Ômega 3: conheça os benefícios desse ácido graxo na saúde da mulher

O universo feminino é cheio de particularidades e quanto mais nos aprofundamos nele, mais percebemos o quanto ele pode ser complexo e doce ao mesmo tempo.

A saúde, parte essencial para uma vida plena e feliz em qualquer ser humano, na mulher, também deve ser abordada de uma maneira cuidadosa e analisando todos os fatores associados ao organismo feminino.

Não é nenhuma novidade que, quando estamos falando de saúde, a alimentação se torna um personagem importante nesta pauta e é sobre ela e, especificamente, sobre o papel do ômega 3 na saúde da mulher que vamos conversar com você hoje.

Antes de tudo, um resumo muito breve sobre quem são os ácidos graxos e sua relação com as inflamações no organismo:

Os ácidos graxos são substâncias que fazem parte da estrutura de membranas celulares, participando de funções energéticas e metabólicas, além de formarem hormônios e sais biliares. (1)

Todos os ômegas são considerados ácidos graxos, mas existem os que o nosso organismo é capaz de produzir e os que ele não produz. Os famosos ácidos graxos essenciais conhecidos como ômegas 3 e ômega 6, são exemplos dos que nosso corpo não produz e, por isso, devemos obtê-los através dos alimentos. (1)

Como falamos, ambos são essenciais para o nosso organismo, mas é preciso atenção na quantidade de cada um que ingerimos. A ação do ômega 3 está relacionada com a prevenção de doenças inflamatórias. Já o ômega 6 tem um importante papel no bom funcionamento do sistema imunológico. Porém, quando está em excesso ou em desbalanço com o ômega 3, pode apresentar ação pró inflamatória. Por isso, o ideal seria uma proporção de ômega 6: ômega 3 de 1 a 2:1. Porém, nas dietas ocidentais essa proporção pode chegar a 50:1. Ou seja, muito mais agentes inflamatórios (ômega 6) do que anti-inflamatórios (ômega 3). (2)

Agora, vamos entender como o ômega 3 atua em benefício de aspectos específicos do organismo feminino?

Ômega 3 e a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP):

Essa síndrome se trata de um distúrbio que interfere no processo de ovulação da mulher devido a um desequilíbrio hormonal, resultando na formação de cistos que mostram níveis de androgênios aumentados e a mulher pode desenvolver sintomas, como: o aumento de pelos, queda de cabelo excessiva, manchas na pele, espinhas, menstruação irregular e, até, infertilidade. (3)

Estima-se que 20% das mulheres em fase reprodutiva sejam afetadas por essa doença. Dieta e atividade física têm papel fundamental no tratamento dessa síndrome.

O ômega 3 ácidos graxos de cadeia longa EPA (ácido eicosapentaenoico) e o DHA (ácido docosahexaenoico) é um dos suplementos que podem funcionar e trazer benefícios no tratamento dessa doença. (3)

Recomenda-se o consumo de alimentos com elevado teor de ácidos graxos poli-insaturados para mulheres com SOP, pois eles podem melhorar a ação da insulina, diminuindo sua secreção pelo pâncreas. O aumento da ingestão de ácidos graxos também está associado com a diminuição de marcadores inflamatórios, melhorando características metabólicas e endócrinas nessas mulheres. (3)

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Ômega 3 e o câncer de mama

Estudos indicam que a ingestão do ômega 3 pode evitar a formação desse tipo de câncer, assim como metástase. Em países com maior consumo desse ácido graxo, como os asiáticos, já são notadas menores taxas de incidência de neoplasia mamária (4)

Um estudo caso-controle realizado com 87 mulheres com câncer de mama e 100 mulheres controles selecionadas do Hospital Geral de Fortaleza demonstrou que as pacientes com câncer apresentavam maior perfil inflamatório e maior concentração de parâmetros de estresse oxidativo do que as mulheres que não possuíam a doença, além de apresentarem menores concentrações de ômega 3 e seus derivados e maiores concentrações de ômega 6. Analisando o conteúdo plasmático e eritrocitário de ambos ácidos graxos e os tamanhos dos tumores, conclui-se que o consumo de alimentos ricos em ômega 3 e a redução de alimentos fonte de ômega 6 podem favorecer as mulheres com diagnóstico de câncer de mama, atuando na redução progressiva da doença por meio da modulação da inflamação e do estresse oxidativo. (5)

Ômega 3 e TPM

Que mulher nunca sentiu os sintomas da tensão pré-menstrual, não é mesmo?

De acordo com um estudo publicado no jornal Complementary Therapies in Medicine, realizado com 184 mulheres que sofriam de TPM, o consumo do ômega 3 pode ajudar a diminuir os efeitos mentais e físicos da síndrome, como ansiedade, irritação, depressão, sensação de inchaço, dor de cabeça e sensibilidade nos seios. Nesse experimento, as mulheres que receberam 2g de ômega 3 rico em EPA e DHA apresentaram sinais mais brandos dos sintomas comuns na TPM do que mulheres que receberam o placebo. (6)

Por isso, incluir alimentos ricos em ácidos graxos ômega 3 na dieta pode ser uma ótima alternativa para estimular a produção de prostaglandinas (sinais químicos celulares similares a hormônicos) e, assim, aliviar os sintomas da TPM. (7)

Ômega 3 e menopausa

Cerca de 30% das mulheres com mais de 50 anos, no período da menopausa, apresenta sinais de síndrome metabólica, que é um conjunto de fatores de riscos que incluem obesidade abdominal, dislipidemia, hipertensão arterial e disglicemia e que aumenta em até três vezes o risco de morbimortalidade por doenças cardiovasculares. (8)

Os fatores inflamatórios produzidos pelo tecido adiposo, presente na obesidade abdominal característico desse período, induzem a resistência insulínica. E isso, somado ao acúmulo de gordura, contribui no aparecimento das alterações envolvidas com essa síndrome, como o aumento da concentração de triglicerídeos, redução do HDL, elevação da glicemia e da insulinemia. (8)

Por meio de um estudo envolvendo 87 mulheres na pós-menopausa suplementadas com 900mg/dia de ômega 3, foi observado que essa suplementação gerou redução de triglicerídeos e da pressão arterial e melhora na resistência a insulina, com benefício sobre o estado inflamatório. Um alerta para a importância de mudanças nos hábitos alimentares e no estilo de vida dessas mulheres. (9)

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O poder das lignanas na saúde feminina

O ômega 3 têm sido um nutriente amplamente estudado por suas funções nutricionais. A semente de linhaça, há muito tempo, é reconhecida como um alimento rico em fibras e ômega 3 e, por isso, muito pesquisado. Porém, um constituinte de sua composição tem chamado a atenção por seu papel anti-inflamatório e antioxidantes: as lignanas. (10)

Elas são fitoestrógenos que estão presentes nas paredes celulares dos vegetais e que têm ação anticarcinogênicas e antioxidantes e por serem semelhantes ao estrogênio, hormônios sexuais femininos, esses fitoestrógenos se relacionam positivamente com a menopausa e o câncer de mama. (11)

É essencial que, cada vez mais, as mulheres tenham acesso à informações tão relevantes para sua saúde e, como podemos constatar, o ômega 3 é, de fato, um componente indispensável neste quesito.

É importante reforçar que a suplementação de qualquer nutriente deve ser indicada por um profissional da saúde.

Caso o ômega 3 seja prescrito a você, é de extrema importância que o produto seja escolhido com muito cuidado, levando em consideração a concentração desse ácido graxo, se não possui metais pesados e se sua pureza é garantida.

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FONTES:
  1. SILVA, Deila Regina Bentes da; MIRANDA JUNIOR, Paulo Fernando; SOARES, Eliane de Abreu. A importância dos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa na gestação e lactação.Rev. Bras. Saude Mater. Infant., Recife,  v. 7, n. 2, p. 123-133,  2007.   Disponível em<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292007000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 28 set. 2020
  2. CERQUEIRA, Sara R. Peixoto. Os ácidos gordos ómega-3 os seus efeitos anti-inflamatórios. 2013. 66 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013. Disponível em <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4162/1/Os%20%C3%A1cidos%20gordos%20%C3%B3mega-3%20e%20os%20seus%20efeitos%20anti-inflamat%C3%B3rios.pdf>. Acesso em 28 set. 2020.
  3. SANTOS, Thaís Silva et al. Aspectos nutricionais e manejo alimentar em mulheres com síndrome dos ovários policísticos. Revista Saúde em Foco, n. 11, p. 649-670, 2019. Disponível em <https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2019/06/058_ASPECTOS-NUTRICIONAIS-E-MANEJO-ALIMENTAR-EM-MULHERES-COM-S%C3%8DNDROME-DOS-OV%C3%81RIOS-POLIC%C3%8DSTICOS_649_a_670.pdf>. Acesso em 07 out. 2020.
  4. PADILHA, Patricia de Carvalho; PINHEIRO, Rosilene de Lima. O papel dos alimentos funcionais na prevenção e controle do câncer de mama. Revista Brasileira de Cancerologia, v. 50, n. 3, p. 251-260, 2004. Disponível em <http://www1.inca.gov.br/rbc/n_50/v03/pdf/REVISAO3.pdf>. Acesso em 28 set. 2020.
  5. ARAÚJO, Bruno A. Dantas de. Associação dos ácidos graxos poli-insaturados da série omega-3 com parâmetros inflamatórios e estresse oxidative em mulheres com câncer de mama: impacto do estadiamento clínico. 2019, 94 f. Dissertação ( Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/89/89131/tde-02102019-162057/publico/Bruno_Aparecido_Dantas_de_Araujo_ME_Corrigida.pdf>. Acesso em 28 set. 2020.
  6. SOHRABI, Nahid et al. Evaluation of the effect of omega-3 fatty acids in the treatment of premenstural syndrome: “A pilot trial”. Complementary Therapies in Medicine, v. 21, p. 141-146. Disponível em <https://www.omega3galil.com/wp-content/uploads/2013/10/omega-3-and-PMS.pdf>. Acesso em 28 set. 2020.
  7. LÓPEZ, Lucía Mendez. Aspectos nutricionais e metabólicos na tensão pré-menstrual. 2013, 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013. Disponível em <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/77278/000896340.pdf?sequence=1>. Acesso em 28 set. 2020.
  8. TARDIVO, Ana Paula. Efeito da dieta e da suplementação de ômega 3 sobre os marcadores metabólicos e inflamatórios em mulheres na pós-menopausa com síndrome metabólica. 2013, 118f. Tese (Doutorado em Tocoginecologia) – Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, Botucatu, 2013. Disponível em <https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/106382/tardivo_ap_dr_botfm.pdf?sequence=1&isAllowed=y>. Acesso em 28 set. 2020.
  9. VASCONCELOS, Letícia Garcia et al. Insufficient intake of alpha-linolenic fatty acid (18:3n-3) during pregnancy and associated factors.Rev. Nutr., Campinas, v. 30, n. 4, p. 443-453, 2017. Disponível em <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732017000400443&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 28 set. 2020.
  10. CASSANI, Roberta S. Lara. Linhaça e lignanas: efeito do consumo sobre indicadores nutricionais e inflamatórios. 2009, 215 f. Tese (Doutorado em Investigação Biomédica) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, 2009. Disponível em <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17138/tde-04042012-125620/publico/TD.pdf>. Acesso em 28 set. 2020.
  11. MARQUES, Anne y Castro. Propriedades funcionais da linhaça (Linum usitatissimum L.) em diferentes condições de preparo e uso em alimentos. 2008. 115 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) – Cento de Ciências Rurais, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2008. Disponível em <https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/5656/ANNEYCASTROMARQUES.pdf>. Acesso em 07 out. 2020.

 

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