Dermatite Atópica: as emoções na manifestação dos sintomas

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dermatite

A dermatite atópica é uma doença inflamatória não contagiosa que afeta a pele, causando lesões e coceira intensa. Embora seja mais comum na infância, ela pode surgir  e persistir na idade adulta. (1, 2, 3)

Mas o que muitos não sabem é que a saúde emocional também pode influenciar a dermatite atópica. Isso porque o estresse e outros fatores psicológicos podem desencadear ou agravar os sintomas da doença. (2, 3)

Neste texto, vamos falar sobre a relação entre a dermatite atópica e o estado emocional. Vamos entender como o estresse pode afetar a pele e como podemos lidar com essa condição de forma integral. Ficou interessado? Então, continue a leitura!

A pele é o espelho do funcionamento do organismo

A pele é o maior órgão do corpo humano e desempenha diversas funções importantes, como proteger contra agressões do ambiente, facilitar trocas fisiológicas essenciais e ser o meio para o contato físico e a transmissão de sensações físicas e emoções.(4,5)

Além de sentir o ambiente, a pele também consegue captar sinais do nosso mundo interior, ou seja, nossas emoções. Por exemplo, podemos ficar pálidos de susto, corar de vergonha, suar quando estamos nervosos ou até ficar arrepiados de medo. Até quando estamos com calor ou frio, a pele está lá para nos ajudar a perceber e entender isso. (4, 5)

Ainda há muito a ser compreendido sobre como os processos mentais e as reações emocionais estão relacionados às doenças de pele. No entanto, sabe-se que a dermatite atópica é uma condição em que a conexão entre o sofrimento psíquico e os sintomas físicos é mais clara. (4)

Uma visão psicossomática da relação entre dermatite atópica e emoções 

A psicossomática é um tipo de medicina que estuda como a mente, as emoções e o corpo estão conectados. Ela se concentra em entender como os sentimentos e conflitos emocionais podem afetar os sintomas físicos. (6)

Todos nós tendemos a sentir e expressar emoções fisicamente quando enfrentamos situações que são difíceis de lidar emocionalmente. Essas reações físicas podem ser vistas como uma forma de dificuldade em transformar esses sentimentos em palavras ou símbolos. (6)

Nesse contexto, a dermatite atópica pode ser vista como uma maneira que as pessoas com essa condição encontram para expressar suas emoções. Trata-se de uma disfunção do contato com o mundo interior e exterior, relacionado o surgimento de lesões cutâneas a situações de estresse e ansiedade. (6) 

dermatite emocional

O estresse como gatilho da dermatite atópica

O estresse é uma resposta fisiológica e psicológica a uma ameaça ou desafio percebido. Esse desafio, também conhecido como estressor, pode ser físico ou psicológico.(7)

Quando um estressor é percebido, o corpo libera uma série de hormônios, como o cortisol e a adrenalina. Esses hormônios atuam no sistema nervoso central e no sistema endócrino, causando uma série de mudanças físicas e psicológicas. (7)

A maioria das pessoas que sofrem de dermatite atópica relatam experiências infelizes e seus sintomas tendem a piorar em situações de estresse, ansiedade ou preocupação. (3)

O estresse crônico, especialmente na infância, é apontado como um fator que pode desequilibrar o sistema imunológico, levando a uma reação ao estresse que resulta em níveis aumentados de adrenalina e noradrenalina. (3)

Se indivíduos com neurodermatite estiverem expostos a estresse mental intenso por um longo período, o corpo pode não conseguir produzir cortisol, o hormônio do estresse, em quantidade suficiente para conter a inflamação, resultando em surtos graves de dermatite atópica. (3)

Além disso, a dermatite atópica está associada a um aumento nos níveis de ansiedade. Os sintomas da dermatite atópica podem gerar ansiedade e afetar significativamente a qualidade de vida, especialmente o funcionamento social e o bem-estar psicológico em pacientes com dermatite atópica associada a outras condições como depressão, hipertensão, diabetes e psoríase. (2) 

dermatite atópica

A influência dos relacionamentos familiares na dermatite atópica

Spitz (1977) destacou em seus estudos que problemas nas relações entre mãe e criança, especialmente se ocorrerem antes do desenvolvimento da fala, podem ser um fator causador da dermatite atópica. (5)

O autor sugere que uma combinação da excitabilidade da criança e a incapacidade de uma mãe imatura e hostil em satisfazer as necessidades táteis da pele do bebê pode levar a distúrbios na pele da criança. (5)

Por outro lado, Gil e Sampson (1989), observaram que crianças provenientes de famílias com alto grau de independência e organização apresentam sintomas menos graves, como menor área afetada, menor persistência e menos coceira noturna. (2)

Famílias que valorizam rotinas regulares, autoconfiança, pensamento independente e responsabilidades claras estão associadas a sintomas menos intensos da dermatite atópica em seus filhos. (2)

Como lidar com a dermatite atópica de forma integral?

Para evitar a piora dos sintomas de dermatite atópica associados a fatores emocionais, é recomendada uma abordagem multidisciplinar. Aqui estão algumas medidas que podem ajudar:

  • Equipe multidisciplinar: incluir profissionais como dermatologista, psiquiatra, biomédicos e psicólogo na equipe de tratamento para abordar tanto os aspectos físicos quanto emocionais da dermatite atópica(3)
  • Manejo clínico: adotar uma abordagem no “aqui e agora” no manejo clínico dos pacientes, explorando elementos da experiência relatada para aumentar a consciência emocional e encontrar formas saudáveis de lidar com as emoções. (6) 
  • Acolhimento e rede de apoio: destacar a importância do acolhimento e de uma rede de apoio, envolvendo familiares, amigos e colegas de trabalho, para proporcionar um ambiente positivo e de suporte emocional. (1)
  • Tratamento otimizado: assegurar que o paciente receba tratamento otimizado, combinando estratégias médicas para o controle da dermatite atópica e suporte psicológico para melhorar o bem-estar, qualidade de vida e perspectivas profissionais e pessoais. (1)

A dermatite atópica é uma doença crônica que pode interferir na autoestima das pessoas que a possuem. Precisamos entender que cuidar da saúde mental deve ser uma de nossas prioridades. Isso é um ato de amor com si próprio e, diferente do que muitas pessoas imaginam, além de contribuir para o bem-estar, pode contribuir também para a nossa saúde física.

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FONTES:
  1. RODRIGUES, Karla. Dermatite atópica causa impactos emocionais e neuropsiquiátricos importantes. Jornal da USP, 2022. Disponível em: https://jornal.usp.br/atualidades/dermatite-atopica-causa-impactos-emocionais-e-neuropsiquiatricos-importantes/. Acesso em 09 jan. 2024.
  2. FERREIRA, Vinícius Renato Thomé; MÜLLER, Marisa Campio, JORGE, Hericka Zogbi. Dinâmica das relações em famílias com um membro portador de dermatite atópica: um estudo qualitativo. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 3, p. 617-625, Maringá, 2006. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pe/a/Q5zZD9KgckWs3YN9CVdDGYh/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 09 jan. 2024.
  3. NUNES, Camila Ferreira. A influência do estresse sobre a dermatite atópica em adultos: revisão bibliográfica. Research, Society and Development, v. 11, n. 16, 2022.
  4. FONTES NETO, Paulo T. L. et. al. Avaliação dos sintomas emocionais e comportamentais em crianças portadoras de dermatite atópica. Rev. Psiquiatr., v. 27, n. 3, Rio Grande do Sul, 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rprs/a/pXjKXCFffyyB3Xr4BQfxjkB/. Acesso em 09 jan. 2024.
  5. HOFFMANN, Fernanda Silva; ZOGBI, Hericka; FLECK, Patrícia; MÜLLER, Marisa Campio. A integração mente e corpo em psicodermatologia. Psicol. Teor. Prat., v. 7, n. 1, São Paulo, 2005. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-36872005000100005. Acesso em 09 jan. 2024.
  6. MALLMANN, Loivo José. Dermatite atópica: a psicossomática na perspectiva da gestalt-terapia. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, v. 6, a. 6, e. 7, p. 32-52, 2021. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/psicologia/gestalt-terapia#google_vignette. Acesso em 09 jan. 2024.
  7. MELO, Manuela Sobral Bentes de; ROCHA, Nara Freire Leão; MAGALHÃES, Stéfany Silva; SOUSA, Lais Landim. Influência de fatores emocionais nas doenças crônicas de pele: O estresse como gatilho para o desenvolvimento, reincidência ou agravamento da psoríase. Id on Line Revista Multidisciplinar e de Psicologia, v. 13, n. 46, p. 584-608, 2019.

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