açúcar

Por que evitar dar açúcar às crianças?

Ah, o açúcar… essa doçura irresistível que nos arranca sorrisos, mas também nos causa preocupação quando se trata dos pequenos. É impressionante como eles possuem um radar infalível para detectar qualquer traço de açúcar a quilômetros de distância, não é mesmo?

Neste texto, vamos explorar os motivos pelos quais é importante restringir o consumo de açúcar durante os primeiros anos de vida. E também vamos descobrir algumas dicas para ajudar nessa jornada açúcar-livre. Está pronto para se deliciar com uma leitura doce, mas sem açúcar? Então, vamos começar!

O impacto negativo do açúcar na saúde das crianças

É impressionante como o consumo de açúcar na infância pode ter impactos duradouros na saúde das crianças. Infelizmente, estamos testemunhando um aumento preocupante de doenças crônicas, que antes eram consideradas exclusivas dos adultos, em crianças pequenas. (1)

Além disso, é importante destacar que alimentos ricos em açúcar, tanto aqueles com adição de açúcar quanto os ultraprocessados, têm uma composição nutricional desequilibrada e um alto teor calórico. (1)

Essa combinação resulta em um padrão alimentar de baixa qualidade nutricional, que pode levar ao ganho excessivo de peso, ao surgimento de placa bacteriana e cáries nos dentes, além de outras doenças associadas, como a diabetes tipo 2. (1,2)

E não podemos esquecer de um ponto muito importante: a presença de sabores doces na infância contribui para a formação do paladar. Isso faz com que as crianças desenvolvam um gosto e uma preferência por alimentos açucarados. A consequência que pode haver é a de um ciclo vicioso em que o paladar passa a demandar cada vez mais açúcar. (1)

açúcar para criança
Efeitos do açúcar no comportamento e bem-estar das crianças

Efeitos do açúcar no comportamento e bem-estar das crianças

1 – Hiperatividade

Uma pesquisa feita na Universidade Federal de Pelotas descobriu que crianças que consomem muito açúcar têm três vezes mais chances de desenvolver Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) aos seis anos de idade. (3)

O estudo analisou dados de cerca de 3,7 mil crianças e descobriu que aquelas que consumiam mais de 121 gramas de açúcar por dia tinham um risco maior de desenvolver TDAH. (3)

Os pesquisadores avaliaram o consumo de açúcar a partir de alimentos como biscoitos doces, bolos, guloseimas, chocolate, sorvete, achocolatado, açúcar, geleia, refrigerante, suco artificial e bolacha recheada. (3)

Essas descobertas nos mostram a importância de controlar a quantidade de açúcar que as crianças consomem para proteger sua saúde, incluindo a saúde mental.

2 – Dificuldade com o sono

Um estudo realizado com 4.072 crianças entre 4 e 13 anos, com o objetivo de estabelecer uma associação entre duração do sono e sobrepeso na infância, constatou que a duração curta do sono foi associada ao ato de assistir TV durante as refeições e ingerir alimentos ricos em açúcar. (4)

Uma possível explicação para essa associação é que comer alimentos com muito açúcar pode causar flutuações rápidas nos níveis de glicose no sangue, o que pode afetar a qualidade do sono. (5)

Essas flutuações ocorrem quando comemos alimentos com alto índice glicêmico, que aumentam rapidamente o açúcar no sangue e depois o fazem cair bruscamente. (5)

Nosso corpo reage liberando hormônios para compensar essas mudanças. Essa resposta hormonal pode interferir no sono, mesmo que, inicialmente, o açúcar não nos faça sentir sonolentos. (5)

3 – Oscilações de humor

Assim como nos adultos, o açúcar pode desencadear vícios e comportamentos compulsivos nas crianças devido à ativação das vias de prazer e recompensa no cérebro. (6)

Por isso, é preciso encontrar um equilíbrio adequado. Ter níveis muito baixos de açúcar também pode afetar as crianças, causando irritabilidade, mudanças de humor e aumento do apetite por doces. (6)

Uma abordagem equilibrada e educativa pode ajudar as crianças a fazerem escolhas alimentares saudáveis e a desenvolver hábitos que promovam seu bem-estar geral. (6)

Prevenindo problemas de saúde futuros

A Academia Americana de Pediatria, assim como a Sociedade Brasileira de Pediatria, tem orientado a não consumir nenhum tipo de açúcar antes dos dois anos de idade. Isso porque as crianças começam a desenvolver suas preferências de sabor desde cedo. Essa é também uma recomendação oficial do Ministério da Saúde. (7,8)

Depois de dois anos de idade, as crianças devem ter um limite de 25 gramas de açúcar por dia (5% de suas calorias diárias), o que equivale aproximadamente a 240ml de refrigerante ou 40 gramas de chocolate ao leite. (9)

O açúcar que se encontra naturalmente nas frutas, verduras, legumes e leite fresco não devem ser contabilizados nessa restrição. Na verdade, o consumo desses alimentos in natura e não processados deve ser encorajado e incentivado para todas as faixas etárias. Esses alimentos fornecem nutrientes essenciais e fazem parte de uma alimentação saudável e equilibrada. (9)

Cuidar da saúde infantil é uma tarefa desafiadora, mas essencial. Requer atenção constante, cuidados regulares, apoio e informação adequada.

Os pediatras desempenham um papel fundamental nessa jornada, ajudando a conscientizar os pais, avós e cuidadores sobre a importância de cuidar da saúde infantil. Com seu conhecimento e orientação, eles fornecem o suporte necessário para garantir o bem-estar dos pequenos. (9)

açúcar para criança
controlar o consumo de açúcar das crianças

Como controlar o consumo de açúcar das crianças?

Algumas atitudes podem ajudar a manter os doces longe dos seus filhos. Olha só:

  • Envolver a criança nas preparações culinárias e na escolha dos ingredientes: essa é uma ótima estratégia para que ela passe a apreciar mais os alimentos naturais e minimamente processados. Aproveite para apresentar outros alimentos com diferentes cores, texturas, aromas e sabores, permitindo o despertar para uma alimentação saudável e saborosa. (1)
  • Oferecer a fruta ao invés do suco: as bebidas naturais são deliciosas, mas é bom tomar cuidado. Ao optar sempre pelo suco, a criança vai preferir tomar líquido com sabor, sendo que a água é que deve ser a principal escolha para matar a sede. (1)
  • Evitar o mel: apesar de ser um produto natural, o mel contém os mesmos componentes do açúcar. Existe também o perigo de contaminação por uma bactéria ligada ao botulismo. (1)
  • Não consumir alimentos que contêm muito açúcar: como achocolatado, bebidas açucaradas e gaseificadas, cereais matinais açucarados, gelatina em pó com sabor, guloseimas, iogurte com sabor, leite fermentado, entre outros. (1)

Como vimos, evitar que as crianças consumam açúcar é muito importante para cuidar da saúde delas. Os pais e responsáveis devem oferecer opções mais naturais e nutritivas, como frutas e legumes, para que elas cresçam fortes e saudáveis. Isso é infinitamente melhor do que oferecer outros tipos de alimentos com açúcar adicionado à sua composição, ou seja, uma oferta de “calorias vazias” às crianças.

Toda criança pode e deve ter uma infância saudável. Assim, podemos garantir que elas tenham muita energia para brincar, aprender e aproveitar o dia a dia de forma feliz e saudável.

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Fontes:

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Porque crianças menores de 2 anos não devem comer açúcar. 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2021/porque-criancas-menores-de-2-anos-nao-devem-comer-acucar>. Acesso em 10 mai. 2023.
  2. SOCIEDADE PARAIBANA DE PEDIATRIA. Açúcar: o vilão dos cardápios dos bebês. 2019. Disponível em: <https://www.sbp.com.br/filiada/paraiba/noticias/noticias/nid/acucar-o-vilao-do-cardapio-dos-bebes/>. Acesso em 10 mai. 2023.
  3. BRASIL. Coordenação de Comunicação Social. Univeridade Federal de Pelotas. Estudo aponta relação entre consumo de açúcar e transtorno de défict de atenção e hiperatividade. 2016. Disponível em: <https://ccs2.ufpel.edu.br/wp/2016/01/15/estudo-aponta-relacao-entre-consumo-de-acucar-e-transtorno-de-deficit-de-atencaohiperatividade/>. Acesso em 10 mai. 2023.
  4. HERMES, Fernando Nascimento; NUNES, Eryclis E. Miguel; MELO, Camila Maria de. Sono, estado nutricional e hábitos alimentares em crianças: um estudo de revisão. Rev Paul Pediatr., 2022. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rpp/a/zXLgpDGSZB4sXZwQzhZdVBK/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em 10 mai. 2023.
  5. ​​LIMA, Márcia de Oliveira et. al. Consumo de alimentos açucarados e qualidade do sono no primeiro ano de vida: dados de uma coorte de nascimentos no Nordeste do Brasil. REME – Rev Min Enferm., v. 26, 2022. Disponível em: <https://periodicos.ufmg.br/index.php/reme/article/view/38794/30060>. Acesso em 10 mai. 2023.
  6. SÃO PAULO (Estado). Governo do Estado. Abuso de açúcar na primeira infância espõe a criança a perigos que podem se estender pela vida toda. 2021. Disponível em: <https://www.desenvolvimentosocial.sp.gov.br/abuso-de-acucar-na-primeira-infancia-expoe-a-crianca-a-perigos-que-podem-se-estender-pela-vida-toda/>. Acesso em 10 mai. 2023.
  7. WEFFORT, Virginia R. Silva; GIUGLIANI, Elsa R. Justo. Alimentação saudável na infância e adolescência. Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: <https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/ARTIGO_ALIMENTACAO_SAUDAVEL_NA_INFANCIA_E_ADOLESCENCIA_DC_nutro_e_AM-_final.pdf>. Acesso em 10 mai. 2023.
  8. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO. Como o açúcar pode moldar o paladar das crianças. 2016. Disponível em: <https://www.asbran.org.br/noticias/como-o-acucar-pode-moldar-o-paladar-das-criancas>. Acesso em 10 mai. 2023.
  9. FONSECA, Cátia R. B. ; CHENCINSKI, Yechiel Moises. Recomendações – Atualização em Condutas em Pediatria. Sociedade de Pediatria de São Paulo, v. 82, 2017. Disponível em: <https://www.spsp.org.br/site/asp/recomendacoes/Rec82_PediatriaAmb.pdf>. Acesso em 10 mai. 2023.

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