Ser mulher é lidar, muitas vezes, com o inesperado. Com tantas transformações e processos acontecendo ao mesmo tempo no próprio corpo, uma vez ou outra as coisas podem sair do controle, principalmente quando falamos do aparelho reprodutor feminino.
Quando se trata de infecções no trato vaginal, a intensidade e frequência com que ocorrem podem atrapalhar a qualidade de vida das mulheres. Por isso, neste texto, você vai descobrir quais são as principais doenças causadas por fungos e bactérias que afetam as mulheres para se manter alerta quando perceber algum sintoma incomum por aí.
Corrimento vaginal: até quando é normal?
O universo feminino é repleto de descobertas ao longo de toda a vida. Após a primeira menstruação, as meninas começam a prestar mais atenção nos detalhes do próprio corpo e não demora muito para notarem a presença de uma secreção vaginal transparente que, inclusive, estará presente durante toda a idade reprodutiva. (1)
Essa secreção é, na verdade, um corrimento vaginal fisiológico de pequena quantidade, formado pela combinação de bactérias naturais da flora vaginal, células mortas da vagina e secreção de muco. A função desse corrimento é umedecer, lubrificar e manter a vagina limpa, dificultando o surgimento de infecções. (1)
Em períodos em que há maior estimulação hormonal, como na gravidez, no meio do ciclo menstrual ou perto da ovulação, o corrimento vaginal fisiológico pode ter seu volume aumentado por conta do estímulo causado pelo estrogênio. No entanto, quando ocorre uma alteração anormal no volume da secreção, da cor e do odor, além de outros sintomas, é preciso ficar em alerta e já procurar a orientação de um ginecologista. (1)
Existem diferentes tipos de corrimento, porém, quando ele ocorre na cor branca, amarela ou verde, pode indicar diferentes problemas, como uma infecção vaginal, por exemplo. Esse transtorno pode estar relacionado a ação de um fungo, bactéria ou protozoário. (1) Saiba mais no próximo tópico.
Vaginites e vaginoses
Quando falamos de infecções vaginais, destacam-se as vulvovaginites e as vaginoses, processos nos quais o meio ambiente vaginal fisiológico encontra-se alterado. Isso possibilita a proliferação de outros microrganismos que podem estar associados a um processo inflamatório (vaginites) ou sem evidências de inflamação (vaginoses). (2)
Os sintomas são representados, principalmente, por corrimento vaginal em quantidade, coloração e aspectos variáveis, associados a outros sintomas como odor desagradável, prurido, sensação de ardor e/ou queimação, disúria (incômodo ao urinar) e dispareunia (dor durante a relação sexual), a depender dos agentes causadores envolvidos. Tudo isso pode afetar negativamente a qualidade de vida das pacientes. (2)
As vulvovaginites e vaginoses representam as queixas mais frequentes nos consultórios de ginecologia, sendo responsáveis por aproximadamente 40% dos motivos de consulta. Considerando a alta frequência com que ocorrem, os sintomas desconfortáveis envolvidos, as repercussões psicológicas e na sexualidade, as possibilidades de complicações e sequelas, fica evidente a importância de conscientizar a população feminina a respeito dessas disfunções e incentivar a busca pela prevenção e tratamento. (2)
As principais doenças femininas causadas por fungos e bactérias
A seguir, você vai descobrir quais são as principais doenças femininas causadas por fungos e os sintomas que elas apresentam. As 3 primeiras são as mais comuns.
1 – Candidíase
- Definição: a candidíase é uma vulvovaginite causada pela proliferação de fungos no meio vaginal. O principal agente causador é o fungo Candida Albicans, presente em 85% a 95% dos casos. Denomina-se candidíase vaginal recorrente o aparecimento de quatro ou mais episódios confirmados em um período de 12 meses. (2)
- Sintomas: coceira, corrimento vaginal esbranquiçado ou amarelado, dor ao urinar, dor na relação sexual. (2)
2 – Tricomoníase
- Definição: a tricomoníase, considerada uma infecção sexualmente transmissível, tem como agente causador o parasita flagelado Trichomonas Vaginalis, que tem a capacidade de absorver bactérias, fungos e vírus, transportando-os para o trato genital superior. (2)
- Sintomas: corrimento abundante, amarelado ou amarelo-esverdeado, acompanhado de ardor genital, sensação de queimação, dor ao urinar e na relação sexual. (2)
3 – Vaginose Bacteriana
- Definição: é um estado de desequilíbrio da flora vaginal caracterizado pela substituição da flora microbiana (Lactobacillus) por bactérias anaeróbicas e facultativas. (1,2)
- Sintomas: corrimento de intensidade variável de coloração esbranquiçada, branco-acizentada ou amarelada, acompanhado de odor vaginal fétido (“odor de peixe”). Não há inflamação ou coceira. (1,2)
4 – Vaginose Citolítica
- Definição: é uma condição causada pela excessiva proliferação de Lactobacillus, pela redução do pH vaginal e pela citólise (morte celular). (2)
- Sintomas: corrimento esbranquiçado e coceira de intensidade variável que piora no período pré-menstrual. Ardor, queimação, dor ao urinar e dor na relação sexual podem estar associados. (2)
5 – Vaginite Inflamatória Descamativa
- Definição: é uma forma pouco frequente, mas severa, de vaginite purulenta crônica. O processo inflamatório é intenso e existe a hipótese de que fatores imunológicos e deficiência de estrogênios contribuam para o desenvolvimento da infecçã (2)
- Sintomas: corrimento abundante ou em quantidade moderada, acompanhado de desconforto acentuado, dor na relação sexual ou ardor. (2)
6 – Vaginite Aeróbica
- Definição: é um estado de alteração do meio vaginal que contém bactérias aeróbicas entéricas, redução ou ausência de lactobacillus e processo inflamatório de diferentes intensidades. (2)
- Sintomas: odor desagradável, corrimento vaginal com aspecto amarelado e viscoso. Dependendo do grau de inflamação, há queixa de dor ao urinar e durante a relação sexual. (2)
Como prevenir doenças femininas causadas por fungos e bactérias?
Alguns fatores podem provocar o desequilíbrio da vagina, aumentando o risco de infecção ou de proliferação bacteriana/fungos, como uso de antibióticos, contraceptivos orais, duchas vaginais, estresse, roupa íntima sintéticas, roupas apertadas ou molhadas, gravidez, relação sexual sem proteção, entre outros. Vale ressaltar que a má alimentação também pode interferir no bom funcionamento da flora vaginal. (1,3)
Por isso, para evitar que as vaginites e vaginoses incomodem o seu bem-estar, mantenha bons hábitos de higiene, se vista de modo confortável, procure fugir do estresse, se proteja durante as relações sexuais e, claro, mantenha um estilo de vida saudável. Como vimos, todas essas doenças que citamos apresentam sintomas semelhantes, então para ter um diagnóstico assertivo, procure um bom médico ginecologista.
Mulheres, não se esqueçam: a consulta ao ginecologista é uma tarefa fundamental que deve ser feita pelo menos 1 vez ao ano. Envie essa publicação para suas amigas, elas também merecem viver com mais liberdade, longe dos fungos. Compartilhar saúde é Vital!
Fontes:
- ASSOCIAÇÃO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Corrimento vaginal: fungo, bactéria, DST? Disponível em: <https://www.sogesp.com.br/saude-mulher/blog-da-mulher/corrimento-vaginal-fungo-bacteria-dst/>. Acesso em 13 fev. 2023.
- Linhares Iara Moreno et al. Vaginites e vaginoses. Femina, São Paulo, v. 47, n. 4, p. 235-240, 2018. Disponível em: <https://docs.bvsalud.org/biblioref/2019/12/1046513/femina-2019-474-235-240.pdf>. Acesso em 13 fev. 2023.
- FEDERAÇÃO BRASILEIRA AS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA. Vulvovaginites. In: ____ Manual de Orientação Trato Genital Inferior. Cap. 6. Disponível em: <https://www.febrasgo.org.br/images/arquivos/manuais/Manual_de_Patologia_do_Trato_Genital_Inferior/Manual-PTGI-Cap-06-Vulvovaginites.pdf>. Acesso em 13 fev. 2023.