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Ômega 3: qual a diferença entre EPA e DHA?

Se você é um leitor assíduo do nosso blog e gosta de acompanhar todas as nossas publicações, já ouviu falar sobre o EPA e DHA, dois elementos importantíssimos para a nossa saúde. (1)

Tanto um quanto o outro desempenham uma infinidade de papéis fundamentais no metabolismo humano, mas ainda há muitas questões sobre a diferença entre eles. (2) No texto de hoje, vamos esclarecer essas dúvidas.

Quem é o ômega-3?

De um tempo pra cá, o ômega-3 começou a receber um destaque de causar inveja em outros nutrientes. Inclusive, ele é conhecido como “gordura do bem” e coleciona uma série de benefícios para o corpo humano, como: resguardar a memória, ajudar na perda de peso, fortalecer o sistema imunológico, evitar olho seco, preservar a audição, afastar alguns tipos de câncer, tornar os ossos resistentes e proporcionar um menor risco cardíaco. (3)

O ômega-3 é considerado um ácido graxo essencial, poliinsaturado, que pode ser encontrado em alimentos de origem animal e vegetal. (4) Mas, engana-se quem pensa que todo ômega-3 é igual.

Na verdade, cada formato deste nutriente age de maneira diferente no corpo. Já anota aí, existem três tipos que são os mais conhecidos: ácido alfa-linolênico (ALA); ácido eicosapentaenoico (EPA); e ácido docosa-hexaenoico (DHA). (5)

Hoje, os nossos protagonistas serão o EPA e o DHA.

Uma breve explicação sobre ácidos graxos

A maioria das gorduras naturais são constituídas por 98% a 99% de triglicerídeos que são, primariamente, compostos por ácidos graxos. Esses ácidos graxos, por sua vez, são encontrados na natureza como substâncias livres e que sofrem mudanças químicas em sua composição. (6,7)

Para classificá-los, é preciso considerar a presença ou não de duplas ligações na composição, que determina o grau de saturação do ácido graxo. (7) Desse modo, temos:

  • Ácidos graxos saturados: possuem uma única ligação entre carbonos, ou seja, não contêm duplas ligações. São geralmente sólidos à temperatura ambiente e podem ser encontrados em gorduras de origem animal; (6)
  • Ácidos graxos insaturados: são aqueles que possuem uma ou mais duplas ligações e são mono ou poliinsaturados. Geralmente líquidos à temperatura ambiente, podem ser encontrados em óleos de origem vegetal. (6)

Os ácidos graxos poliinsaturados, como é o caso do ômega-3, não podem ser produzidos pelo organismo humano, com exceção do ômega-9, mas, para que isso ocorra, é necessário que os ácidos ômega-3 e ômega-6 já estejam inseridos em nosso sistema. Eles também atuam em vários processos metabólicos e fisiológicos. (6)

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EPA: combatendo inflamações e cuidando do coração

O EPA é um ácido graxo da família do ômegas-3 muito importante na profilaxia de doenças cardiovasculares e hipertensão. (8,9)

Ao estar incorporado nas membranas celulares, esse nutriente pode ajudar a combater inflamações no corpo – causa comum para muitas condições e doenças -, que estão associadas ao maior risco de doenças cardíacas, câncer e diabetes. O EPA, ainda, pode ajudar a evitar a formação de coágulos sanguíneos, estimulando o bloqueio da agregação plaquetária excessiva. (2,5,7)

O ácido eicosapentaenoico pode influenciar a inflamação a partir de vários mecanismo, do seguinte modo: produzindo mediadores inflamatórios,ou mesmo ação anti-inflamatória; contribuindo para a formação de compostos que atuam como reguladores do sistema imune com ação anti-inflamatória; e diminuindo a produção de proteínas pró-inflamatórias. (10)

O ácido eicosapentaenoico atua no processo inflamatório a partir de vários mecanismos, do seguinte modo: produzindo mediadores  com ação antiinflamatória  e contribuindo para a formação de compostos que atuam como reguladores do sistema imune;  diminuindo a produção de proteínas pró-inflamatórias. (10)

Um estudo apresentado no congresso Transcatheter Cardiovascular Therapeutics (TCT), em 2020, mostrou que o EPA é favorável na redução de eventos cardiovasculares adversos maiores, como o infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Uma outra análise, nomeada EVAPORATE, indicou um retardo na progressão da aterosclerose (acúmulo de placas de gordura nas artérias) com o EPA. (8)

Para finalizar, a suplementação de EPA, além de ajudar na redução de quadros inflamatórios, também exerce um significante efeito imunomodulador, que contribui para o aumento da sobrevida de pacientes acometidos por câncer. (11)

DHA: amigão do cérebro

O ácido docosahexaenoico é um ácido graxo ômega-3 de 22 carbonos e 6 insaturações. Ele está presente nas membranas neurais do córtex cerebral e na retina. Estudos mostram que o DHA está envolvido em vários processos neuronais, entre eles: funcionamento da memória, função excitável da membrana, biogênese e função de células fotorreceptoras, sinalização neuronal e neuroproteção. (12)

Sintetizado principalmente no fígado, o DHA pode ser um grande aliado no tratamento de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica. (7,12)

A baixa taxa de DHA no cérebro é ocasionada pelo estresse oxidativo causado pelos radicais livres e aumento de moléculas que podem levar a um rompimento neuronal e morte celular. Sendo assim, o consumo de DHA bloqueia a produção dessas moléculas e inibe a toxicidade e o estresse oxidativo, havendo uma melhora do raciocínio e aprendizagem. (7,12)

Além de beneficiar o cérebro, o DHA também exerce um papel na maternidade ao prover isolamento crítico para o desenvolvimento do sistema nervoso em crianças, bem como auxilia em seu desenvolvimento visual e cognitivo. (6)

Inclusive, um documento da European Society for Pediatric Gastroenterology Hepatology and Nutrition recomenda pelo menos 200 mg/d de DHA para gestantes, pois esse ácido graxo é essencial para o desenvolvimento cerebral do feto no último trimestre de gestação. (13) 

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EPA vs DHA

Apesar de os estudos sobre esses ácidos graxos estarem sendo cada vez mais ampliados, a abordagem individual de cada um não é muito recente. Para suplementar um ou outro, é preciso identificar qual “problema” deve ser resolvido. No entanto, já é possível apontar algumas distinções entre eles:

  1. Quanto à estrutura, o EPA apresenta 20 átomos de carbono e 5 ligações duplas, enquanto o DHA apresenta 22 átomos de carbono e 6 ligações duplas; (7)
  2. Como vimos, o EPA é mais relacionado ao combate de inflamações e cuidados com a saúde cardiovascular;
  3. Enquanto isso, o DHA brilha quando o assunto é zelar pelo bom funcionamento do cérebro e durante a formação do feto na gestação.

Apesar de identificarmos algumas diferenças, os dois juntos combinam super bem. Não se esqueça: antes de incluir qualquer nutriente no cardápio, consulte um profissional. Felizmente, existem muitos alimentos naturais e suplementos que beneficiam profundamente a nossa saúde. Cabe a cada um de nós ir em busca de informações comprovadas, antes de usufruir das vantagens, sempre buscando uma vida cada vez mais Vital.

Fontes: 
  1. EPA ou DHA: qual óleo é melhor para a função cognitiva? Nutritotal, 2021. Disponível em: <https://nutritotal.com.br/publico-geral/epa-dha-funcao-cognitiva/>. Acesso em 19 ago. 2022.
  2. BROWN, Jessica. Os riscos e benefícios à saúde do consumo de peixe. BBC News Brasil, 2021. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-55399829>. Acesso em 19 ago. 2022.
  3. MANARINI< Thaís. Ômega 3: quando vale a pena tomar. Veja Saúde, 2016. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/alimentacao/omega-3-quando-vale-a-pena-tomar/>. Acesso em 19 ago. 2022.
  4. LOPES, Natália. Ômega 3: quais os benefícios para a saúde? Nutritotal Pro, 2020. Disponível em: <https://nutritotal.com.br/pro/omega-3-quais-os-beneficios-para-saude/>. Acesso em 19 ago. 2022.
  5. SYN, Mia. Ômega-3 (EPA e DHA): os segredos de um coração saudável. Meg-3, 2017. Disponível em: <https://www.meg-3.com/pt_BR/news/Omega-3-EPA-e-DHA-os-segredos-de-um-coracao-saudavel.html>. Acesso em 19 ago. 2022.
  6. ÔMEGAS 3, 6 e 9. Aditivos e Ingredientes, p. 34-40. Disponível em: <https://aditivosingredientes.com/upload_arquivos/201603/2016030481242001459191353.pdf>. Acesso em 19 ago. 2022.
  7. SILVA, Adriana Ferreira da. 2015. 33 f. Ômega 3: os principais benefícios à saúde humana. Monografia (Graduação em Farnácia) – Faculdade de Educação e Meio Ambiente, Ariquemes, 2015. Disponível em: <https://repositorio.faema.edu.br/bitstream/123456789/398/1/SILVA,%20A.%20F.%20-%20ÔMEGA%203..%20PRINCIPAIS%20BENEFÍCIOS%20À%20SAÚDE%20HUMANA.pdf>. Acesso em 19 ago. 2022.
  8. MOREIRA, Humberto Graner. Redução do risco cardiovascular com E-EPA no estudo REDUCE-IT é ainda maior em pacientes pós-ICP. Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2020. Disponível em: <https://www.portal.cardiol.br/post/redu%C3%A7%C3%A3o-do-risco-cardiovascular-com-e-epa-no-estudo-reduce-it-%C3%A9-ainda-maior-em-pacientes-p%C3%B3s-icp>. Acesso em 19 ago. 2022.
  9. NAPOLI, Lilian Brunato. 2012. 27 f. Efeitos do Ômega-3 nas doenças cardiovasculares: uma revisão. Monografia (Especialização em Nutrição Clínica) – Universidade Comunitária, Criciúma, 2012. Disponível em: <http://repositorio.unesc.net/bitstream/1/1085/1/Lilian%20Brunato%20Napoli.pdf>. Acesso em 19 ago. 2022.
  10. CERQUEIRA, Sara Raquel Peixoto. 2013. 83 f. Os ácidos gordos ômega-3 e os seus efeitos anti-inflamatórios. Monografia (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2013. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/4162/1/Os%2520%25C3%25A1cidos%2520gordos%2520%25C3%25B3mega-3%2520e%2520os%2520seus%2520efeitos%2520anti-inflamat%25C3%25B3rios.pdf>. Acesso em 19 ago. 2022.
  11. WAITZBERG, Dan L.; DIAS, Maria Carolina Gonçalves. Novas Terapias Nutricionais para pacientes com câncer. Nutrição em Pauta. Disponível em: <https://www.nutricaoempauta.com.br/lista_artigo_.php?cod=505>. Acesso em 19 ago. 2022.
  12. APPOLINÁRIO, Patricia Postilione. 2013. 137 f. Avaliação do efeito do ácido docosahexaenoico e de seus hidroperóxidos na oligomerização de SOD1 em um modelo da Doença Esclerose Lateral Amiotrófica. Tese (Doutorado em Ciências) – Instituto de Química, Universidade de São Paulo, 2013. Disponível em: <https://teses.usp.br/teses/disponiveis/46/46131/tde-06082013-082744/publico/TeseCorrigidaPatriciaPostilioneAppolinario.pdf>. Acesso em 19 ago. 2022.
  13. KUS-YAMASHITA, Mahyara Markievicz Mancio; MANCINI-FILHO, Jorge. Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes – Ácidos Graxos. São Paulo : ILSI Brasil-International Life Sciences Institute do Brasil, 2017, v. 17. Disponível em: <https://nutritotal.com.br/pro/wp-content/uploads/sites/3/2019/03/Funções_ácidos-graxos.pdf>. Acesso em 19 ago. 2022.

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