O jejum intermitente é benéfico ou não? Descubra aqui.

Nos últimos anos, o jejum intermitente tem ganhado popularidade como uma abordagem de saúde e perda de peso. Algumas pessoas afirmam que o jejum intermitente traz benefícios para o corpo e a mente. No entanto, outras levantam preocupações sobre os possíveis riscos e efeitos colaterais dessa prática.

Neste texto, vamos explorar o jejum intermitente, analisar suas vantagens e desvantagens e fornecer uma visão geral das evidências científicas disponíveis. Com uma análise equilibrada, ajudaremos você a entender se o jejum intermitente é benéfico para sua saúde. Vamos lá?

O que é jejum intermitente?

O jejum intermitente é um padrão alimentar em que existem algumas janelas de alimentação. Resumidamente: a pessoa decide ficar sem comer por um período de tempo, intercalado com períodos de alimentação normal. Existem diferentes formas de jejum intermitente, como restrição em dias alternados, jejum de um dia inteiro ou jejum com limite de tempo. ⁽¹⁾

Esse padrão alimentar se tornou muito popular nos últimos anos, embora seja uma prática antiga adotada por diferentes grupos religiosos, como budistas, cristãos, muçulmanos e hindus. Recentemente, os nutricionistas também têm recomendado o jejum intermitente como uma abordagem de saúde. ⁽¹⁾

Ações do jejum no organismo

Nosso corpo é capaz de passar longos períodos sem comer graças à sua habilidade de se adaptar. Quando ficamos em jejum, nosso organismo diminui o metabolismo e usa as reservas de energia para suprir as necessidades do corpo. ⁽²⁾

Durante o jejum, nosso corpo ativa o sistema nervoso parassimpático, que afeta órgãos como intestino, coração e artérias. Isso leva a um aumento da atividade intestinal, diminuição dos batimentos cardíacos e redução da pressão arterial. ⁽²⁾

Quando ficamos sem comer por cerca de 12 a 24 horas, nosso fígado começa a usar as reservas de glicose armazenadas, chamadas de glicogênio. Isso estimula a quebra de gorduras para obter energia, resultando na perda de peso. ⁽²⁾

Potenciais vantagens do jejum intermitente

Quando o jejum intermitente é feito com o suporte de um profissional de saúde e uma alimentação adequada durante os períodos de alimentação, as limitadas evidências científicas sugerem os seguintes benefícios: ⁽³⁾

• Queima de gordura e consequente perda de peso;
• Redução do Índice de Massa Corporal (IMC);
• Redução da circunferência da cintura;
• Redução nos níveis de concentração do colesterol total, LDL e triglicerídeos;
• Alterações nos indicadores hematológicos, glicemia, insulina e resistência à insulina;
• Correção de anormalidades metabólicas, como a obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, câncer e doenças neurodegenerativas;
• Diminuição do risco de desenvolvimento de enfermidades;
• Aumento da longevidade.

Potenciais desvantagens do jejum intermitente

Um dos benefícios que ainda não citamos sobre o jejum intermitente é a sua capacidade de reduzir a ansiedade e o seu efeito antidepressivo. Porém, um estudo inédito no Brasil e no mundo – realizado pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – destacou que essa “dieta da moda” pode danificar células intestinais e cerebrais. ⁽⁵⁾

A seguir, confira algumas considerações desfavoráveis ao jejum intermitente: ⁽¹⁾

• As recomendações de restrição alimentar podem fazer com que algumas pessoas tenham episódios de compulsão alimentar nos dias em que podem comer normalmente;
• A obesidade e outras doenças crônicas estão relacionadas, principalmente, a um estilo de vida pouco saudável. O tempo e a frequência das refeições não são fatores tão importantes nesse contexto.
• A troca de alimentos naturais por aqueles ultraprocessados são os principais responsáveis pelo ganho de peso ou sua manutenção, não a quantidade total de calorias que ingerimos diariamente ou a forma como dividimos nossas refeições.
• Ainda faltam estudos controlados o bastante para comprovar todos os benefícios do jejum intermitente em seres humanos a longo prazo.
• O padrão alimentar com refeições fracionadas ao longo do dia, geralmente com intervalos de 2 a 3 horas, já traz inúmeros benefícios. Portanto, não existem evidências científicas suficientes para recomendar um padrão alimentar diferente, baseado em menos refeições ou intervalos maiores entre elas.

O que diz a Associação Brasileira de Nutrição?

No parecer divulgado pela Associação Brasileira de Nutrição, a organização afirma que, até o momento, não há provas suficientes para recomendar o jejum intermitente como uma opção terapêutica. ⁽¹⁾

É necessário realizar estudos científicos em humanos, com ensaios clínicos controlados e aleatórios, para comprovar a eficácia e os efeitos na saúde do jejum intermitente em comparação com dietas convencionais de restrição calórica. Esses estudos devem ser de longo prazo e considerar também os possíveis efeitos adversos. ⁽¹⁾

Vale ressaltar que é responsabilidade do nutricionista avaliar criticamente práticas, pesquisas e protocolos, assim como considerar as características individuais e clínicas do paciente, colaborar com outros profissionais de saúde e respeitar os princípios éticos da prática profissional. ⁽¹⁾

Será que o jejum intermitente pode ser benéfico para a sua saúde?

Até o momento, os estudos clínicos realizados sobre o jejum intermitente mostraram efeitos tanto positivos quanto negativos. No entanto, ainda há muito a ser explorado nessa área. Algumas pesquisas indicaram que o jejum intermitente não se mostrou superior às dietas tradicionais quando se trata de perda de peso. ⁽⁴⁾

Por outro lado, seguir um padrão alimentar com refeições fracionadas ao longo do dia, com intervalos de 2 a 3 horas, pode trazer benefícios, como melhor absorção de nutrientes, manutenção de níveis saudáveis de compostos no sangue, redução de episódios de compulsão alimentar, diminuição do hormônio cortisol, aumento da sensação de saciedade e menor nível de insulina e açúcar no sangue. ⁽¹⁾

Portanto, é recomendado buscar o acompanhamento de um(a) nutricionista profissional, que poderá avaliar o seu caso individualmente e orientá-lo(a) sobre a melhor abordagem alimentar a ser seguida.

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Fontes:

1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO. Parecer técnico nº 01/2019. Jejum intermitente. Disponível em: <https://www.asbran.org.br/storage/downloads/files/2019/08/parecer-jejum-intermitente-1567189454.pdf>. Acesso em 11 mai. 2023.
2. RIBEIRO, Ana Sofia G. Dias. Os benefícios do jejum intermitente na saúde. 2021. 47 f. Dissertação (Mestrado em em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2021. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/10890/1/PPG_40185.pdf>. Acesso em 11 mai. 2023.
3. GONZAGA, Thâmara. Pesquisa avalia eficácia do jejum intermitente para perda de peso. Universidade Federal de Alagoas, 2020. Disponível em: <https://ufal.br/ufal/noticias/2020/11/pesquisa-da-fanut-avalia-eficacia-do-jejum-intermitente-para-perda-de-peso>. Acesso em 11 mai. 2023.
4. BAPTISTA, Steph; GOMES, Nair Augusta de A. Almeida. Benefícios do jejum intermitente para a saúde humana: uma revisão narrativa da literatura. Disponível em: <https://repositorio.pucgoias.edu.br/jspui/bitstream/123456789/2999/1/Artigo%20Steph%20Baptista.pdf>. Acesso em 11 mai. 2023.
5. PAZ, Pedro. Estudo da UFPB expõe efeitos positivos e negativos do jejum intermitente. Ministério da Educação, 2021. Disponível em: <https://www.ufpb.br/ufpb/contents/noticias/estudo-da-ufpb-expoe-efeitos-positivos-e-negativos-do-jejum-intermitente>. Acesso em 11 mai. 2023.