Doença de Hashimoto: como a alimentação pode ajudar?

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hashimoto

Você saberia nos dizer qual a primeira glândula endócrina que aparece durante o desenvolvimento embrionário? A resposta certa é a tireoide. (1)

Localizada no pescoço, logo abaixo do “gogó”, esse órgão pode ser o alvo de muitos problemas que afetam a integridade do seu próprio funcionamento. Um deles é a doença de Hashimoto. (2)

Se você nunca ouviu falar dessa disfunção, está no lugar certo. Na publicação de hoje, vamos abordar sobre essa doença que afeta, em sua maioria, mulheres, mas que também pode se apresentar em pessoas idosas e até mesmo crianças. (2) Continue por aqui para saber mais!

A tireoide e o tireoidismo

Responsável pela produção e regulação hormonal, a tireoide é uma glândula essencial para o crescimento, reprodução e normalização do metabolismo. A sua principal função é armazenar e sintetizar os hormônios tiroxina (T4), triiodotironina (T3) e calcitonina.(3,4)

Esses hormônios atuam nos tecidos e exercem uma atividade de regulação metabólica celular, influenciando o crescimento e o desenvolvimento do sistema nervoso durante a vida fetal e na fase adulta. Também desempenham funções no metabolismo das proteínas, dos lipídios e dos hidratos de carbono, além de outros compostos. (1,4)

Os hormônios tireoidianos são essenciais para a preservação da qualidade de vida, mas o problema é quando o funcionamento da glândula está fora do normal, o que pode causar problemas na tireoide. (1)

Quando há uma quantidade insuficiente de hormônios circulantes da glândula tireoide para suprir uma função orgânica, configura-se como hipotireoidismo. (5) Por outro lado, quando há um excesso dos hormônios liberados, representa um quadro de hipertireoidismo. (4)

Sendo assim, essa glândula também pode se tornar vítima das famosas “ites”, como a tireoidite, que se trata de um conjunto de doenças inflamatórias que afetam a tireoide. Uma delas é a Tireoidite de Hashimoto ou Doença de Hashimoto, inserida principalmente no grupo de hipotireoidismo primário e que você vai conhecer melhor no próximo tópico. (5,6)

Hashimoto

A Doença de Hashimoto

Em 1912, o Dr. Hakaru Hashimoto descreveu 4 pacientes com alterações crônicas na tireoide as quais denominou de “struma lymphomatosa”. Mais tarde, essa disfunção recebeu diversos nomes, como Tireoidite de Hashimoto. (1)

A Tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune, reconhecida pelo caráter inflamatório da tireoide. Devido a essa alteração na tireoide, os anticorpos produzidos pelo organismo acabam atacando as células tireoidianas e destruindo-as, tornando-se uma das causas mais frequentes de hipotireoidismo. (2,7)

Consequentemente, essa redução da produção dos hormônios tireoidianos desencadeia sintomas como fadiga, ganho de peso, constipação, aumento da sensibilidade ao frio, pele seca, depressão, entre outros. O principal sintoma da doença de Hashimoto é a presença de um bócio (chamado popularmente de “papo”) indolor, que pode não aparecer no estágio avançado da doença. (6,8)

Ainda não se sabem as causas exatas para o surgimento da Tireoidite de Hashimoto, mas assim como as outras doenças autoimunes existentes, os principais gatilhos para o seu desenvolvimento envolvem fatores genéticos e estímulos ambientais, como o estilo de vida e a alimentação. (8)

Hashimoto

Impactos da alimentação e da nutrição na Doença de Hashimoto

 Falando em estilo de vida, a alimentação é um fator crucial para manter a boa saúde da tireoide e evitar o desenvolvimento de doenças autoimunes, como a de Hashimoto. Inclusive, para que a glândula possa exercer sua função normalmente, é necessário a ingestão adequada de iodo e de outros micronutrientes, tais como cobre, ferro, vitamina A, vitamina D, selênio e zinco. (4)

No entanto, é preciso de atenção redobrada quando falamos do iodo. Ocorre que, apesar de ele ser a matéria-prima de fabricação dos hormônios tireoidianos, o excesso desse elemento pode culminar em lesões nas células tireoidianas. E mais: o iodo pode levar a modificações de algumas proteínas da tireoide, que passam a não serem reconhecidas pelo sistema imunológico e atacadas. (2)

Então, vá devagar no consumo de substâncias que contém iodo, como o sal de cozinha e produtos manufaturados. Alimentos como a soja, repolho, nabo e couve também devem ser evitados, pois as substâncias bociogênicas (ou seja, capazes de aumentar o volume da tireoide) encontradas em sua composição, podem interferir na produção de hormônios tireoidianos e na sua ação no organismo. (2,9)

Por outro lado, um mineral que você pode abraçar é o selênio, já que ele desempenha um papel fundamental no equilíbrio dos hormônios tireoidianos, sendo a tireoide o local de maior concentração desse nutriente. (8)

A deficiência desse mineral no organismo pode, inclusive, aumentar as espécies reativas de oxigênio, levando a danos oxidativos na estrutura folicular da glândula, o que ativa o sistema imune e a conversão ineficiente de hormônios tireoidianos. (10)

A vitamina D é outro nutriente de destaque por conta de suas propriedades imunomoduladoras, sendo capaz de conduzir um efeito protetor nas doenças autoimunes. (10) Todavia, não há evidências científicas suficientes que apoiem 100% o uso dessas substâncias como estratégia terapêutica na doença de Hashimoto. Portanto, o mais recomendado é sempre procurar a orientação de um profissional, principalmente os especialistas em endocrinologia e metabologia, para cuidar e tratar da glândula tireoide.

Como vimos, a Doença de Hashimoto tem um caráter inflamatório. Considerando esse aspecto, julgamos importante que você saiba quais alimentos podem reduzir ou aumentar as inflamações no organismo.

Aqui no blog, já citamos o ácido graxo EPA e a cúrcuma como aliados contra a inflamação. No entanto, como já dissemos, você deve sempre buscar orientação médica antes de incluir qualquer substância na dieta, combinado?

FONTES:
  1. KUHNERT, Lia Rafaella Ballard. Tireoidite de Hashimoto, aspectos fundamentais e importância da diferenciação de métodos diagnósticos de espécies imunológicas e hormonais. 2013. 62 f. Dissertação (Graduação em Biomedicina) – Instituto Biomédico, Faculdade Federal Fluminense, Niterói, 2013. Disponível em: <​​https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/5180/Lia%20Rafaella%20Ballard%20Kuhnert%202013.2%20TCC.pdf;jsessionid=101E8B4EE5427D3F52AA23594DC0D39D?sequence=1>. Acesso em 08 dez. 2022.
  2. DEPARTAMENTO DE TIREOIDE DA SBEM. Tireoidite de Hashimoto. 2018. Disponível em: <https://www.tireoide.org.br/tireoidite-de-hashimoto/>. Acesso em 08 dez. 2022.
  3. NÓBREGA, Citânia Cordeiro da et. al. Tireoidite de Hashimoto: aspectos imunológicos e patogênicos. Revista Multidisciplinar em Saúde, v. 2, n. 2, 2021. Disponível em: <https://editoraime.com.br/revistas/index.php/rems/article/view/1011>. Acesso em 08 dez. 2022.
  4. SILVA, Liliana Isabel Santos da. Abordagem Nutricional na Função da Tireóide. 2018. 18 f. Revisão Temática (1º Ciclo em Ciências da Nutrição) – Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, Universidade do Porto, Porto, 2018. Disponível em: <https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/115050/2/281123.pdf>. Acesso em 08 dez. 2022.
  5. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Tireoidite. 2008. Disponível em: <https://www.endocrino.org.br/tireoidite/>. Acesso em 08 dez. 2022.
  6. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLISMO; SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSIQUIATRIA. Hopotireoidismo: Diagnóstico. 2011. Disponível em: <https://amb.org.br/files/ans/hipotireoidismo-diagnostico.pdf>. Acesso em 08 dez. 2022.
  7. FERNANDES, Thaís da Silva. Repercussões fisiopatológicas e clínicas da Doença de Hashimoto. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, v. 7, a. 6, ed. 6, p. 155-168, 2021. Disponível em: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/doenca-de-hashimoto>. Acesso em 08 dez. 2022.
  8. KAMINAGAKURA, Carina L. Nicastro; MARRONE, Lucievelyn. Efeitos da suplementação de selênio em indivíduos com Tireoidite de Hashimoto. Rev. Terra & Cult., v. 38, n. especial, p. 87-107, Londrina, 2022. Disponível em: <http://periodicos.unifil.br/index.php/Revistateste/article/view/2587/2356>. Acesso em 08 dez. 2022.
  9. SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA. Alimentação e Tireoide. 2013. Disponível em: <https://www.endocrino.org.br/alimentacao-e-tireoide/>. Acesso em 08 dez. 2022.
  10. VILELA, Luana R. Rocha; FERNANDES, Daniela Canuto. Vitamina D e Selênio na Tireoidite de Hashimoto: espectadores ou jogadores? Demetra, v. 13, n. 1, p. 241-262, 2018.

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