Você já experimentou aquele incômodo na pele, acompanhado por erupções cutâneas e coceira persistente? Se sim, você pode estar familiarizado com a dermatite atópica, uma condição da pele que pode afetar profundamente a qualidade de vida. (1)
Muitas vezes, buscamos soluções externas para cuidar da nossa pele, como cremes e loções. Mas há um elemento-chave que não deve ser subestimado: a nutrição. A maneira como nos alimentamos pode ter um impacto significativo na saúde da nossa pele, e a dermatite atópica não é exceção.
Neste texto, vamos falar sobre como as escolhas alimentares conscientes podem desempenhar um papel vital no alívio dos sintomas e no fortalecimento da barreira cutânea para que possamos recuperar o conforto e a confiança em nossa própria pele.
O que é dermatite atópica?
A dermatite atópica é um tipo comum de eczema atópico, presente especialmente em crianças, mas também pode ocorrer em adultos. É uma doença genética que causa coceira intensa e ressecamento da pele. (2)
Geralmente, afeta as áreas de dobras do corpo, como braços, joelhos e pescoço. Às vezes, a dermatite atópica pode estar associada a outras condições, como asma, rinite ou conjuntivite, mas nem sempre ocorrem todas ao mesmo tempo. (2)
Quais são os principais sinais e sintomas da dermatite atópica?
A principal característica da dermatite atópica é ter a pele seca e coceira constante, o que pode causar feridas. A gravidade dos sintomas varia de pessoa para pessoa e ao longo do tempo. (2)
Alguns sintomas comuns incluem áreas vermelhas com feridas ou áreas espessas que surgem depois de coçar por muito tempo. (2)
A dermatite atópica geralmente é uma condição crônica, com crises recorrentes que podem ocorrer a cada algumas semanas, meses ou até anos. (2)
Fatores alimentares relacionados à dermatite atópica
Ainda não sabemos ao certo como a dermatite atópica se desenvolve, pois é um processo complexo e não totalmente compreendido. No entanto, pesquisas indicam que fatores ambientais e o consumo de certos alimentos alergênicos podem afetar a manifestação da doença. (1)
Em algumas pessoas, a sensibilização ocorre principalmente no sistema digestivo devido a um problema na barreira intestinal. Isso faz com que proteínas dos alimentos sejam má digeridas e acaba ocorrendo a absorção de moléculas proteicas grandes, o que pode levar ao desenvolvimento de alergias alimentares. (1)
Alguns dos alimentos mais comumente associados a essas alergias são leite de vaca, ovos, trigo, soja, nozes e amendoim. Aproximadamente 30% das pessoas com dermatite atópica também têm alergias alimentares e é por isso que existe essa relação entre os dois. (1)
Outro fator importante na causa da dermatite atópica é a falta de vitamina D em pacientes com a doença. Estudos recentes mostram que a vitamina D tem influência na regulação do sistema imunológico, incluindo a produção de peptídeos antimicrobianos pelos queratinócitos da pele. (1)
A vitamina D auxilia na diminuição da vulnerabilidade a infecções em pessoas com dermatite atópica. Além disso, controla a resposta inflamatória do sistema imunológico na pele. Por isso, a vitamina D é considerada uma abordagem promissora para entender e tratar essa doença inflamatória crônica. (1)
Nutrição para controle da dermatite atópica
Nos últimos anos, os estudos têm mostrado uma relação entre a alimentação e a dermatite atópica. A amamentação e a suplementação de probióticos, ômega 3 e vitamina D têm sido apontadas como importantes na prevenção e no tratamento da doença. (3)
1 – Amamentação e dermatite atópica
Embora não haja evidências sólidas de que a dieta durante a gravidez e a amamentação tenham um benefício claro na dermatite atópica infantil, a amamentação pode desempenhar um papel na prevenção da doença em certas populações. (4)
O leite materno possui componentes imunológicos bem conhecidos, como anticorpos, que ajudam a neutralizar substâncias estranhas, protegem contra infecções, promovem o crescimento de uma boa flora intestinal e auxiliam no desenvolvimento da tolerância do organismo. (4)
2 – Probióticos e dermatite atópica
Ainda não se sabe exatamente como os probióticos funcionam no tratamento da dermatite atópica, mas acredita-se que as crianças com a doença possam ter uma diversidade menor de microrganismos no intestino. Isso pode estar relacionado ao uso de antibióticos, alimentação na infância ou tipo de parto. (3)
Existem vários argumentos que apoiam o uso de suplementos probióticos em pessoas com dermatite atópica, como a melhor digestão dos nutrientes, o fortalecimento do sistema imunológico, além de efeitos positivos no sistema digestivo e na pele. (5)
Portanto, o restabelecimento do equilíbrio do microbioma cutâneo pode resultar em um impacto positivo para a dermatite atópica, especialmente a longo prazo. (5)
3 – Ômega 3 e dermatite atópica
Estudos mostram que a quantidade de ômega-6 e ômega-3 que consumimos está relacionada a problemas de saúde alérgicos, como alergias, dermatite atópica, rinite alérgica e asma alérgica. (5)
O ômega-3 tem propriedades que ajudam a reduzir a inflamação no corpo. Isso pode ser útil no tratamento de doenças inflamatórias. Além disso, os ácidos graxos ômega-3 também podem afetar o funcionamento de células dendríticas, reduzindo a capacidade dessas células de causar uma resposta imunológica exagerada. (5)
Por causa de suas propriedades anti-inflamatórias e capacidade de regular genes envolvidos na inflamação, o ômega-3 tem sido considerado como um possível tratamento para doenças de pele, como psoríase, acne e dermatite atópica. Essas doenças são crônicas e causam inflamação na pele, resultando em sintomas como eczemas. (5)
4 – Vitamina D e a dermatite atópica
A vitamina D desempenha várias funções importantes no nosso corpo. Ela ajuda a regular a resposta do sistema imunológico, na absorção de cálcio para fortalecer os ossos e também tem um papel na saúde da pele. (5)
A vitamina D estimula a produção de um peptídeo chamado catelicidina, que é um tipo de molécula que combate microorganismos nocivos, como bactérias. Em pessoas com dermatite atópica, essa produção de catelicidina pode estar reduzida, o que piora os sintomas da doença. (5)
Por isso, alguns estudos sugerem que a deficiência de vitamina D pode aumentar o risco de desenvolver ou piorar a dermatite atópica. (5)
Em resumo, a nutrição desempenha um papel importante no tratamento da dermatite atópica. A amamentação, o consumo de probióticos, alimentos ricos em ômega 3 e a obtenção adequada de vitamina D são aliados essenciais nesse processo.
Essas medidas podem ajudar a reduzir os sintomas da doença, controlar a resposta inflamatória e promover a saúde da pele. No entanto, é importante lembrar que mais pesquisas são necessárias para entender completamente o impacto desses elementos nutricionais e estabelecer diretrizes claras para o uso no tratamento da dermatite atópica.
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Fontes:
- MEETING BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO ESTÉTICA, 8, 2023, São Paulo. Anais eletrônicos… São Paulo, 2023. Disponível em: <https://nutricaoesteticabrasil.com.br/nutricao-e-a-dermatite/>. Acesso em 11 mai. 2023.
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Dermatite atópica – atenção e cuidados com a sua pele. Disponível em: <https://www.sbd.org.br/dermatite-atopica/>. Acesso em 11 mai. 2023.
- CORREIA, Ana Filipa Carvalho. Nutrição, alimentação e doenças dermatológicas: associação e perspetiva histórica – uma revisão da literatura. 2020. 41 f. Trabalho de Projeto (Licenciatura em Ciências da Nutrição) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2020. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/9334/1/TC_31276.pdf>. Acesso em 11 mai. 2023.
- FINCH, Justin; MUNHUTU, M. N.; WHITAKER-WORTH, Diane L. Atopic dermatitis and nutrition. Clinics in Dermatology, v 28, e. 6, p. 605-614, 2010. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0738081X10000568?via%3Dihub>. Acesso em 11 mai. 2023.
- FERREIRA, Wagner Andrade et. al. Abordagem da nutricional clínica funcional na dermatite atópica. Brazilian Journal of Development, v. 8, n. 5, p. 38783-38752, Curitiba, 2022. Disponível em: <https://ojs.brazilianjournals.com.br/ojs/index.php/BRJD/article/view/48240/pdf>. Acesso em 11 mai. 2023.