A dislexia é um problema que afeta a forma como algumas pessoas aprendem a ler, escrever e soletrar, sendo bastante comum nas salas de aula. Estudos mostram que entre 5% e 17% das pessoas no mundo têm dislexia. (1)
É importante saber que a dislexia não é causada por falta de esforço, atenção, inteligência ou má alfabetização. Na verdade, é uma condição herdada, com alterações genéticas e diferenças no funcionamento do cérebro. (1)
Neste texto, vamos falar de maneira geral sobre a dislexia, explicando o que é, os sinais, tipos que existem e como pode ser tratada. Continue lendo para saber mais!
O que é dislexia
O primeiro ponto que você deve saber sobre a dislexia é que não se trata de uma doença. É um transtorno de aprendizagem com base neurobiológica. (2)
Pessoas com dislexia têm um modo diferente de processar informações relacionadas à leitura no cérebro. Os disléxicos encontram dificuldade em associar símbolos gráficos, como letras, aos sons que eles representam e também têm problemas em organizar esses símbolos em uma sequência correta, de forma mental. (3)
A palavra dislexia tem origem grega e significa “dificuldade na leitura”. De forma mais simples, a dislexia é a dificuldade que alguém tem para ler. No entanto, o conceito de dislexia é mais complexo do que apenas uma dificuldade na leitura. (2)
No Brasil, aproximadamente 30% a 40% das crianças nas séries iniciais enfrentam alguma dificuldade na escola. Entre elas, de 3% a 5% têm transtornos de aprendizagem, sendo a dislexia, também conhecida como transtorno específico de leitura, o mais comum deles. (4)
Como identificar os sinais de dislexia
Uma criança com dislexia não é menos inteligente que as outras, nem é preguiçosa ou incapaz. Apesar de ter dificuldades para ler e escrever, ela costuma ser muito boa em atividades criativas, por exemplo. (2)
A principal diferença está no tempo que ela pode levar para aprender algumas coisas, pois sua leitura é mais lenta, o que também pode dificultar a compreensão das matérias. (2)
Aqui estão alguns sintomas de dislexia no comportamento, tanto em crianças quanto em adultos: (3)
- Dificuldade para ler e escrever;
- Problemas com a forma correta de escrever palavras;
- Demora para aprender a ler;
- Letra ilegível;
- Dificuldades em matemática, especialmente com símbolos e tabuada;
- Esquece facilmente coisas importantes e têm dificuldades para se organizar;
- Tem problemas em seguir direções para chegar a lugares ou realizar tarefas complexas;
- Dificuldade em entender textos escritos;
- Encontra dificuldades para aprender uma segunda língua;
- Dificuldades na fala;
- Tem problemas em entender direções espaciais, como direita e esquerda.
O que causa dislexia?
Ainda não se sabe exatamente o que causa a dislexia, mas estudos com imagens do cérebro mostram que ele funciona de maneira diferente em pessoas com esse transtorno. Também parece haver influência de fatores genéticos, já que mais da metade das crianças com dislexia têm pais ou irmãos que também têm o mesmo problema. Isso significa que se alguém da família tem dislexia, é mais provável que a criança também tenha. (1,5)
Estudos recentes indicam que a dislexia pode estar relacionada a modificações em alguns cromossomos, que são como “instruções” que carregam informações em nossas células. Alguns desses “instrutores” podem causar dificuldades na leitura e na escrita. Como a dislexia é um problema genético que passa de pais para filhos, é importante que as crianças com histórico familiar de dislexia sejam observadas com cuidado. (1,5)
É possível prevenir a dislexia?
Não há uma maneira de evitar que a dislexia aconteça, mas é muito importante que os pais ajudem os filhos a ler corretamente, incentivando o gosto pela leitura desde os primeiros anos de vida. (1)
Mostrar para as crianças como a leitura e a escrita são importantes desde cedo é essencial. Os pais devem estar atentos e estimular as crianças a perceberem se estão associando as palavras de forma errada. (1)
Assim, elas podem perceber que existem outras maneiras de ler e escrever, se sentindo mais confiantes e preparadas. E, se cometerem algum erro, podem aprender a corrigi-lo por conta própria. (1)
Quais os tipos de dislexia?
A dislexia pode apresentar diferentes graus e, por isso, pode ser classificada de várias formas, com base em diferentes critérios. Seguem as principais categorias: (6)
- Dislexia disfonética: dificuldades com sons e palavras, trocando, omitindo ou acrescentando letras e sílabas.
- Dislexia diseidética: dificuldade na percepção visual, leitura silábica e problemas com palavras.
- Dislexia visual: dificuldade na percepção visual e coordenação viso motora.
- Dislexia auditiva: dificuldade na percepção auditiva e memória auditiva.
- Dislexia mista: combinação de mais de um tipo de dislexia.
Além disso, existem as dislexias adquiridas, que podem ser classificadas em: (6)
- Dislexias periféricas: dislexia por negligência e dislexia da atenção;
- Dislexias centrais: leitura não-semântica, dislexia de superfície, dislexia fonológica e dislexia profunda.
Entre os tipos de dislexia, a dislexia fonológica é uma forma mais leve, mas ainda pode causar problemas na leitura. Já a dislexia da atenção também pode afetar a leitura, pois é essencial ter habilidades cognitivas bem desenvolvidas para entender a informação corretamente. (6)
Dislexia tem cura?
A dislexia não tem cura, mas existem tratamentos que podem ajudar a lidar com o problema. (2) O diagnóstico precoce e a realização de atividades específicas são muito importantes para lidar com a dislexia. Quanto mais cedo o transtorno for identificado, menor será o atraso escolar e os impactos emocionais na criança com dislexia. (2,7)
Uma equipe multidisciplinar, geralmente com psicólogo, psicopedagogo e fonoaudiólogo, deve conduzir uma investigação detalhada. Essa equipe pode ainda consultar outros profissionais, como neurologista e oftalmologista, se necessário. É importante que eles analisem todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. (7)
Como tratar dislexia
Quando alguém é diagnosticado com dislexia, o acompanhamento deve ser personalizado, levando em conta as particularidades de cada caso. O profissional vai entender as causas das dificuldades, o potencial e as características da pessoa para escolher a melhor abordagem. Com o tempo, os resultados do tratamento serão consistentes e progressivos. (7)
Ao contrário do que muitos pensam, quem tem dislexia sempre encontra maneiras de superar as dificuldades e seguir em frente. Eles aprendem melhor quando podem associar as coisas a experiências concretas e ao uso de vários sentidos. Além disso, os laços de confiança e comunicação entre o profissional e o paciente são fundamentais para o progresso. (7)
Os adultos também podem aprender a conviver com suas dificuldades e, se fizerem um tratamento adequado, desenvolvem estratégias que os ajudarão a lidar com essas dificuldades, facilitando sua vida acadêmica e cotidiana. (7)
Como as escolas devem lidar com a dislexia
É essencial que os educadores saibam identificar diferentes transtornos de aprendizagem e usem estratégias para ajudar os alunos a progredirem e se motivarem na aprendizagem desde cedo. É importante envolver a família nesse processo também. (8)
Os professores podem criar desafios e usar jogos educativos para tornar o aprendizado mais divertido para os alunos com dislexia. Isso pode ajudar a melhorar o desempenho escolar, estimular a criatividade, imaginação e autoestima, e fortalecer as amizades. (8)
Além disso, é fundamental que os educadores cuidem e tenham carinho pelos alunos, respeitando e aceitando cada criança como alguém que está em desenvolvimento e que pode precisar de uma atenção especial. (8)
Compreensão e empatia para um mundo mais inclusivo
A dislexia exige compreensão e apoio da sociedade. Embora não tenha cura, é possível ajudar as pessoas com dislexia a enfrentar desafios e desenvolver suas habilidades. Educação e família são fundamentais nesse processo, criando um ambiente acolhedor para que possam prosperar.
A dislexia não é uma limitação, mas uma oportunidade de valorizar a diversidade. Com conscientização e suporte, podemos construir uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.
Fontes:
- GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE. Dislexia. 2019. Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/biblioteca/7590-dislexia. Acesso em 20 jul. 2023.
- ASSUNÇÃO, Gabriele Silva. A dislexia e os desafios no processo de aprendizagem da língua portuguesa. 49 f. Monografia (Licenciatura em Língua Portuguesa e Literaturas) – Universidade do Estado da Bahia, Santo Antônio de Jesus, 2018. Disponível em: https://www.dislexia.org.br/wp-content/uploads/2018/09/ASSUNÇÃO-Gabrielle.pdf
- MINISTÉRIO DA SAÚDE. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Dislexia, 2006. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/114dilsexia.html
- MONTANARI, Rafaela. Uma análise sobre dislexia na escola. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Pedagogia) – Instituto de Biociências de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Rio Claro, 2015. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/128229/000851153.pdf?sequence=1
- RODRIGUES, Sônia das Dores; CIASCA, Sylvia Maria. Dislexia na escola: identificação e possibilidades de intervençã Rev. Psicopedag., v. 33, n. 100, São Paulo, 2016. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862016000100010
- CARVALHO, Galane M. Freire de; SANTOS, Gilvânia dos; NOGUEIRA, Valdiane S. Santos. Dislexia: análise de distúrbio da aprendizagem de uma crianç Disponível em: https://portal.fslf.edu.br/wp-content/uploads/2016/12/Dislexia_analise_de_disturbio_da_aprendizagem_de_uma_crian.pdf
- MINISTÉRIO DA SAÚDE. BIBLIOTECA VIRTUAL EM SAÚDE. Dislexia. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/dislexia/
- SILVA, Nilza Sebastiana da; SILVA, Fábio José Antônio da. A dislexia e a dificuldade na aprendizagem. Revista Científica Multidisciplinar, a. 1, v. 5, p. 75-87, 2016. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dislexia-dificuldade-aprendizagem