As mulheres sabem: fazer parte da população feminina significa que, ao longo da vida, viverão uma série de desafios sociais e transformações fisiológicas que poderão influenciar o funcionamento do corpo e da mente, com etapas repletas de altos e baixos.
Para lidar com qualquer surpresa, é importante que elas possam contar com um modelo de saúde que pondere sobre a individualidade de cada mulher, legitimando suas vivências na sociedade e garantindo que estejam sendo cuidadas como um todo, de modo que a qualidade de vida só aumente.
Considerando esse contexto, vamos falar sobre como a Medicina Integrativa pode ser aliada na promoção da saúde da mulher e as diversas fases pelas quais elas passam.
Um olhar de cuidado para as necessidades femininas
Segundo a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), as mulheres são a maioria da população brasileira e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). (1)
Esse levantamento é interessante, tendo em vista que, até o final do século 20, a ciência médica não levava em consideração as diferenças nos processos de adoecimento e fatores de risco entre homens e mulheres. Naquela época, ocorriam erros estatísticos que condicionaram, muitas vezes, a ineficiência nas respostas a tratamentos para as mesmas patologias entre as duas naturezas. (2)
De certa forma, essa realidade só prejudicou a qualidade de vida das mulheres, que têm necessidades específicas em alguns momentos, como o período gestacional, transtornos relacionados à menstruação, estresse do dia a dia, menopausa etc, que requerem diferentes meios terapêuticos para serem tratados. (2)
Inclusive, as mulheres apresentam maior incidência de transtornos de ansiedade e depressão, alterações do sono, disfunções alimentares, como bulimia e anorexia, além do consumo de substâncias tóxicas. (2)
Mas, felizmente, a ciência segue avançando ao priorizar uma abordagem integral da saúde dessa população através de estudos, programas e iniciativas. Saiba mais no próximo tópico!
Práticas integrativas fazendo a diferença na vida das mulheres
Visando a importância da humanização e do olhar holístico e integral sobre a mulher, surgiu a necessidade de desenvolver estratégias para um atendimento empático e eficaz no âmbito da saúde da mulher. Nesse contexto, as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) vêm aumentando. (1,3)
As PICS são práticas que tratam o indivíduo em sua integralidade e contribuem de forma interdisciplinar no cuidado à saúde. Tendo em mente as mulheres, as PICS podem proporcionar impactos positivos em nível físico, emocional e espiritual, além de promover o empoderamento feminino na medida em que oferece à mulher momentos de interiorização e autoconhecimento. (3)
A utilização das Práticas Integrativas, como aromaterapia, pilates, yoga, produtos fitoterápicos, chás, acupuntura, reflexologia, auriculoterapia, está ganhando espaço no tratamento e alívio de sintomas relacionados à saúde feminina. (1)
Em razão das especificidades provenientes de sua condição de gênero e sexo, as mulheres demandam uma reflexão a respeito da importância do uso de uma assistência cada vez menos intervencionista, medicamentosa e centrada na doença. Por questões culturais, o público feminino é mais propenso a aderir aos tratamentos alternativos e ser submetido a intervenção com medicina integrativa. (3)
Benefícios das práticas integrativas para a saúde da mulher
Como vimos, a Medicina Integrativa se mostra como uma opção viável na promoção da saúde da mulher, trazendo uma gama de benefícios que as ajudam a alcançar uma vida mais plena, sempre em busca por uma melhor qualidade de vida. (3)
Agora, confira de que modo essas práticas integrativas podem agir em diferentes momentos na vida de uma mulher.
1 – Medicina integrativa no período gestacional
O uso de medicamentos fitoterápicos e práticas complementares são amplamente utilizados por gestantes, como gengibre, folhas de limão e de goiaba para a diminuição do inchaço dos pés, náuseas e vômitos. Para a indução do parto, as parteiras indicam a acupuntura, que pode ajudar a normalizar o parto e aliviar dores. (1)
Outras práticas como a acupressão, reflexologia e aromaterapia também se mostraram benéficas na diminuição da dor no trabalho de parto. Além disso, vale ressaltar que o yoga também pode ser um método eficaz no pré-natal ao promover o bem-estar do corpo e da mente. (1)
2 – Medicina integrativa na saúde mental feminina
Aqui, o yoga aparece mais uma vez. Essa prática integrativa se mostrou eficaz para a melhoria da energia, humor, relaxamento mental e corporal, na funcionalidade social de idosas e de dores crônicas. Sem contar que a Yoga é uma das terapias mais úteis para os sintomas relacionados aos traumas, redução da depressão e melhora do sono. (1)
Ainda, há o método de consciência plena na terapia orientada para o corpo (MABT), que demonstrou melhorias nas habilidades direcionadas para o autocuidado na desregulação emocional. (1)
3 – Medicina integrativa para o bem-estar no período menstrual
Suplementos (magnésio, óleo de peixe, cálcio), ervas, yoga e aromaterapia (lavanda) podem ser úteis para a redução de sintomas da tensão pré-menstrual. A erva doce e a marianinha, por exemplo, podem ajudar a diminuir cólicas menstruais, enquanto plantas, como a peônia, são utilizadas como coadjuvantes no tratamento da síndrome pré-menstrual, para ciclos irregulares, períodos intensos e dismenorreia. (1)
Outros exemplos são o óleo de borragem, que pode ajudar agindo principalmente na mastalgia (dor nos seios) e nas famosas cólicas abdominais e o óleo de prímula que, por ser rico em ácido gama-linolênico, também ajuda a atenuar os sintomas da TPM. (4,5)
4 – Medicina integrativa para a saúde da mulher na menopausa
Estudos indicaram que as PICS, como suplementos de ervas, chás e práticas mente-corpo, podem agir na diminuição dos níveis de ondas de calor em mulheres que estão na fase da menopausa. Óleos essenciais de lavanda e isoflavonas de soja, por exemplo, podem ser eficazes. (1)
E tem mais: a acupuntura; exercícios baseados em Pilates; acupressão e aromaterapia também podem auxiliar na melhora do sono da mulher que está na perimenopausa, menopausa e pós-menopausa. (1)
Você conhece a Ginecologia Natural?
Para encerrar essa publicação com chave de ouro, você precisa conhecer a Ginecologia Natural, uma prática que propõe um resgate dos saberes ancestrais associados à saúde feminina e que complementa a medicina mais tradicional. Nela, os tratamentos são incentivados a partir da importância da mulher entender o seu corpo e envolve o uso de plantas, aromas e alimentos para cuidar de incômodos, como corrimentos, e até distúrbios mais sérios, a exemplo da endometriose. (6)
Ei, mulher, o que acha de compartilhar conhecimento com suas amigas e familiares? Essa é uma das heranças que ninguém pode tirar de você.
Fontes:
- SILVA, Isabela de Lima da. Além da medicina tradicional: benefícios das práticas integrativas e complementares na saúde da mulher. 2022. 29 f. Dissertação (Bacharelado em Enfermagem) 0 Faculdade de ciências da Saúde do TRAIRI – FACISA, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Santa Cruz, 2022. Disponível em: <https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/46686/1/AlémDaMedicinaTradicional_Silva_2022.pdf>. Acesso em 26 set. 2022.
- SOCIEDADE PORTUGUESA DE MEDICINA INTEGRATIVA. Mulher e a Saúde Integrativa. Disponível em: <https://spm-integrativa.pt/mulher-e-saude-integrativa/>. Acesso em 26 set. 2022.
- PINHEIRO, Larissa Kerly Costa et al. Integrative and complementary practices: a strategy for the Promotion of women’s health. Research Society and Development, v. 10, n. 17, 2021. Disponível em: <https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/18147>. Acesso em 26 set. 2022.
- E4 Agência. 7º MBNE – Meeting Brasileiro de Nutrição Estética. Eficácia Comprovada dos óleos de borragem e prímula na saúde da mulher. Disponível em <https://nutricaoesteticabrasil.com.br/eficacia-comprovada-dos-oleos-de-borragem-e-primula-na-saude-da-mulher/>. Acesso em 07 out. 2022.
- SANTOS, Tainá dos; LOPES, Gisele Cristiny. Tensão pré-menstrual (TPM): fitoterapia baseada em evidências. Revista Uningá Review, v. 24, n. 3, p. 139-145, 2015. Disponível em: <https://www.mastereditora.com.br/periodico/20151201_201501.pdf>. Acesso em 07 out. 2022.
- LISBOA, Silvia; COIN, Juliana (colab.). A ginecologia natural trata o corpo feminino combinando saberes e té Claudia, 2020. Disponível em: <https://claudia.abril.com.br/saude/ginecologia-natural-medicina-integrativa/>. Acesso em 26 set. 2022.