Junto com o positivo no teste de gravidez, vêm inúmeras dúvidas, sentimentos, preocupações e a ansiedade. Afinal, gerar uma vida é, provavelmente, uma das experiências mais mágicas e importantes na vida de uma mulher.
Entre todos os itens da lista da vida de uma gestante, o cuidado com a alimentação se torna prioridade quase que automaticamente, não é mesmo? E não é por menos! Pois, pelos próximos nove meses, o corpo dela será o lar e o porto seguro para um bebê que precisa crescer e se desenvolver de maneira tranquila e saudável até estar pronto para nascer.
Ao saber que está grávida e dar início ao acompanhamento pré-natal, termos como ácido fólico, cálcio e ferro se tornam muito familiares na vida da mulher. Porém, hoje viemos falar de um ácido graxo essencial que também vai oferecer diversos benefícios para a mãe, mas, principalmente, para o bebê, o DHA (ácido docosaexaenoico).
DHA na gestação
O DHA é considerado o tipo de ômega 3 (ácido graxo essencial) mais importante no desenvolvimento neonatal. Ele e o ácido araquidônico, que constitui a membrana de todas as nossa células, são os principais componentes dos ácidos graxos cerebrais. Vamos entender por quê? (1)
A qualidade da alimentação da mãe, mesmo antes de engravidar, é muito importante, já que ela determina o tipo de ácido graxo que irá se acumular no tecido fetal. O transporte desses ácidos graxos essenciais acontece por meio da placenta e eles são depositados no cérebro e retina do feto. Sendo assim, os ácidos graxos contidos no cordão umbilical estão diretamente relacionados com a quantidade desses nutrientes Ingeridos pela gestante. Além disso, eles também são armazenados nas glândulas mamárias durante a gestação.(1)
DHA e o trabalho de parto precoce
Os ácidos graxos são mediadores anti-inflamatórios que, nas gestantes, podem alterar a produção de tromboxanos e prostaglandinas E2 e F2, que estão ligados ao amadurecimento do colo do útero, podendo evitar o trabalho de parto precoce. (2)
DHA e o sistema nervoso do bebê
O desenvolvimento do sistema nervoso do bebê, especialmente do cérebro, ocorre durante o último trimestre da gestação. Nessa etapa, a necessidade de DHA aumenta, pois ele desempenha uma função primariamente estrutural e sua deficiência pode alterar a composição das membranas sinápticas, afetando as funções dos receptores da membrana neuronal, canais iônicos e enzimáticos. (1)
Ao comparar bebês alimentados exclusivamente com o leite materno com os alimentados com fórmula, estudos comprovaram que os primeiros apresentavam maior concentração de DHA no tecido cerebral. Isso pôde explicar, por meio de testes específicos aplicados meses após o desmame, uma relação positiva dos ácidos graxos com a capacidade destas crianças de aprender e de se concentrar. (1)
DHA e a visão do bebê
Principalmente no último trimestre de gestação, a retina apresenta níveis elevados de DHA. Essa concentração, confere a fluidez necessária para ocorrer o processo de transdução do sinal luminoso e a sua conversão em sinal elétrico, sendo processado pelo cérebro posteriormente. (1)
E, dessa forma, ocorre um entendimento pelo cérebro, sendo possível dar continuidade no processo de formação da imagem.
O que os estudos mostram?
– Que a alta ingestão de ômega 3 pode influenciar sua concentração no leite humano. (BARTOLLOZZO et al Brasil/2013 apud SANTOS et al, 2018, p. 5) (2)
– Que o consumo de ômega 3 pode prevenir baixo peso ao nascer, trabalho de parto prematuro e pré-eclâmpsia. (FEREIDOONI e JENABI Irã/2014 apud SANTOS et al, 2018, p. 5) (2)
– Em mulheres suplementadas com ômega 3, houve baixa incidência de hiperbilirrubinemia em recém-nascidos. (SACCONE et al Itália/2015 apud SANTOS et al, 2018, p. 5) (2)
– Indicaram que ômega 3 possui atividade positiva no desenvolvimento cerebral neonatal, além de prolongar a gravidez. (AKERELE e CHEEMA Canadá/2016 apud SANTOS et al, 2018, p. 6) (2)
Fontes de DHA e Suplementação na Gestação
Como pudemos observar, diante de tudo o que já falamos até aqui, fica evidente que o DHA é de grande importância para o desenvolvimento saudável da gestação e do bebê.
Durante a gravidez, se os níveis de reservas minerais e nutricionais ficam abaixo do normal, mãe e bebê começam a competir por esses elementos, podendo prejudicar a saúde dos dois. Por isso, é essencial que a alimentação se adeque à gestação para que todas as necessidades sejam supridas. (2)
Mas onde podemos encontrar o DHA (Ômega 3)?
As principais fontes de DHA e EPA são os pescados, moluscos, algas e crustáceos.
Entre os principais peixes ricos nesses nutrientes estão o jurel, atum, anchova, sardinha e salmão. É importante dizer que a quantidade de ômega 3 encontrada nos peixes depende de diversos fatores, como: espécie, parte comestível, local de captura, época do ano, temperatura da água e processo de industrialização. (1)
Além dos itens acima, outros alimentos como algumas oleaginosas, sementes, gema de ovo, vegetais e carne vermelha também possuem ômega 3. (1)
Como falamos, a maior necessidade de DHA durante a gestação ocorre durante o último trimestre de gravidez. Pesquisas observaram que a oferta de DHA em gestantes e lactantes aumenta a concentração desse nutriente no leite, no plasma e eritrócitos sem promover a redução de ômega 6. Por isso, podemos dizer que é preciso aumentar a oferta desse nutriente durante a gravidez e lactação, para que, através do transporte placentário e também da amamentação, a mãe providencie DHA para o bebê. (1)
De acordo com a European Food Safety Authority (EFSA), é essencial o aumento da ingestão de DHA durante a gestação e, também, na lactação. A recomendação deste órgão é a mesma para um indivíduo adulto com o mínimo de ingestão de 250mg de EPA e DHA, acrescida de 100 a 200mg de DHA por dia. E essa quantidade pode ser oferecida através da alimentação ou suplementação deste nutriente.(2)
Curiosidade: A maior parte das pessoas acredita que os peixes produzem seu próprio DHA, quando, na verdade, são as algas presentes na sua cadeia alimentar que providenciam esse nutriente para eles. (3)
FONTES:
-
SILVA, Deila R. Bentes; JÚNIOR, Paulo F. Miranda; SOARES, Eliane de Abreu. A importância dos ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa na gestação e lactação. Rev. Bra. Saúde Matern. Infant. Recife, v. 7, n. 2, p. 123-133, 2007.
-
SANTOS, Evelise Staevie et al. Uso de ácidos graxos poli-insaturados durante a gestação: um estudo bibliográfico. Revista Eletrônica Acervo Saúde. V. 11, 2018.
-
Nutritional Lipids. DSM. Disponível em <https://www.dsm.com/markets/human-nutrition/en/products/nutritional-lipids.html>. Acesso em 08 set. 2020.
1 comentário em “DHA: por que ele deve estar presente na alimentação de toda gestante?”