Nos últimos anos, temos visto um aumento na expectativa de vida da população, acompanhado de avanços científicos e tecnológicos. Porém, junto com essas mudanças, surgem novas preocupações de saúde. (1)
Um desses tópicos em destaque é a vitamina D, que vai muito além de garantir ossos fortes. Pesquisas revelam que a falta dela pode estar relacionada a doenças crônicas, como câncer e doenças autoimunes, e pode até influenciar nosso sistema imunológico. (1)
A seguir, vamos falar sobre os sinais de insuficiência de vitamina D e como isso pode impactar a sua saúde.
Na verdade, a vitamina D é um hormônio
Embora seja chamada de vitamina, a vitamina D é, na realidade, um hormônio. Sua função principal é manter o equilíbrio do cálcio e do fósforo no corpo, trabalhando em conjunto com as glândulas paratireoides, rins e intestinos. (2)
A vitamina D é produzida pelo nosso corpo quando nos expomos ao sol e também pode ser obtida através da alimentação ou de suplementos. (3) Os principais tipos de vitamina D são o ergocalciferol (vitamina D2) e o colecalciferol (vitamina D3). (4)
A vitamina D2 é geralmente encontrada em plantas, cogumelos, alimentos fortificados ou em suplementos vitamínicos. Enquanto isso, a vitamina D3 pode ser obtida a partir de alimentos e suplementos, mas é principalmente produzida pela pele após a exposição solar. (4)
Manter níveis adequados de vitamina D é recomendado como um fator de proteção contra uma série de problemas de saúde, incluindo questões musculares, ósseas, infecciosas, câncer, doenças autoimunes, doenças cardíacas, diabetes e problemas cognitivos. (5)
A deficiência de vitamina D é mais comum do que você pensa
No Brasil, a falta de vitamina D afeta pessoas de todas as idades. Cerca de 60% dos adolescentes, 40 a 58% dos adultos jovens e até 83% dos idosos têm níveis baixos dessa vitamina. (4)
Essa situação se deve, em grande parte, ao nosso estilo de vida moderno, no qual passamos menos tempo ao sol. O uso regular de protetor solar também contribui para essa falta de vitamina D. Crianças, gestantes e idosos são os grupos mais suscetíveis à deficiência e insuficiência de vitamina D. (2, 3)
Além disso, vários outros fatores desempenham um papel nesse cenário, como a presença de pele escura (onde a melanina age como uma espécie de filtro solar natural), viver em regiões de baixa latitude, a chegada do inverno, o processo de envelhecimento, o uso de vestimentas que cobrem a maior parte do corpo e a condição de obesidade. (2)
10 sinais de uma possível deficiência de vitamina D
Em certos casos, a deficiência de vitamina D pode passar despercebida, mas na maioria das situações, alguns sinais são mais evidentes, tais como: (4)
- Fadiga: pode causar fadiga, resultando em uma sensação de cansaço e diminuição da disposição física e mental; (6)
- Atraso no crescimento e desenvolvimento: em casos moderados, a hipovitaminose pode levar a um atraso no crescimento e desenvolvimento, especialmente em crianças; (4)
- Dores ósseas: pessoas com deficiência de vitamina D podem experimentar dores ósseas, principalmente mulheres; (4, 6)
- Irritabilidade: a irritabilidade também pode ser um sintoma da deficiência de vitamina D; (4)
- Fraqueza muscular: a falta de vitamina D pode causar fraqueza muscular, especialmente na musculatura próxima às articulações. Isso aumenta o risco de quedas e fraturas, principalmente em idosos; (3)
- Dificuldades neurológicas: a deficiência de vitamina D pode levar a distúrbios neurológicos, como depressão, ansiedade, distúrbios do sono, baixa resiliência ao estresse e cognitivo; (6)
- Problemas musculares: pode levar a problemas nos músculos esqueléticos, incluindo redução no desempenho aeróbico, força e potência muscular; (6)
- Alterações histológicas: pode levar a problemas ósseos como osteomalácia (em adultos) e raquitismo (em crianças). Nestes casos, os ossos não se formam ou se mineralizam corretamente, resultando em ossos mais fracos e frágeis; (7)
- Elevação nas concentrações de PTH: na insuficiência de vitamina D, há um aumento nas concentrações de PTH (hormônio da paratireoide), o que pode indicar efeitos negativos na saúde dos ossos e geral; (7)
- Hipocalcemia e hipofosfatemia: a deficiência de vitamina D pode levar a baixos níveis de cálcio e fosfato no sangue. (7)
E quando o problema é ter vitamina D demais?
O excesso de vitamina D pode ser prejudicial, causando problemas de saúde devido ao aumento da absorção de cálcio e fósforo. Isso pode resultar em níveis elevados de cálcio no sangue, excesso de cálcio na urina e um aumento no fósforo no corpo. (3)
Essa condição é conhecida como hipercalcemia e hipercalciúria, e pode levar a fraqueza, calcificação de tecidos moles, formação de pedras nos rins e, em casos graves, até mesmo coma ou morte. (3)
Os sintomas da hipercalcemia incluem perda de apetite, sede constante, micção frequente, prisão de ventre, irritabilidade, fraqueza, dificuldade em ganhar peso e reflexos exagerados. (3)
É importante monitorar regularmente os níveis de 25(OH)D no sangue, especialmente se você estiver tomando suplementos de vitamina D por via oral, para evitar a intoxicação por excesso da vitamina. (3)
Se esses níveis se tornarem muito altos, medidas devem ser tomadas para prevenir problemas de saúde. (3)
Como aumentar a absorção de vitamina D?
Exposição solar adequada
Para adultos de pele clara, a exposição ao sol de braços e pernas por cerca de 5 a 15 minutos, entre 9h e 15h, três vezes por semana (dependendo da latitude, estação do ano e pigmentação da pele) pode ser suficiente para a produção de vitamina D. (5)
No entanto, lembre-se de que essa recomendação pode variar para idosos, cuja capacidade de síntese cutânea é reduzida. (5)
Reduzir o uso excessivo de protetor solar
Filtros solares com fator de proteção solar (FPS) 30, quando aplicados corretamente, podem reduzir significativamente a produção de vitamina D na pele. Portanto, minimizar o uso excessivo de protetor solar, especialmente durante a exposição solar recomendada, pode ajudar na síntese de vitamina D. (5)
Avaliar a necessidade de suplementação
Se você tem dificuldade em obter vitamina D suficiente através da exposição solar ou da alimentação, pode ser apropriado considerar suplementos de vitamina D, sob orientação de um profissional de saúde. Isso é especialmente relevante para idosos e indivíduos com necessidades específicas. (5)
Como vimos, é crucial entender o papel da vitamina D na nossa saúde, especialmente porque nossa vida diária muitas vezes nos impede de obter exposição adequada ao sol.
Se você acha que pode ter deficiência de vitamina D, é essencial reconhecer os sinais desta condição. Para obter orientação sobre como cuidar melhor da sua saúde, certifique-se de se informar sobre o assunto e conversar com um profissional de saúde. Quem ama se cuida!
Fontes:
- KRATZ, Daniela Barbosa; SOARES E SILVA, Giancarlos; TENFEN, Adrielli. Deficiência de vitamina D (250H) e seu impacto na qualidade de vida: uma revisão de literatura. Uniasselvi – Pós-Graduação, 2018. Disponível em: https://www.rbac.org.br/artigos/deficiencia-de-vitamina-d-250h-e-seu-impacto-na-qualidade-de-vida-uma-revisao-de-literatura/. Acesso em 25 out. 2023.
- MONTEIRO JÚNIOR, Francisco C. Deficiência de vitamina D: um novo fator de risco cardiovascular. Revista da Universidade Federal do Maranhão, v. 5, n. 2. Disponível em: http://sociedades.cardiol.br/nn/revista/pdf/revista_v5n2/03-revisao-vitaminad.pdf. Acesso em 25 out. 2023.
- GALVÃO, Leticia Oba et. al. Considerações atuais sobre a vitamina D. BSBM, v. 50, n. 4, 2013. Disponível em: https://rbm.org.br/details/113/pt-BR. Acesso em 25 out. 2023.
- CÂNDICO, Marília de Barros. Hipovitaminose D: uma revisão de literatura. 59 f. 2020. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Farmácia) – Centro de Educação e Saúde, Universidade Federal de Campina Grande, Cuité, 2020. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/bitstream/riufcg/16797/3/MARÍLIA%20DE%20BARROS%20CÂNDIDO%20-%20TCC%20BACHARELADO%20EM%20FARMÁCIA%20CES%202020.pdf. Acesso em 25 out. 2023.
- ROLIZOLA, Patricia M. Donato et. al. Insuficiência de vitamina D e fatores associados: um estudo com idosos assistidos por serviços de atenção básica à saúde. Ciênc. saúde coletiva, v. 27, n. 2, 2022. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2022.v27n2/653-663/. Acesso em 25 out. 2023.
- OLIVEIRA, Gabriela Tibúrcio; KOZAK, Gabriella. A deficiência de votamina D e sua relação com o quadro de fadiga: uma revisão de literatura. 2022. Disponível em: https://faculdadespequenoprincipe.edu.br/enepe/wp-content/uploads/2022/11/A-DEFICIENCIA-DE-VITAMINA-D-E-SUA-RELACAO-COM-O-QUADRO-DE-FADIGA-UMA-REVISAO-DE-LITERATURA.pdf. Acesso em 25 out. 2023.
- PEDROSA, Márcia A. Carneiro; CASTRO, Marise Lazaretti. Papel da vitamina D na função neuro-muscular. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 49, n. 4, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/abem/a/Lzjvc9fV47KFxrDKRSDn5rv/?format=html&lang=pt. Acesso em 25 out. 2023.