Por apresentar ação antioxidante, antimicrobiana e anti-inflamatória, propriedades que beneficiam a saúde do nosso organismo, a própolis tem cada vez mais despertado o interesse dos cientistas e da sociedade. Trata-se de um produto viscoso, elaborado pelas abelhas, que é utilizado como material de construção para selar as fissuras da colmeia e controlar a contaminação biológica da colmeia pelas abelhas. (1)
Nós já abordamos aqui no blog diversos assuntos sobre esse composto. Inclusive, formulamos um ebook super completo sobre os principais benefícios da própolis verde para a saúde.
Nesse texto, vamos falar sobre os benefícios da própolis verde no auxílio ao combate dos sintomas relacionados, especialmente, à rinite alérgica. Continue a leitura para saber mais.
O que é a própolis?
A própolis é uma mistura complexa e seus componentes podem ser considerados um fator importante na execução de sua atividade anti-inflamatória. Ela é formada por um material resinoso, coletado pelas abelhas nos brotos, folhas, flores, frutos, galhos e cascas de várias plantas. Em seguida, essas substâncias recolhidas são modificadas pela adição de saliva das abelhas e cera, servindo como material de construção na colmeia, fortificando o lar desses insetos. (1,2,3)
Essa mescla de ceras e secreções salivares, que chamamos de própolis, é constituída por uma resina rica em compostos fenólicos (cerca de 50%), como os flavonoides, isoflavonoides e ácidos fenólicos. Para completar, a própolis também contém 30% de cera, 10% de óleos essenciais, 5% de pólen e 5% de outros compostos orgânicos, como os aminoácidos, vitaminas, sais minerais e resíduos insolúveis. (1)
Um pouco de história sobre a própolis
Se você acha que o uso da própolis pela sociedade é algo que começou há pouco tempo, você está enganado. Essa resina é utilizada há séculos pela humanidade. Os antigos egípcios a manuseavam para impedirem a decomposição de cadáveres e, com essa substância, embalsamavam o corpo de faraós. A própolis também era aplicada para a desinfecção de ambientes. (2,3)
No século XII, os incas começaram a utilizar a própolis como medicamento e outras civilizações, como China, Índia, Grécia, Roma Antiga e Pérsia, também possuem citações de diversos usos da própolis. Durante a Idade Média, os europeus a prescreviam para tratamento de infecções de garganta e distúrbios dentários. Sem contar que médicos gregos e romanos, como Aristóteles, Plínio e Galeno, também reconheciam as propriedades medicinais da própolis. (1,2)
Uma outra curiosidade interessante sobre esse composto é que o termo “própolis” vem de origem grega e sugere “defesa da cidade das abelhas”. De fato, como já citamos neste texto, essa resina é impregnada no reparo de frestas da colmeia, como também na mumificação de insetos invasores (alô, egípcios!) e na proteção dos locais destinados à abelha rainha. (3)
As propriedades da própolis
Como é de se esperar, pelo volume e diversidade de vegetação que existem em nosso planeta, a produção da própolis pode exibir uma composição química variável, pois sua formação depende de condições geográficas e climáticas. Desse modo, em função da diversidade botânica utilizada pelas abelhas, ela pode ser caracterizada por diferentes cores, desde vermelha, amarela, verde, entre outras. (1)
O Brasil é um grande produtor de própolis, e o principal tipo é a de cor verde, produzido a partir da vegetação do alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia). A produção tem maior predominância no sudeste brasileiro e apresenta uma composição rica em derivados prenilados do ácido fenilpropanóico, como a artepilina C e ácidos cafeoilquínicos. (1)
Nos últimos anos, a própolis tem sido associada a várias propriedades biológicas e farmacológicas em razão da riqueza dos seus compostos fenólicos. Nela, há cerca de 300 substâncias, o que faz com que se destaque em atividades antibacteriana, antimicrobiana, antifúngica, antiviral, anti-inflamatória, cicatrizante, imunomoduladora e anestésica. (1,2)
Quando falamos de aplicações ao nível da medicina tradicional, podemos citar a estomatologia, odontologia, otorrinolaringologia, doenças respiratórias, gastroenterologia, cancro, e no tratamento de lesões da pele, feridas, queimaduras e úlceras. Viu só como esse composto pode ser bastante útil? (1)
A própolis verde pode ajudar no combate à rinite alérgica?
Uma inflamação é um mecanismo que, para ser combatido, necessita de um processo ativo controlado por mediadores endógenos, com o objetivo de neutralizar o agente danoso para que então seja restaurado o tecido inflamado. Quando esses mediadores internos não são suficientes para resolver o problema, a inflamação pode piorar e gerar danos teciduais. (1)
O ideal é preservar um sistema de resposta fisiológica que delete, repare e contenha os danos causados às células no organismo, mas, para que isso aconteça, é preciso de complexos sinais de alerta, constituído por receptores e vias de sinalização à postos para agirem quando forem solicitados. (1)
Embora a inflamação seja importante para a eliminação de agentes patogênicos, uma vez que ela aparece quando há algum problema, o processo inflamatório prolongado, na maioria das vezes, resulta no desenvolvimento de doenças crônicas que podem originar danos e até falhas nos órgãos. Por isso, é importante limitar a inflamação com o uso de anti-inflamatórios, mantendo esse processo em ordem. (1)
No entanto, usá-los por muito tempo pode apresentar efeitos adversos. Por isso, com o tempo, surgiu uma maior necessidade de encontrar novos agentes anti-inflamatórios com menos efeitos secundários. Foi aí que a própolis passou a receber um maior destaque. (1)
A própolis atua como dessensibilizante nas alergias, tanto respiratórias como dermatológicas e digestivas. Os flavonoides e ésteres do ácido cafeico presentes na própolis desempenham um papel essencial na redução da resposta inflamatória, pois ao inibirem a produção de ácido araquidônico e a síntese de prostaglandinas, podem auxiliar o sistema imunológico. (1,2,3)
Apesar de ainda serem necessários novos estudos sobre a atividade da própolis na rinite alérgica, ela é tida como um excelente complemento terapêutico nesses casos. Então, respondendo à pergunta do início deste tópico, a resposta é SIM: a própolis verde pode ajudar no combate à rinite alérgica, como um tratamento alternativo e preventivo. (1,2,3)
Fontes:
- GUERREIRO, Patrícia Isabel Mendes. 2020. 49 f. O poder anti-inflamatório do Própolis. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade do Algarve, Faro, 2020. Disponível em: <https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/15305/1/Propolis%20como%20anti-inflamat%C3%B3rio%20FINAL%20CD_GM_PG%20PDF%20Novembro%202020.pdf>. Acesso em 22 fev. 2022.
- FRANCO, Marcos Antonio Dantas. 2011. 32 f. O uso de própolis nas doenças respiratórias e otorrinolaringológicas em crianças. Dissertação (Especialização em Atenção Básica em aúde da Família) – Universidade Federal de Minas Gerais, Teófilo Otoni, 2011. Disponível em: <https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3002.pdf>. Acesso em 22 fev. 2022.
- BALDANI, Aracy P. S.; MONTOVANI, Jair C. Medicamentos “naturais” para rinite alérgica. Revista Brasileira de Alergia e Imunopatologia. Disponível em: <http://www.sbai.org.br/revistas/vol256/natur.htm>. Acesso em 22 fev. 2022.