Ômega 3 e doenças autoimunes

O ômega 3 surge como um potencial aliado no tratamento de doenças autoimunes, devido à sua habilidade em reduzir a inflamação e aliviar sintomas.
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omega 3

À medida que aprendemos mais sobre saúde, também descobrimos o papel importante dos alimentos na prevenção e tratamento de doenças.

Entre esses alimentos, os ácidos graxos ômega 3 estão ganhando destaque devido aos seus possíveis benefícios para várias condições, incluindo doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatóide, doenças inflamatórias do intestino, esclerose múltipla, entre outros. (1)

Neste texto, vamos explorar como os ômega 3 podem influenciar essas doenças, analisando seu potencial impacto na saúde autoimune. 

O que é doença autoimune?

As doenças autoimunes são condições em que o sistema imunológico ataca suas próprias células e tecidos saudáveis, desencadeando inflamações no próprio organismo. (2, 3)

As causas exatas dessas doenças não são totalmente conhecidas, mas envolvem uma complexa interação de fatores que afetam importantes processos moleculares e celulares do organismo, bem como o sistema imunológico. (2)

Quando esses processos são comprometidos, o corpo perde a capacidade de reconhecer suas próprias células e tecidos como “próprios”, levando a reações autoimunes.(2)

Por fim, as doenças autoimunes representam um grande problema de saúde global, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade, especialmente entre as mulheres. (3)

A importância da nutrição na doença autoimune

Evidências sugerem que a dieta pode influenciar o desenvolvimento e o prognóstico das doenças autoimunes, além de ajudar na prevenção de infecções e doenças cardiovasculares. (2)

Os hábitos alimentares podem ter um impacto significativo nos índices de desenvolvimento das doenças autoimunes e na eficácia do tratamento. (2)

O estado nutricional de uma pessoa pode afetar diretamente o equilíbrio do sistema imunológico, e uma dieta equilibrada é importante para melhorar a saúde e prevenir doenças. (2) 

inflamação

Ômega 3 no controle da inflamação 

Os ácidos graxos ômega 3 têm sido cada vez mais associados à prevenção de doenças inflamatórias, despertando grande interesse nos últimos anos. (2)

Os ácidos alfa-linolênico (ALA), eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA), membros da família do ômega 3, são importantes para ajudar o corpo a produzir substâncias que podem regular a inflamação, como prostaglandinas e leucotrienos. (4)

Estudos mostraram que eles podem ajudar a controlar a inflamação, reduzindo os níveis de proteína C-reativa, citocinas inflamatórias e outros mediadores inflamatórios. (4)

Além disso, a suplementação com ômega 3 na dieta tem sido associada a benefícios no tratamento de condições como artrite reumatoide, asma, doenças intestinais inflamatórias, psoríase e lúpus, tanto em humanos quanto em animais. (1)

Esses ácidos graxos também exercem efeitos positivos na prevenção e controle de doenças cardiovasculares, colesterol alto e diabetes. (4)

A seguir, descubra o papel benéfico do ômega 3 em condições autoimunes.

Ômega 3 e artrite reumatóide

A artrite reumatoide é uma doença que causa inflamação nas articulações e tendões, levando a dor e inchaço persistentes. (1)

Nesse cenário, a criação de citocinas pró-inflamatórias desempenha um papel importante em manter essa inflamação por um longo período. (1)

O uso do ômega 3 como complemento terapêutico pode ajudar a reduzir a inflamação na artrite reumatoide, diminuindo a necessidade de anti-inflamatórios comuns e seus possíveis efeitos colaterais. (5)

O EPA e o DHA agem inibindo substâncias pró-inflamatórias, frequentemente elevadas na artrite reumatoide. Esses ácidos também reduzem a produção de prostaglandinas e leucotrienos, que são mediadores da inflamação. (5)

A relação entre EPA e DHA mostra que o EPA pode ser 1,5 vezes mais eficaz na redução da dor do que o DHA, especialmente em doses maiores. (5)

Por último, um estudo conduzido por Goldberg e sua equipe revelou que adicionar ácidos graxos ômega 3 à dieta pode trazer vantagens consideráveis no que diz respeito ao alívio da dor, rigidez matinal e número de articulações inflamadas em pacientes com artrite reumatoide. (1)

lupus

Ômega 3 e lúpus

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica autoimune que se caracteriza pela desregulação do sistema imunológico do corpo e pelo aumento dos níveis de substâncias inflamatórias circulantes. (4)

Uma pesquisa de Borges et al (2017) revelou que tomar duas cápsulas de ômega 3 por dia, com 1g de óleo de peixe em cada uma (contendo 540 mg de EPA e 100 mg de DHA), teve um efeito positivo em pacientes com lúpus. Houve uma redução nos marcadores inflamatórios, incluindo a proteína C-reativa, no grupo que recebeu essa intervenção. (2)

Um outro estudo controlado conduzido por Arriens et al (2015) em pacientes com lúpus mostrou resultados promissores. Os participantes foram divididos em dois grupos: um recebeu placebo e o outro, tratamento com ômega 3, sem que eles soubessem a que grupo pertenciam. Aqueles que receberam ômega 3 apresentaram uma melhora significativa na fadiga, além de uma redução nos marcadores de inflamação. (2)

Ômega 3 e doenças intestinais inflamatórias

As doenças intestinais, como a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa, são condições inflamatórias crônicas que afetam o intestino. (1)

Elas ocorrem quando o revestimento interno do intestino reage de forma anormal a bactérias inofensivas, desencadeando uma resposta exagerada do sistema imunológico, o que leva a uma inflamação persistente e danos na parede intestinal. (1)

Estudos mostraram uma forte ligação entre a incidência da Doença de Crohn e a ingestão de ácidos graxos ômega 6, assim como a relação entre a proporção de ômega 6 para ômega 3 na dieta. (1)

Em uma pesquisa de Hansson et al. (1986), eles induziram uma doença intestinal inflamatória em ratos, causando uma grande infiltração de células inflamatórias e aumentando os níveis de citocinas pró-inflamatórias. (1)

No entanto, a administração de RvE1, um derivado do ômega-3, reduziu a infiltração de células inflamatórias e diminuiu a expressão de citocinas inflamatórias, resultando em uma melhoria na sobrevivência dos animais. (1)

Concluindo

Neste texto, exploramos como algumas doenças autoimunes podem ser beneficiadas com o uso dos ácidos graxos ômega 3.

Descobrimos que adicionar ômega 3 à dieta pode reduzir a inflamação relacionada a essas doenças, aliviando os sintomas e complementando os tratamentos convencionais de uma forma natural.

É importante ressaltar que antes de iniciar qualquer suplementação ou fazer mudanças significativas na dieta, é fundamental buscar orientação profissional, como a de um médico ou nutricionista.

Isso garantirá um plano de tratamento seguro e eficaz, adaptado às necessidades individuais de cada pessoa.

FONTES:
  1. CERQUEIRA, Sara Raquel Peixoto. Os ácidos gordos ómega-3 e os seus efeitos anti-inflamatórios. 2013. 83 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013. Disponivel em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4162/1/Os%20%C3%A1cidos%20gordos%20%C3%B3mega-3%20e%20os%20seus%20efeitos%20anti-inflamat%C3%B3rios.pdf. Acesso em 12 abr. 2024.
  2. MOTA, Thainá da Silva. A importância da nutrição nas doenás autoimunes e em especial no lúpus eritematoso sistêmico. 2022. 15 f. Trabalho de Conclusão de Cusro (Bacharelado em Nutrição) – Faculdade de São Lourenço, São Lourenço, 2022. Disponível em: https://portal.unisepe.com.br/saolourenco/wp-content/uploads/sites/10005/2023/05/A-IMPORT%C3%82NCIA-DA-NUTRI%C3%87%C3%83O-NAS-DOEN%C3%87AS-AUTOIMUNES-E.pdf. Acesso em 12 abr. 2024.
  3. FACULDADE DE SAÚDE AVANÇADA. Como a vitamina D e o ômega 3 impactam na doença autoimune. Disponível em: https://saudeavancada.com.br/como-a-vitamina-d-e-o-omega-3-impactam-na-doenca-autoimune/. Acesso em 12 abr. 2024.
  4. BORGES, Mariane Curado et. al. Ácidos graxos ômega-3, estado inflamatório e marcadores bioquímicos de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico: estudo piloto. Revista Brasileira de Reumatologia, v. 57, n. 6, p. 526-534, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbr/a/Hf589HWLWwCtQQSbfqWy89J/?lang=pt&format=pdf. Acesso em 12 abr. 2024.
  5. CARVALHO, Mateus Almeida et. al. Efeito da suplementação de ômega-3 na artrite reumatóide. In: FEPEG Fórum, 11, 2017, Montes Claros. Anais eletrônicos… Montes Claros, Unimontes, 2017. Disponível em: http://www.fepeg2017.unimontes.br/anais/download/1701. Acesso em 12 abr. 2024.

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