Quando pensamos no progresso da humanidade, vemos que a consciência da sociedade para uma atenção privilegiada para a saúde só vem aumentando. Isso resulta não só em uma melhora global na saúde, mas também em uma maior expectativa de vida. Novas doenças surgem e a preocupação em descobrir suas causas e prevenção se tornam questões relevantes, o que contribui para o desenvolvimento de novas técnicas científicas e estudos importantes. (1)
Cada vez mais, têm sido discutidos os fenômenos oxidativos e as contribuições de substâncias antioxidantes no organismo. Dentro desse cenário, a glutationa se tornou conhecida entre a comunidade da ciência por ser uma substância intrínseca e inerente às células. Ainda, a diminuição de glutationa no organismo está relacionada com doenças neurodegenerativas, cardiovasculares e até mesmo cancro. Os níveis dessa substância são indicadores sensíveis da funcionalidade e viabilidade celular. (1)
Se você nunca ouviu falar sobre a glutationa, o texto de hoje será justamente sobre ela. Continue a leitura e fique por dentro do assunto.
O que é a glutationa?
Trata-se de uma molécula sintetizada no interior das células. Sua produção varia de acordo com a biodisponibilidade de aminoácidos, principalmente a cisteína, que é um dos mais escassos nos alimentos. Sua estrutura contém enxofre, que confere à glutationa a capacidade de desempenhar funções de importância vital para o organismo. Também pode ser considerada “natural”, pois está presente em células animais, vegetais e até mesmo em cianobactérias. (1)
Nas células, podemos encontrar a glutationa na forma reduzida, oxidada e conjugada, sendo que, em tecidos saudáveis, temos cerca de 90% dessa molécula em sua forma reduzida, que exerce papel de proteção às células. A glutationa também desempenha um papel fundamental no armazenamento e transporte de cisteína, na defesa de radicais livres, peróxidos e xenobióticos. Além disso, ela participa da regulação da resposta imune, da proliferação celular e no metabolismo de leucotrienos e prostaglandinas. (1,2)
O principal antioxidante produzido pela célula
A glutationa é conhecida, principalmente, pela sua capacidade antioxidante, exercendo uma função central na biotransformação e eliminação de xenobióticos e na defesa das células contra o estresse oxidativo, que, por sua vez, pode aumentar a geração de radicais livres, acentuando o envelhecimento precoce da pele, por exemplo. Inclusive, essa ação antienvelhecimento já é conhecida por frequentadores de clínicas estéticas, tanto que é feita a aplicação de coquetéis diretamente na veia, em conjunto de vitaminas. (3,4,5)
Citamos o termo “xenobióticos” no parágrafo anterior e, caso não saiba o seu significado, vamos explicar: nós, seres vivos, somos continuamente expostos a compostos químicos naturais e/ou não-naturais, considerados estranhos. Tais compostos são o que chamamos de xenobióticos e podem interagir de maneira prejudicial ao organismo. A glutationa atua como estratégia de defesa da célula contra esses invasores. Portanto, ao agir na proteção contra o estresse oxidativo e na destoxificação de xenobióticos, a glutationa, em sua forma reduzida, se torna uma peça chave para a manutenção da saúde. Quanto menor a quantidade de glutationa numa célula, menor as chances de sobrevivência dessa célula. (1,3)
Retomando o fato de que a função principal da glutationa é o seu poder antioxidante, devemos enfatizar o seu desempenho ao proteger o nosso organismo contra os radicais livres. Se você acompanha o nosso blog, já deve ter ouvido falar deles. Radicais livres são aqueles compostos extremamente reativos que podem danificar ou destruir componentes celulares importantes em microssegundos. Nesse momento, a glutationa entra como um agente neutralizador, desativando esses radicais e mantendo a eficácia de antioxidantes exógenos, como a vitamina C e E. (1)
Outras funções da glutationa
Além de ser um dos antioxidantes mais importantes, a glutationa também intervêm em diversos processos, agindo como um neurotransmissor ou neuromodulador, destoxificante, age no transporte de aminoácidos, síntese de proteínas e ácidos nucleicos, manutenção de certas enzimas, na proteção do organismo contra a exposição a radiação solar e estudos recentes apontam que a glutationa pode ter uma participação relevante na regulação da morte celular programada. (1,2)
Sobre sua funcionalidade como agente indispensável na destoxificação do organismo em relação a tóxicos orgânicos e inorgânicos, a glutationa pode facilitar a excreção de xenobióticos pela urina e fezes. Inclusive, rins e fígado são órgãos que apresentam altos níveis da molécula, tanto que, nesses tecidos, existe uma elevada incidência de exposição a xenobióticos. (1)
A glutationa também exerce um papel determinante na resposta imune. Essa molécula é necessária para que ocorra uma resposta imunológica capaz de eliminar células indesejáveis, como as cancerígenas ou células infectadas por vírus. Um outro ponto, é que a glutationa está relacionada com o metabolismo do ácido ascórbico e manutenção da comunicação das células. Ela é importante para a síntese de DNA, síntese de proteínas, de prostaglandinas, para o transporte de aminoácidos e ativações enzimáticas. (1)
Estudos apontam que a redução dos níveis de glutationa acontece de acordo com o aumento da idade de uma pessoa, ou seja, pode resultar no aparecimento de certas doenças associadas ao envelhecimento. (1)
Agora que você já conhece as funções e benefícios da glutationa para o organismo, compartilhe essa publicação com os amigos, afinal, espalhar o conhecimento é Vital!
Fontes:
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NETO, Ana Soares da S. Rodrigues. Glutationa – envolvimento em defesa antioxidante, regulação de morte celular programação e destoxificação das drogas. 2010. 77 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2010. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/2505/1/TM_15593.pdf>. Acesso em 12 mar. 2022.
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FRANCO, Jeferson Luis. 2009. 144 f. O sistema antioxidante da glutationa como alvo molecular na neurotoxicidade induzida por mercúrio: efeitos protetores de compostos naturais. Tese (Pós-Graduação em Neurociências) – Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/92356/262442.pdf?sequence=1&isAllowed=y
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HUBER, Paula C.; ALMEIDA, Wanda P.; FÁTIMA, Ângelo de. Glutationa e enzimas relacionadas: papel biológico e importância em processos patológicos. Quim. Nova, v.. 31, n. 5, p. 1170-1179, 2008. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/qn/a/yYySBjxJSnVFmMjfTbrGR6L/?format=pdf&lang=pt
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VIDALE, Giulia. Os efetios visíveis do stress. Veja, 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/saude/os-efeitos-visiveis-do-stress/
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LOPES, Adriana Dias. A onda da vitamina aplicada direto na veia. Veja, 2019. Disponível em: < https://veja.abril.com.br/saude/a-onda-da-vitamina-aplicada-direto-na-veia/