- SANTOS, Luana F. de Andrade; PINA, Joelma Coelho. Cultivo e estudo farmacológico da canela. In: Seminários Pesquisar, 6, 2018, Goiânia. Anais eletrônicos… Goiânia: Faculdade Alfredo Nasser, 2018. Disponível em: <http://www.faculdadealfredonasser.edu.br/files/Pesquisar_6/11-04-2018-15.38.35.pdf
- ZANARDO, V.P.S., RAMBO, D.F., SCHWANKE, C.H.A. Canela (Cinnamomum sp) e seu efeito nos componentes na síndrome metabólica. Perspectiva, v. 38, e. especial, p.39-48, Erechim, 2014. Disponível em: <https://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/1002_407.pdf
- SILVA, Ana Luiza S. da Costa. Efeitos da suplementação com canela (Cinammomum verum) sobre parâmetros endócrino-metabólicos em mulheres na pós-menopausa com sobrepeso ou obesidade. 2018. 62 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biomédicas) – Instituto Biomédico, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018. Disponível em: <https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/6711/Disseretação%20de%20Mestrado%20-%20Ana%20Luiza%20Sant%20Anna%20da%20Costa%20Silva.pdf?sequence=1&isAllowed=y
- ANDRADE, Milene Aparecida et. al. Óleos essenciais de Cymbopogon nardus, Cinnamomum zeylanicum e Zingiber officinale: composição, atividades antioxidante e antibacteriana. Revista Ciência Agronômica, v. 43, n. 2, p. 399-408, Fortaleza, 2012. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rca/a/BwBhC5BshjJswWT3VW4Wfnc/?format=pdf&lang=pt
- BRITO, Jemina de S. Sena. Adição da canela como alimento hipoglicemiante no tratamento de Diabetes Mellitus tipo 2: uma revisão integrativa. Revista Mundo Acadêmico, v. 16, n. 21, p. 6-25, 2022. Disponível em: <https://multivix.edu.br/wp-content/uploads/2022/04/revista-mundo-academico-v16-n21-artigo01.pdf
- SOUSA, Thalles Mateus; FERNANDES, Beatriz da S.; ORSATTO, Cleidiane dos Santos. Efeito antimicrobiano do cimaldeído, principal componente dos óleos essenciais da canela: uma revisão da literatura. In: Simpósio do Núcleo de Atenção Interdisciplinar em Doenças Crônicas, 1, 2022, Ariquemes. Anais eletrônicos… Ariquemes: FAEMA, 2022. Disponível em: <https://revista.faema.edu.br/index.php/Revista-FAEMA/article/view/1069/976
- ASCENSO, Mafalda Pires. Estudo comparativo de um colutório de cloro-hexidina e dois colutórios de canela, no controlo e redução de halitose, aplicado nos estudantes do 5º ano de medicina dentária do Instituto Superior de Ciências da Saúde. 2015. 80 f. Tese (Mestrado em Medicina Dentária) – Instituto Superior de Ciências da Saúde Egas Moniz, Almada, 2015. Disponível em: <https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/11798/1/Ascenso_Mafalda%20Pires.pdf
- LIRA NETO, José Claudio Garcia. Análise da eficácia da canela (Cinnamomum verum) na redução dos níveis glicêmicos de pessoas com diabetes mellitus tipo 2: ensaio clínico aleatorizado. 2020. 166 f. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Faculdade de Farmácia, Odontologia e Enfermagem, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2020.