Compulsão alimentar: o que é, riscos e tratamento

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compulsão alimentar

Nos últimos 3 anos, a humanidade sofreu mudanças bruscas na rotina provocadas pelo novo coronavírus. O isolamento social trouxe repercussões sérias, como o agravamento de distúrbios psicológicos e, consequentemente, dos transtornos alimentares. (1)

Uma das motivações para esse cenário alarmante pode estar associado ao aumento do uso de redes sociais, sobretudo na quarenta, que abre margem para as comparações com estilos de vidas irreais, onde o corpo magro e esbelto sempre está em evidência. (2)

O ápice do período pandêmico pode ter chegado ao fim, mas as complicações continuam reverberando. Por isso, neste texto, falaremos sobre a compulsão alimentar, o tipo de transtorno alimentar mais comum.

O que é compulsão alimentar?

A compulsão alimentar é um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão de grande quantidade de alimentos em um curto período de tempo. Nesse caso, a quantidade é muito maior do que a maioria das pessoas conseguiria consumir em circunstâncias similares. (2)

Após o episódio de compulsão, a pessoa se sente culpada por não ter tido controle diante da comida e se auto-recrimina. Desse modo, é muito comum identificar, nesses indivíduos, tristeza, ansiedade e depressão. Vale ressaltar que a compulsão alimentar é um sintoma que se manifesta como um comportamento de algumas doenças psiquiátricas, entre elas o Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA). (2,3)

Pessoas com compulsão alimentar podem estar lutando para lidar com a tristeza, a raiva, a ansiedade e outros sentimentos e emoções. O ato compulsivo é realizado inconscientemente pelo paciente que tenta se libertar de um estado insuportável de ansiedade e que, após praticá-lo, sente-se esgotado, constrangido e com intenso sentimento de culpa. Mas, ele não chega a recorrer a atos compensatórios, como no caso de bulimia nervosa. (3,4)

compulsão alimentar

Como posso identificar a compulsão alimentar?

Os sintomas da compulsão alimentar nem sempre são reconhecidos com clareza. Quando alguém tem o transtorno, muitas vezes percebe tarde demais. Por essa razão é importante fazer algumas perguntas que podem ajudar na identificação, como por exemplo:(2)

  • Você tem sensação de mal estar porque o seu estômago está sempre cheio?
  • Tem a sensação de perda de controle da quantidade que come?
  • Pensa demais em comida a ponto de parecer que ela controla a sua vida?
  • Sente-se culpado por ter ingerido maior quantidade de alimento do que precisaria?
  • Já comeu escondido por se sentir constrangido em comer ao lado de outras pessoas?

Se você responder “sim” em pelo menos duas dessas questões, há a possibilidade de ter desenvolvido um quadro de compulsão alimentar. No entanto, é importante destacar que existem quadros mais leves e mais severos do transtorno. Tudo depende do quanto ele ocorre no prazo de uma semana. (2)

Nos casos mais leves, o ato compulsivo acontece em uma frequência de 1 a 3 episódios por semana. Moderada, quando ocorre de 4 a 7 vezes por semana, severa quando entre 8 e 13 episódios por semana, e extrema se acontecem 14 ou mais episódios nos últimos 7 dias. (2)

A compulsão alimentar pode motivar outras doenças?

Sim! A compulsão alimentar favorece o aumento de peso, principalmente por envolver o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados. Dessa forma, ela se configura como um fator de risco para o surgimento de doenças como: obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer. (2,3)

A compulsão alimentar também pode estar associada à anorexia, bulimia, entre outros transtornos. Pode ainda indicar ou levar ao agravamento de quadros depressivos, ansiosos, outras disfunções alimentares, abuso de substâncias e problemas com a própria imagem corporal. (3)

compulsão alimentar

Quem está mais propenso a desenvolver compulsão alimentar?

1 – Aqueles que realizam dietas de emagrecimento inadequadas

Uma pesquisa realizada com 1.167 adolescentes da cidade de São Paulo verificou que  12,2% apresentavam comportamentos de risco para transtornos alimentares. 31,9% apresentaram algum tipo de prática não saudável para controle de peso. Entre essas práticas estão: uso de medicação (principalmente laxantes), omitir refeições, fumar mais cigarros e vômito induzido. (5)

As práticas de dieta restritiva aumentaram a chance de apresentar comportamentos de risco para transtornos alimentares. Para o sexo masculino, essa chance é  17,26 vezes maior, enquanto no sexo feminino, 12,82. O estudo foi realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo – USP. (5)

2- Pessoas com obesidade

Indivíduos com obesidade são vulneráveis a sofrimento psicológicos devido à discriminação contra a doença, bem como aos padrões de beleza impostos pela sociedade. A restrição alimentar usada como tentativa para reduzir o peso corporal pode desencadear episódios de compulsão alimentar como mecanismo compensatório, o que contribui para o fracasso no tratamento da obesidade. (6)

A qualidade de vida é afetada negativamente em indivíduos com esse distúrbio alimentar, principalmente em obesos, que podem sofrer com maior risco de síndrome metabólica, maior dificuldade de perder peso, maiores índices de depressão e ansiedade, uso de álcool e de outras drogas. (6)

Tratamento da compulsão alimentar

O tratamento do transtorno de compulsão alimentar envolve o acompanhamento com psicólogo, psiquiatra e nutricionista. As metas estabelecidas incluem a regularização do padrão alimentar, suspensão das práticas purgativas, restritivas e orientação nutricional. (2,3)

Além de se alimentar adequadamente, não ficar longos períodos sem comer também ajuda. Para as emoções, é preciso buscar alternativas que não sejam a comida. Então, se estiver triste, ansioso ou estressado, converse com amigos, familiares ou um profissional. (2)

Outras iniciativas, como a prática de exercícios físicos, integrar-se a um grupo, ajudar pessoas em atividades voluntárias, tudo isso ajuda a lidar melhor com as emoções. (2)

Para finalizar o nosso texto, reforçamos que promover a satisfação corporal é primordial, ressaltando a diversidade de tipos de corpos e a impossibilidade de padronização de pesos, tamanhos ou medidas. (2)

Sendo assim, incentive o consumo de uma alimentação balanceada, com horários regulares e alimentos de todos os tipos, de forma variada e prazerosa. As atividades físicas também devem ser realizadas de acordo com a aptidão de cada um, sem que seja uma obrigação. (2)

Também não se esqueça de alertar sobre os malefícios e a ineficiência das dietas restritivas presentes na internet e sobre o uso de recursos gráficos que mostram corpos irreais. (2)

Se você fizer a sua parte, as pessoas mais queridas da sua vida podem correr menos risco de desenvolver um quadro de compulsão alimentar, pois elas já saberão quais caminhos seguir e os que se devem passar longe. Então, para começar, compartilhe esta publicação com os seus amigos e familiares, contribuindo para uma população mais saudável. Quem ama se cuida e cuida do próximo!

Fontes:
  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Um olhar sobre os transtornos alimentares em tempos de quarentena: compulsão alimentar, anorexia e bulimia se tornam desafiadores na pandemia. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/um-olhar-sobre-os-transtornos-alimentares-em-tempos-de-quarentena-compulsao-alimentar-anorexia-e-bulimia-se-tornam-desafiadores-na-pandemia/>. Acesso em 14 mar. 2023.
  2. BRASIL. Ministério da Saúde. Cuidado com a compulsão alimentar. 2018. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-me-alimentar-melhor/noticias/2018/cuidado-com-a-compulsao-alimentar>. Acesso em 14 mar. 2023.
  3. BRASIL. Ministério da Saúde. Você consegue reconhecer a compulsão alimentar? 2020. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-peso-saudavel/noticias/2021/voce-consegue-reconhecer-a-compulsao-alimentar>. Acesso em 14 mar. 2023.
  4. BRASIL. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Transtorno da compulsão alimentar. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/transtornos-da-alimentacao-5/>. Acesso em 14 mar. 2023.
  5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTRIÇÃO. Perda de peso inadequada traz risco de transtorno alimentar. 2013. Disponível em: <https://www.asbran.org.br/noticias/perda-de-peso-inadequada-traz-risco-de-transtorno-alimentar>. Acesso em 14 mar. 2023.
  6. KLOBUKOSKI, Cristina; HOFELMANN, Doroteia Aparecida. Compulsão alimentar em indivíduos com excesso de peso na Atenção Primária à Saúde: prevalência e fatores associados. Cad. Saúde Colet., v. 25, n. 4, p. 443-452, Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/cadsc/a/nsTx858HVtCv4r64TcJBy8b/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em 14 mar. 2023.

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