A alimentação pode influenciar nos sintomas de TDAH

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Sabe aquele seu amigo – ou até mesmo você – que é bastante agitado, quase sempre perde o fio da meada ao longo da conversa e geralmente age por impulso? Talvez, essa pessoa esteja entre os 5% a 8% da população mundial que apresenta TDAH, segundo dados da Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA). (6)

Apesar de ser bastante comum, ainda restam muitas dúvidas sobre essa disfunção, principalmente quando falamos da sua relação com a alimentação. Por isso, neste texto, vamos abordar essa pauta tão relevante para os dias de hoje. Continue por aqui e saiba mais. 

O que é TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é uma desordem neurobiológica que se manifesta pela desatenção, desorganização e comportamentos de hiperatividade e/ou impulsividade. A prevalência do diagnóstico é mais comum na infância, mas, em muitos casos, pode chegar na vida adulta, principalmente em pessoas do sexo masculino. (1,2,3)

Atualmente, existem três subtipos de TDAH. São eles:

  • Predominantemente hiperativa/impulsiva: é a necessidade constante de se manter em movimento, com comportamentos impulsivos, mas sem problemas de atenção;(2)
  • Predominantemente desatenta: dificuldade em manter a atenção, mas não tem comportamentos de hiperatividade/impulsividade, sendo muitas vezes classificada apenas como déficit de atenção; (2)
  • Combinada: aqui, associam-se os comportamentos de hiperatividade/impulsividade com o déficit de atençã (2)

Representado por alterações dos sistemas motores, perceptivos, cognitivos e do comportamento, o TDAH parece ter natureza multifatorial. Sendo assim, suas causas podem estar relacionadas a fatores genéticos, psicossociais e ambientais. (2,3,4)

Portanto, com destaque para os os fatores ambientais, podemos associar as causas do TDAH com os seguintes exemplos: mãe fumante durante a gravidez; estresse emocional ou adversidade familiar durante a gravidez e início da vida; baixo peso ao nascimento; falta de oxigenação no sangue; encefalite; trauma; exposição ao chumbo e injúrias cerebrais causadas por distúrbios metabólicos. (1)

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Fique de olho nos sintomas, o TDAH precisa de atenção

Quando o TDAH não é tratado, os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade podem comprometer o desempenho nas atividades escolares, no trabalho ou no dia a dia, isso sem contar que as relações interpessoais também podem ser abaladas. Consequentemente, acaba gerando baixa autoestima e elevando o grau de insatisfação em várias áreas do desenvolvimento humano. (1)

Inclusive, pessoas com TDAH não tratado estão mais propensas ao abuso de tabaco, álcool e substâncias ilícitas, o que pode ocasionar outros transtornos psiquiátricos e mais envolvimento em infrações e acidentes de trânsito. Para se ter uma ideia, crianças e adolescentes com TDAH têm duas vezes mais chances de se tornarem usuários de drogas do que a população geral. (1)

Portanto, a procura pelo diagnóstico e tratamento é fundamental para garantir uma melhor qualidade de vida. Quando há desconfiança dessa condição, é essencial procurar assistência profissional.

A qualidade da alimentação como um fator de risco para o TDAH

Agora que você já sabe um pouco mais sobre o TDAH, vamos falar sobre a relação dele com a nutrição. Como dissemos, esse distúrbio pode ser causado por diversos fatores ambientais, e um deles é a carência de nutrientes. Nesse caso, é importante ressaltar que as deficiências nutricionais têm um impacto significativo no desenvolvimento e funcionamento do cérebro, especialmente quando essas falhas ocorrem no início da vida ou durante a gravidez. (3)

Embora a associação da desnutrição como um fator de causa para o desenvolvimento de TDAH não seja totalmente esclarecida, já é sabido que um indivíduo com o estado nutricional inadequado desde a infância pode ter a capacidade cognitiva afetada, principalmente quando se trata das funções executivas do cérebro. (3)

Uma das consequências da falta de uma boa nutrição para a saúde cerebral é a alteração dos níveis dos neurotransmissores – importantes para o tratamento do TDAH -, como serotonina, dopamina, norepinefrina e acetilcolina, o que resulta em alterações neuroanatômicas, neuroquímicas ou neurometabólicas. (3,4)

Portanto, não podemos negar a importância da alimentação para manutenção da funcionalidade e integridade do cérebro. (2) Desse modo, além de a falta de nutrientes ser um fator de risco para o desenvolvimento de TDAH, esse fator também pode exercer influência em indivíduos já diagnosticados. Falaremos mais sobre isso no próximo tópico.

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Nutrir para viver melhor com o TDAH

É comum indivíduos com TDAH apresentarem carências e desequilíbrios nutricionais. Mas, apesar de existirem controvérsias sobre a razão disso acontecer, as hipóteses apontam que a própria doença pode aumentar as necessidades nutricionais – tendo em vista a dificuldade de atenção no momento de realizar a refeição – ou até mesmo os impactos dos medicamentos, que podem gerar, por exemplo, a inibição de apetite. (4,5)

Alimentos processados e industrializados podem agravar os sintomas do TDAH e interagir de forma negativa, principalmente no aumento dos níveis de hiperatividade. Além disso, o consumo de açúcar refinado também pode agravar o controle de hormônios e neurotransmissores. (4,5)

Por outro lado, uma alimentação equilibrada e variada, rica em vitaminas e minerais, pode ajudar a reduzir os sintomas característicos do TDAH, melhorando a qualidade de vida do paciente. (5)

Além disso, o reestabelecimento e/ou manutenção de uma flora intestinal saudável é essencial para o melhor aproveitamento de triptofano, usado para a síntese de serotonina, que é um neurotransmissor muito importante para promover a sensação de bem-estar e diminuição dos níveis de agitação e ansiedade. (4)

A seguir, vamos listar os principais nutrientes que podem fazer parte da dieta de pessoas com TDAH:

1 – Ferro

Esse mineral desempenha ações essenciais nas funções neurológicas e neurotransmissoras. Quando se encontra em quantidades deficientes no organismo, o ferro é associado a um pobre desenvolvimento cognitivo e comportamental. (3)

A falta desse nutriente pode provocar sintomas como a diminuição da atenção, dificuldade em despertar e capacidade de resposta. Assim, uma dieta rica em ferro pode auxiliar na terapêutica do Distúrbio do Déficit de Atenção e Hiperatividade e na redução dos traços da doença. (3,5)

2 – Ácidos graxos essenciais

Todos os nutrientes são importantes para o desenvolvimento estrutural do Sistema Nervoso Central, porém os ácidos graxos essenciais ômega 3 e 6, principalmente o 3, se destacam de forma brilhante. Isso porque os ácidos graxos pertencentes à família ômega 3 (EPA e DHA) possuem ação em fases decisivas no desenvolvimento desse sistema e são fundamentais para o desenvolvimento do cérebro humano. (4)

Quando os ácidos graxos essenciais estão deficientes na dieta, eles podem contribuir para o surgimento de distúrbios do sistema nervoso e desempenho cerebral. Evidências indicam que a falta de ômega 3 no organismo parece estar relacionada às alterações do humor e/ou impulsividade na maioria dos pacientes com TDAH. Portanto, ao serem incluídos no tratamento do transtorno, é possível alcançar uma melhora em algumas comorbidades características, como depressão, desordem bipolar, entre outras. (3,5)

3 – Zinco

Evidências apontam que a carência de zinco no organismo pode afetar o desenvolvimento cognitivo. Esse nutriente é primordial para o crescimento, função imunológica e desenvolvimento neurológico.

Inclusive, diversas pesquisas sugerem a associação dos baixos níveis de zinco a uma piora nos sintomas do TDAH. Em contrapartida, a suplementação desse mineral é tida como positiva para lidar com o transtorno. (3)

4 – Magnésio

O magnésio é essencial para a formação da serotonina, conhecida como o “hormônio do bem-estar”. Baixas concentrações de serotonina estão associadas em alterações de humor, ansiedade, irritabilidade e hiperatividade, além disso, a falta desse mineral nos primeiros anos de vida pode prejudicar o desenvolvimento neural e comportamental. (4)

Uma pesquisa realizada com 116 crianças com TDAH demostrou que as crianças com deficiência de magnésio e suplementadas com o mineral durante 6 meses (em conjunto com o uso de medicamentos) apresentaram uma diminuição na hiperatividade em comparação com as que fizeram apenas o tratamento padrão com medicamentos. (4)

5 – Vitamina D

Um estudo realizado com crianças de 5 a 13 anos de idade demonstrou que crianças hiperativas apresentam uma grande deficiência de vitamina D comparadas com aquelas que não têm a disfunção. Ainda, foi apontado que os efeitos gerados pela falta da vitamina D podem levar o paciente a ter dificuldades no desenvolvimento e função do cérebro. (5)

Como vimos, a alimentação inadequada pode não só aumentar os riscos de desenvolvimento de TDAH, bem como pode ser um fator de agravamento de sintomas de quem já lida com o transtorno. Por isso, evitar alimentos processados e ter uma alimentação saudável é importante para ter maior qualidade de vida. Lembrando sempre que esse processo deve ser acompanhado por um profissional da saúde.

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FONTES:
  1. ANDRADE, Cristiane R. Mendonça de et al. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Revista Médica de Minas Gerais, v. 21, n. 4, 2011. Disponível em: <​​https://rmmg.org/artigo/detalhes/165>. Acesso em 13 jan. 2022.
  2. MONTEIRO, Ana Raquel Conceição. Nutrição e Transtorno de Défice de Atenção/Hiperatividade no Adulto. 2018. 28 f. Trabalho Complementar (Licenciatura em Ciências da Nutrição) – Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando Pessoa, Porto, 2018. Disponível em: <https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/7365/1/TC_30998.pdf>. Acesso em 13 jan. 2022.
  3. GARCIA, Lígia Rejane Siqueira et al. Aspectos nutricionais no Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade em Crianças. Carpe Diem: Revista Cultural e Científica do UNIFACEX, v. 15, n. 1, 2017.
  4. VIUDES, Drielly Rodrigues; BRECAILO, Marcela Komechen. Nutrição no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Revista Funec Científica – Nutrição, v. 2, n. 3, p. 16-31, 2014, Santa Fé do Sul.
  5. LIMA, Wanessiane Silva Joaquim de et al. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 8, n. 8, 2022, São Paulo.
  6. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DÉFICIT DE ATENÇÃO. ABDA. Perguntas mais frequentes e suas respostas. Disponível em: <https://tdah.org.br/perguntas-mais-frequentes-e-suas-respostas/>. Acesso em 13 jan. 2022.

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