Se colocar no lugar do outro pode ser a chave que precisamos para viver no mundo que queremos e transformá-lo naquele que desejamos deixar para quem chegar depois de nós.
Nunca se usou tanto a palavra empatia como algo tão necessário. E chega a parecer um tanto quanto irônico isso acontecer na era em que mais temos acesso ao outro. A internet, junto com a ascensão das redes sociais, promovem, com facilidade, a comunicação entre pessoas de todo o mundo instantaneamente. Acessar notícias globais e saber o que está acontecendo ao redor da Terra é algo corriqueiro na nossa rotina e, mesmo assim, nunca foi tão preciso discutir o quanto precisamos olhar a realidade alheia por outra perspectiva.
Temos conectividade, mas nos falta conexão com as pessoas que amamos, com os desconhecidos, com a natureza e com nós mesmos!
Para praticar a empatia, não é preciso mudar quem você é para ser como o outro. É compreender e respeitar que as escolhas são individuais e que, mesmo que não sejamos ou pensemos de maneira semelhante, todos nós devemos fortalecer a nossa humanidade através da cooperação em sociedade.
Ser mais empático é ter consciência de que todos nós viemos de contextos diferentes e que cada um tem travado suas próprias batalhas e seguido uma jornada diferente da nossa. É preciso olhar mais o lado do outro para entender o que se passa do lado de lá e oferecer mais compreensão e tolerância.
Se até os animais são empáticos…
A empatia não é uma habilidade exclusiva humana. Até animais são capazes de se colocar no lugar do outro, sabia?
Um estudo publicado na revista Science em 2016 mostrou que ratos do campo podem perceber quando seus pares estão sofrendo e, assim, oferecer a eles conforto, se esforçando para fazê-los se sentirem melhor. Ao fazer isso, o cérebro da ratazana que está estressada, gera oxitocina (“o hormônio do amor”) ajudando-o a recuperar a sensação de bem-estar. (1)
Outros estudos deixaram claro que chimpanzés confortam vítimas de agressão. Coisa que também acontece entre os cachorros, golfinhos e elefantes. (1)
É preciso ser empático para cooperar com a vida em sociedade!
Como vimos até aqui, a empatia é o antídoto para o individualismo e pode ser a ferramenta que precisamos para solucionar problemas mundiais, como o preconceito, o racismo, a fome, a guerra, o aquecimento global, a pobreza extrema e outros.
No livro “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, seu autor, Yuval Noah Harari, identifica que outras espécies humanas podem ter desaparecido porque não foram capazes de formar laços sociais fortes. Já os Sapiens, desenvolveram tipos de cooperação mais sólidos e sofisticados. Sendo assim, podemos quase afirmar que cooperar com o outro foi e continua sendo uma ferramenta de sobrevivência da nossa espécie. (2)
E para que sejamos mais cooperativos em sociedade precisamos de mais…empatia, claro.
Para sermos mais empáticos, precisamos: (3,4)
– considerar a perspectiva de outras pessoas como verdade também;
– cessar os julgamentos;
– reconhecer as emoções em outras pessoas;
– ter consciência de que todos somos vulneráveis;
– escutar mais;
– ter mais sensibilidade com o outro;
– aceitar e conviver bem com a diversidade;
– ampliar nossa visão de mundo;
– compreender e respeitar as escolhas do outro;
– ter mais inteligência emocional;
– dialogar mais e outros.
Sendo assim, somos mais empáticos quando:
– Jogamos lixo no lixo;
– Cedemos o assento para uma gestante mesmo sem ela pedir;
– Defendemos alguém diante de uma situação de injustiça;
– Ajudamos um colega de trabalho a resolver um problema que não é nosso;
– Garantimos ao outro o direito de ser quem deseja ser;
– Pedimos feedback e estamos abertos às críticas;
– Reavaliamos nossas convicções;
– Somos mais curiosos para entender a realidade das outras pessoas;
– Saímos da nossa bolha;
– Praticamos a resiliência, a tolerância e a humildade;
– Reconhecemos que não somos donos da verdade;
– Compreendemos a escolha do outro em viver uma vida melhor através de uma alimentação mais saudável;
– Nos engajamos a promover mudanças sociais.
Poderíamos continuar listando aqui inúmeros exemplos do dia a dia que nos ajudam a praticar mais a empatia, mas isso tornaria esse texto muito extenso e você poderia se cansar um pouco. A empatia é algo que podemos desenvolver cada vez mais, inspirar outras pessoas. Seja essa inspiração para o mundo!
Para finalizar, deixamos aqui uma reflexão de John Donne, um poeta inglês:
“Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, a Europa ficará diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por vós”. (5)
FONTES:
- 5 EMOÇÕES que não são exclusivas do ser humano. BBC News Brasil, 2019. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-47415949>. Acesso em 07 dez. 2020.
- BETTI, Fabio. Um 2018 de muita empatia. Exame, 2018. Disponível em <https://exame.com/blog/gestao-fora-da-caixa/um-2018-de-muita-empatia/>. Acesso em 07 dez. 2020.
- EMPATIA: o que é, como usar em negociações e exemplos reais. ResultadosDigitais, 2020. Disponível em <https://resultadosdigitais.com.br/blog/empatia/>. Acesso em 07 dez. 2020.
- AZEREDO, Alzira. O poder transformador da empatia nas relações humanas. Você S/A, 2019. Disponível em <https://vocesa.abril.com.br/geral/o-poder-transformador-da-empatia-nas-relacoes-humanas/>. Acesso em 07 dez. 2020.
- ROLLEMBERG, Marcelo. Nenhum homem é uma ilha. Jornal da USP, 2020. Disponível em <https://jornal.usp.br/artigos/nenhum-homem-e-uma-ilha/>. Acesso em 07 dez. 2020.